Palavra do leitor
- 08 de dezembro de 2006
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Tão natural... tão pentecostal
Por algum tempo freqüentei uma pequena igreja em minha cidade.
Era uma igreja que pertencia ao segmento dito ”tradicional”. Às vezes o pastor pedia que eu trouxesse uma Palavra no culto de oração que acontecia uma vez na semana.
Eu vinha de uma história pentecostal, e algumas crises e decepções me levaram a abrigar-me naquela igreja que me acolhia com tanto amor. Mas, por vezes, esse amor não era suficiente para evitar os “estranhamentos” decorrentes da diferença entre as duas maneiras de viver o mesmo Deus.
Num desses dias em que fui incumbida de levar a Palavra, pedi ao Senhor que me dissesse o que gostaria que eu falasse àqueles irmãos. E ele me falou em Lucas 24.36-43. Naquele momento do qual não me esqueço até hoje, senti o quanto vinha incomodando ao Senhor o fato de que algumas (muitas) pessoas permaneciam se relacionando com ele ignorando o fato de que ele é uma pessoa.
Em que pese o fato de que a passagem bíblica trata de uma experiência da “ressurreição”, é certo que grande parte dos cristãos ainda precisa ouvir do Senhor a frase: ”Eu não sou um fantasma!” Que na verdade ele foi obrigado a repetir em outras circunstâncias pré-crucificação. O que nos leva a crer que a necessidade da “explicação” de Jesus não estava presa ao episódio espantoso da ressurreição (embora antes anunciado), mas muito mais a um equívoco, uma “falha” na visão de Deus pelo homem. A impressão de que Deus não tem sentimentos, um “jeito”, uma maneira de ser. Um caráter.
Penso que o pecado de Adão está muito mais ligado ao fato de que ele e Eva acharem que “não fazia mal” (não fazia mal a quem?). ”Deus não vai se chatear, não tem nada de mais”. ”É grande, entende tudo”. -”E por falar nisso, aonde anda Ele, não está por aqui?”.
Quando se esconderam estavam muito mais preocupados com “as suas vergonhas” do que propriamente com a decepção do Pai. Imagino que o pecado original decorreu muito mais de um “ruído” neste relacionamento, que impedia Adão e Eva de ver a Deus como alguém que merece respeito, amor. Por esse prisma, o envio de Jesus é um ato extremo de Deus, um desespero pedagógico, de fazer com que o homem enfim entendesse que –”quem sabe agora assim se eu me fizer homem também”... –Deus é relacionável! Ou melhor, Deus é uma PESSOA! Ou melhor, ainda: Deus são três PESSOAS (a ênfase nas palavras Pessoa e Pessoas e não no numeral é prposital) Lembro-me de uma brincadeira que fazia com a minha filha bebê, estimulada pela minha mãe (psicóloga), que dizia que assim ela ia entender que eu não “desaparecia” quando saía de sua vista. Era a brincadeira do “Ú-Achoô!”. Creio que muitos fazem essa brincadeira com os bebês. Consiste em cobrir o rosto com as duas mãos ou esconder-se atrás de alguma coisa e perguntar: "Cadê a mamãe?” E logo depois descobrirmos o rosto ou revelarmo-nos dizendo: "Achooou!
Às vezes acho que Deus está brincado o tempo todo conosco de "Achooou!"
Mas, voltando ao texto de Lucas 24, ao que parece, os discípulos não estavam “ainda” familiarizados com a brincadeira logo após a ressurreição. E nem antes também, lá em Mc 6.49, lá vem eles com a história do fantasma.
A última parte do v. 41 do texto de Lucas, me impactou profundamente quando li: ”Tendes alguma coisa que comer?” O quê? Jesus com fome? Com necessidades? E depois de “morto”? Agora era eu, e não mais os discípulos quem se apavorava. Trêmula, só conseguia balbuciar a música dos Titãs: ”Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?”
Então, profundamente tocada, comecei a orar e a pedir-”De quê Paizinho, de quê o Senhor tem fome hoje? Perdoa-me... nunca pensei em suas necessidades, nunca te olhei nos olhos, nunca me preocupei com teus sonhos pra mim. Tudo quis e fiz do meu jeito e pronto. Eu te exclui.” E ali tive uma experiência profunda com Jesus, e ouvia o Senhor falar: “Não quero mais ser visto como um fantasma, Sou uma pessoa, estou aqui. Você não me vê , mas estou aqui. Como quase sempre acontece, percebi que aquela Palavra não era só para aquelas pessoas, muito mais, era pra mim. Quando levei a Palavra ao Grupo, observei que as pessoas me olhavam sem entender muito, franzindo o cenho, meio que estranhando a tal história de Jesus ser uma pessoa.
Outra parte dessa história veio recentemente, quando acordei com a seguinte frase cunhada na mente pelo Espírito Santo: “Ser Pentecostal, não é viver no sobrenatural, mas sim ter o privilégio de ter um relacionamento natural com a Pessoa do Espírito Santo de Deus”.
E daí a importância da experiência do batismo com o Espírito Santo de Deus, como porta aberta para essa experiência tão íntima com a Pessoa do Senhor.
As manifestações desse batismo já conhecemos largamente: línguas;manifestações corporais;cânticos espirituais,tudo isso são sinais.Revelações, profecias.Sinais. Mas o Senhor não quer que paremos, que fiquemos fixados nisso. Os sinais anunciam que o Senhor está presente. Mas Ele sempre está presente. Nessa certeza, creio, reside todo esforço do Pai. O batismo só serve para que rotineiramente e não mais eventualmente, possamos ter essa certeza. ”Ele sempre está presente”. “Tem mais alguém aqui”.
Por fim, leio encantada João 16.16: "Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me-eis”. E me delicio percebendo que se trata de um capítulo inteiro de “Achooou!”
Era uma igreja que pertencia ao segmento dito ”tradicional”. Às vezes o pastor pedia que eu trouxesse uma Palavra no culto de oração que acontecia uma vez na semana.
Eu vinha de uma história pentecostal, e algumas crises e decepções me levaram a abrigar-me naquela igreja que me acolhia com tanto amor. Mas, por vezes, esse amor não era suficiente para evitar os “estranhamentos” decorrentes da diferença entre as duas maneiras de viver o mesmo Deus.
Num desses dias em que fui incumbida de levar a Palavra, pedi ao Senhor que me dissesse o que gostaria que eu falasse àqueles irmãos. E ele me falou em Lucas 24.36-43. Naquele momento do qual não me esqueço até hoje, senti o quanto vinha incomodando ao Senhor o fato de que algumas (muitas) pessoas permaneciam se relacionando com ele ignorando o fato de que ele é uma pessoa.
Em que pese o fato de que a passagem bíblica trata de uma experiência da “ressurreição”, é certo que grande parte dos cristãos ainda precisa ouvir do Senhor a frase: ”Eu não sou um fantasma!” Que na verdade ele foi obrigado a repetir em outras circunstâncias pré-crucificação. O que nos leva a crer que a necessidade da “explicação” de Jesus não estava presa ao episódio espantoso da ressurreição (embora antes anunciado), mas muito mais a um equívoco, uma “falha” na visão de Deus pelo homem. A impressão de que Deus não tem sentimentos, um “jeito”, uma maneira de ser. Um caráter.
Penso que o pecado de Adão está muito mais ligado ao fato de que ele e Eva acharem que “não fazia mal” (não fazia mal a quem?). ”Deus não vai se chatear, não tem nada de mais”. ”É grande, entende tudo”. -”E por falar nisso, aonde anda Ele, não está por aqui?”.
Quando se esconderam estavam muito mais preocupados com “as suas vergonhas” do que propriamente com a decepção do Pai. Imagino que o pecado original decorreu muito mais de um “ruído” neste relacionamento, que impedia Adão e Eva de ver a Deus como alguém que merece respeito, amor. Por esse prisma, o envio de Jesus é um ato extremo de Deus, um desespero pedagógico, de fazer com que o homem enfim entendesse que –”quem sabe agora assim se eu me fizer homem também”... –Deus é relacionável! Ou melhor, Deus é uma PESSOA! Ou melhor, ainda: Deus são três PESSOAS (a ênfase nas palavras Pessoa e Pessoas e não no numeral é prposital) Lembro-me de uma brincadeira que fazia com a minha filha bebê, estimulada pela minha mãe (psicóloga), que dizia que assim ela ia entender que eu não “desaparecia” quando saía de sua vista. Era a brincadeira do “Ú-Achoô!”. Creio que muitos fazem essa brincadeira com os bebês. Consiste em cobrir o rosto com as duas mãos ou esconder-se atrás de alguma coisa e perguntar: "Cadê a mamãe?” E logo depois descobrirmos o rosto ou revelarmo-nos dizendo: "Achooou!
Às vezes acho que Deus está brincado o tempo todo conosco de "Achooou!"
Mas, voltando ao texto de Lucas 24, ao que parece, os discípulos não estavam “ainda” familiarizados com a brincadeira logo após a ressurreição. E nem antes também, lá em Mc 6.49, lá vem eles com a história do fantasma.
A última parte do v. 41 do texto de Lucas, me impactou profundamente quando li: ”Tendes alguma coisa que comer?” O quê? Jesus com fome? Com necessidades? E depois de “morto”? Agora era eu, e não mais os discípulos quem se apavorava. Trêmula, só conseguia balbuciar a música dos Titãs: ”Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?”
Então, profundamente tocada, comecei a orar e a pedir-”De quê Paizinho, de quê o Senhor tem fome hoje? Perdoa-me... nunca pensei em suas necessidades, nunca te olhei nos olhos, nunca me preocupei com teus sonhos pra mim. Tudo quis e fiz do meu jeito e pronto. Eu te exclui.” E ali tive uma experiência profunda com Jesus, e ouvia o Senhor falar: “Não quero mais ser visto como um fantasma, Sou uma pessoa, estou aqui. Você não me vê , mas estou aqui. Como quase sempre acontece, percebi que aquela Palavra não era só para aquelas pessoas, muito mais, era pra mim. Quando levei a Palavra ao Grupo, observei que as pessoas me olhavam sem entender muito, franzindo o cenho, meio que estranhando a tal história de Jesus ser uma pessoa.
Outra parte dessa história veio recentemente, quando acordei com a seguinte frase cunhada na mente pelo Espírito Santo: “Ser Pentecostal, não é viver no sobrenatural, mas sim ter o privilégio de ter um relacionamento natural com a Pessoa do Espírito Santo de Deus”.
E daí a importância da experiência do batismo com o Espírito Santo de Deus, como porta aberta para essa experiência tão íntima com a Pessoa do Senhor.
As manifestações desse batismo já conhecemos largamente: línguas;manifestações corporais;cânticos espirituais,tudo isso são sinais.Revelações, profecias.Sinais. Mas o Senhor não quer que paremos, que fiquemos fixados nisso. Os sinais anunciam que o Senhor está presente. Mas Ele sempre está presente. Nessa certeza, creio, reside todo esforço do Pai. O batismo só serve para que rotineiramente e não mais eventualmente, possamos ter essa certeza. ”Ele sempre está presente”. “Tem mais alguém aqui”.
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