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Palavra do leitor

Somos um corpo ou um arremedo de prostituição?

Partes de um Todo

''cadeiras, panos, água
encontros, decisões, respostas;

ao ir e vir,
nos degraus

:
testemunhas de uma história
que se move, doa, envolve;

enquanto isso,
a face escoa

:
o suor, a respiração pausada,
as descontrações do viver;

as partes se entregam
para o todo que

:

relaciona – se

:

na interdependência, na interação;

a comunhão vestida
na parceria do discipulado,
na participação do serviço...
no partilhar da confissão..


A vida cristã se compara como um organismo vivo. De regra, as várias narrativas efetuadas, seja por meio das prédicas ou de comentários, param na estação da expressão citada acima e enfatizada, principalmente, nas cartas paulinas.

Ouso pontuar a conotação de a igreja ser uma interação social de aprendizado e experiências recíprocas.

Eis aqui uma elucubração a ser estabelecida e serve de uma direção peculiar sobre a questão de a igreja ser o espaço para a inclusão de diferentes, ou seja, pessoas das mais diversas dimensões e situações históricas e sociais, culturais e espirituais.

Agora, ressalto um fenômeno pernicioso e maléfico infestados pelo desdobrar de comunidades ou espaços voltados a irradiar versões patológicas e convidativas de um evangelho mercantilista, munido de uma ética supérflua e afeito a tornar a cruz um lugar para permutas e conluios (numa espécie de cristianismo de arremedos prostituidos).

Tristemente, verifico uma literal prostituição das escrituras – sagradas, cada vez mais, retaliada, interpretada por pessoas sem escrúpulos, manipulada por interesses escusos e cínicos.

Não paro por aqui, deparamo – nos com uma versão toda singular de uma torre de babel evangélica, por onde Cristo parece um subproduto disponibilizado em cada esquina.

Ultimamente, prevalece a grandiloquência de um evangelho de ícones, autênticas caricaturas surreais, desprovidas de humanidade, de personalidade, de vulnerabilidade, de fragilidade, de identidade de ser imagem e semelhança de gente, de pessoa, de humano.

Basta atentar para o túnel obscuro de suas vidas, de suas realidades, de suas histórias.

Lamentavelmente, o sacrifício de Cristo parece ser, nada mais e nada menos, uma simbologia de retórica e, tão somente, presente como um mero enfeite. Vamos adiante, o relativismo se espraia virulentamente nos enredos das denominadas manifestações evangélicas.

Sem sombra de dúvida, percebe – se a propulsão de uma geração de evangélicos inclinados a manter uma temerária relação de vontades e percepções equivocadas das boas =- novas. Nessa trajetória, ninguém mais se ocupa com seu próximo.

Afinal de contas, Deus deu a vida, para cada um cuidar da sua. Verdadeiramente, sinto – me enfastiado, para não dizer ‘’nua e cruamente’’ – cansado dessa cacofonia de que todas as alternativas com a alcunha do Messias, quiçá, não garanta a eternidade; entretanto, nos proporciona um bocado de satisfações, aqui nesse caótico e desesperançado.

Para piorar o contexto, acostumamo – nos com as miríades de ajuntamentos, de uma confluência de massas atomizadas ou de andarilhos, sempre em busca da melhor alternativa.

Cumpre salientar, o maior dos mandamentos açambarca no seu bojo a tolerância, o serviço e o discipulado. Por sua vez, essas palavras soam como algo retrógrado, idílico, ideia de alienados e malucos.

Ora, para que decidir por uma via cristã pautada na participação do serviço integral (aqui implica o dever da igreja no que toca a influenciar e impactar o mundo ao seu redor), no partilhar da confissão (adentramos no compromisso e no comprometimento por não submeter o próximo a inquisições eclesiásticas e públicas) e na parceira do discipulado (os vínculos das relações interpessoais interativas, pelo qual formamos o companheirismo em intensidade, solidariedade, irmandade e profundidade).

Acredito, piamente, nessa veia utópica, de eu e você sermos igreja ao lado e com pessoas.

Aliás, vale notar, não diria, graças a Deus, perfeitas, mas sim abertas e franqueadas a serem banhadas com a fé lúdica que não repudia o etlhos e muito menos as emoções.

Então, novamente indagado se, efetivamente, somos um corpo, um amontoado de retalhos, de adeptos de uma crença adquirida nos comércios da fé assaz e vergastadamente espalhados por ai.

No escoar de mais de dois mil anos, podemos asserçar e asseverar sermos partes de composição de um corpo ou não?
São Paulo - SP
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