Palavra do leitor
- 12 de dezembro de 2017
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Sobre Quentin Tarantino e a Bíblia
- Impressões a partir de uma leitura devocional no livro de Juízes.
A impressão que se tem ao ler o Livro de Juízes é a de que estamos diante de uma obra de Quentin Tarantino. O premiado cineasta é reconhecido pela composição de roteiros (narrativas) não-lineares, diálogos memoráveis e o uso de violência. Precisamente estas são as similaridades entre o livro de Juízes e a obra ficcional deste ícone do cinema. Com a importante ressalva de que a obra sacra supera a cinematográfica, em todos estes quesitos.
A narrativa de Juízes choca o leitor contemporâneo, por sua construção randômica , e por seu realismo brutal. Assassinatos, traições, sacrifícios humanos, e guerras sangrentas, lutas fratricidas, no seio das tribos, a busca desenfreada por poder, riqueza e prazer, são algumas das motivações mais chocantes e vis que os personagens ali descritos, (e por que não dizer por nós ali representados), são capazes de expressar. O realismo como o livro apresenta a natureza humana corrompida pelo pecado, e a percepção de uma espiritualidade popular de ordem sincrética, diversa dos elevados princípios da aliança mosaica, fazem com que as abordagens cosméticas e românticas da espiritualidade bíblica, sejam prontamente repelidas para a vala comum dos discursos vazios e politicamente corretos.
Aprendemos com a leitura deste livro inspirado que Deus se revela nas realidades mais duras, cruéis e difíceis da existência humana, se valendo de personagens contraditórias e até mesmo anti-heroicas para a realização dos atos mais gloriosos, de fidelidade e bondade. Apesar dos recorrentes atos de rebeldia, Deus perseverantemente intervinha na história levantando libertadores, para trazer as vitórias necessárias para o povo e se valendo da disciplina aplicada para preservar a aliança. Creio que este é o caráter chocante da graça de Deus apresentado neste livro. A graça é o favor imerecido de Deus. E o livro de Juízes está aí para demonstrar que este favor é imerecido mesmo!
O livro evoca no leitor, imagens e conceitos de ordem social, política e espiritual. Podemos falar de uma "anomia" nos moldes do conceito do sociólogo Émile Durkheim que define o termo como uma condição em que as normas sociais e morais são confundidas, pouco esclarecidas ou simplesmente ausentes. Também podemos falar sobre um "contrato social" nos moldes preconizados por um estado Hobesiano, pois em juízes o "homem é o lobo do homem" e a selvageria e a desordem são apresentadas como o contraponto da posterior ordem monárquica, o que se depreende da afirmação recorrente do autor de que "Naqueles dias, não havia rei em Israel".
Levanta-se portanto o Estado teocrático de Israel, como um ente-necessário para superação do caos social, desordem espiritual e perversão moral da nação. A monarquia judaica, mesmo nos seus dias de menor prestígio, foi superior, ao período relatado no livro de Juízes. Em perspectiva histórico-redentiva a monarquia era uma etapa necessária na revelação progressiva de Deus, cujo o ápice é a própria revelação de Cristo, o messias-rei procedente da tribo de Judá e da linhagem de Davi, o rei de Israel e Senhor soberano de todos os povos. Deus soberanamente conduz a história, apesar do aparente caos expresso no modo de vida dissoluto do povo.
Se alguém quiser uma recomendação minha sobre uma descrição realista da natureza humana, eu recomendaria a leitura do livro de Juízes. Agora se alguém quiser saber qual diretor eu indicaria para uma adaptação cinematográfica desta obra inspirada, sem dúvida alguma eu indicaria o Tarantino.
Pastor Manoel Delgado Jr.
Versão ampliada em: https://verticais.blogspot.com.br/2017/12/sobre-quentin-tarantino-e-biblia.html
A impressão que se tem ao ler o Livro de Juízes é a de que estamos diante de uma obra de Quentin Tarantino. O premiado cineasta é reconhecido pela composição de roteiros (narrativas) não-lineares, diálogos memoráveis e o uso de violência. Precisamente estas são as similaridades entre o livro de Juízes e a obra ficcional deste ícone do cinema. Com a importante ressalva de que a obra sacra supera a cinematográfica, em todos estes quesitos.
A narrativa de Juízes choca o leitor contemporâneo, por sua construção randômica , e por seu realismo brutal. Assassinatos, traições, sacrifícios humanos, e guerras sangrentas, lutas fratricidas, no seio das tribos, a busca desenfreada por poder, riqueza e prazer, são algumas das motivações mais chocantes e vis que os personagens ali descritos, (e por que não dizer por nós ali representados), são capazes de expressar. O realismo como o livro apresenta a natureza humana corrompida pelo pecado, e a percepção de uma espiritualidade popular de ordem sincrética, diversa dos elevados princípios da aliança mosaica, fazem com que as abordagens cosméticas e românticas da espiritualidade bíblica, sejam prontamente repelidas para a vala comum dos discursos vazios e politicamente corretos.
Aprendemos com a leitura deste livro inspirado que Deus se revela nas realidades mais duras, cruéis e difíceis da existência humana, se valendo de personagens contraditórias e até mesmo anti-heroicas para a realização dos atos mais gloriosos, de fidelidade e bondade. Apesar dos recorrentes atos de rebeldia, Deus perseverantemente intervinha na história levantando libertadores, para trazer as vitórias necessárias para o povo e se valendo da disciplina aplicada para preservar a aliança. Creio que este é o caráter chocante da graça de Deus apresentado neste livro. A graça é o favor imerecido de Deus. E o livro de Juízes está aí para demonstrar que este favor é imerecido mesmo!
O livro evoca no leitor, imagens e conceitos de ordem social, política e espiritual. Podemos falar de uma "anomia" nos moldes do conceito do sociólogo Émile Durkheim que define o termo como uma condição em que as normas sociais e morais são confundidas, pouco esclarecidas ou simplesmente ausentes. Também podemos falar sobre um "contrato social" nos moldes preconizados por um estado Hobesiano, pois em juízes o "homem é o lobo do homem" e a selvageria e a desordem são apresentadas como o contraponto da posterior ordem monárquica, o que se depreende da afirmação recorrente do autor de que "Naqueles dias, não havia rei em Israel".
Levanta-se portanto o Estado teocrático de Israel, como um ente-necessário para superação do caos social, desordem espiritual e perversão moral da nação. A monarquia judaica, mesmo nos seus dias de menor prestígio, foi superior, ao período relatado no livro de Juízes. Em perspectiva histórico-redentiva a monarquia era uma etapa necessária na revelação progressiva de Deus, cujo o ápice é a própria revelação de Cristo, o messias-rei procedente da tribo de Judá e da linhagem de Davi, o rei de Israel e Senhor soberano de todos os povos. Deus soberanamente conduz a história, apesar do aparente caos expresso no modo de vida dissoluto do povo.
Se alguém quiser uma recomendação minha sobre uma descrição realista da natureza humana, eu recomendaria a leitura do livro de Juízes. Agora se alguém quiser saber qual diretor eu indicaria para uma adaptação cinematográfica desta obra inspirada, sem dúvida alguma eu indicaria o Tarantino.
Pastor Manoel Delgado Jr.
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