Palavra do leitor
- 06 de março de 2011
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Sobre o cânon bíblico
O cânon das Escrituras compõe todos os 66 livros aceitos como inspirados por Deus. O cânon protestante do AT é o mesmo cânon hebraico, embora com divisão e ordem de livros diferentes. O cânon católico, que possui livros a mais, foi compilado no século III, originado da Vulgata latina.
Segundo Grudem (1999), em sua Teologia Sistemática, a coleção mais antiga das palavras de Deus eram os Dez Mandamentos. Essa coleção constitui o início do cânon bíblico. Aos poucos, a palavra do Senhor foi sendo registrada por outras pessoas que tinham autoridade, como Josué e os profetas. O conteúdo do cânon continuou aumentando até que em meados de 435 a.C. o Espírito Santo cessou em falar, sendo Malaquias o último profeta. O livro de Malaquias foi escrito quase na mesma época que os livros de Esdras, Neemias e Ester. Embora haja outros livros com histórias sobre os judeus, nenhum destes outros escritos reivindica para si a autoridade daqueles que constituem o cânon hebraico. Inclusive o livro de Macabeus, escrito por volta de 100 a.C., relata um trecho em que o povo judeu esperava um profeta que pudesse falar com autoridade divina, o que leva a crer que não havia mais profetas em meio aos judeus, portanto, já não mais existia a Palavra do Senhor. Outras declarações sobre a espera de um profeta também são registrados em Baruc e na oração de Azarias, relatados em livros apócrifos. Por isso, os judeus consideravam desde aquela época somente como livros canônicos, inspirados por Deus, os escritos até meados de 435 a.C., tendo como último profeta Malaquias. É também importante dizer que Jesus Cristo nunca discordou do cânon hebraico e fez centenas de citações do AT. Contudo, Jesus nunca citou nada que estivesse relatado em outros livros fora do cânon judaico, ou seja, Ele rejeitou os apócrifos.
Anglada (1998) diz que o cânon católico foi escrito com auxílio da Septuaginta, que foi a tradução dos livros judaicos para o grego por volta de I a.C., para incluir a história dos judeus na biblioteca de Alexandria, no Egito. Os tradutores que escreveram a Septuaginta não se importavam em traduzir os livros canônicos, mas todos os livros sobre a história dos judeus. Os reformadores puderam redescobrir as doutrinas básicas do evangelho ao se depararem com o verdadeiro cânon hebraico do AT.
Há também a questão de que Jerônimo, que traduziu a Bíblia para a igreja Católica (Vulgata Latina), deixou claro que os livros apócrifos, que hoje estão no AT da bíblia católica, não faziam parte do cânon hebraico e serviam apenas para serem “livros de igreja”, proveitosos para os cristãos. Somente em 1546, a Igreja Católica, no Concílio de Trento, afirmou que os livros apócrifos eram a Palavra de Deus, mas isto ocorreu como uma resposta à Reforma Protestante, pois nos livros apócrifos os católicos encontram respaldo para suas doutrinas de salvação pelas obras e oração pelos mortos.
Os escritos do NT só foram considerados Escrituras Sagradas porque os apóstolos tinham tanta autoridade divina quanto os profetas do AT. Jesus Cristo falou aos seus discípulos que “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo.14:26). Deus capacitou os apóstolos para receberem as Palavras de Deus através de seu Espírito. Contudo, a igreja primitiva também reconhecia como Escritura os livros de Lucas e Atos (cujo autor é o próprio Lucas) porque Lucas tinha aproximação grande com o apóstolo Paulo, e Paulo, em 1Tm. 5:17-18 faz menção de uma passagem de Lucas 10:7, citando a expressão “o trabalhador é digno de seu salário” como sendo Escritura Sagrada (frase relatada somente por Lucas, e não pelo AT). A igreja primitiva também aceitou a carta de Judas por ser irmão de Jesus e ter relações com Tiago. O evangelho de Marcos também foi considerado inspirado por causa da aproximação de Marcos com Pedro e a carta aos Hebreus foi aceita por causa do seu conteúdo.
Além dos livros e cartas do NT serem registrados por apóstolos e discípulos de Jesus, o conteúdo de todos os escritos foram analisados para poderem entrar no cânon. Além disso, temos que entender que o Espírito Santo concedeu capacidade para a igreja primitiva aceitar os livros inspirados por Deus através de diversos fatores: a autoridade apostólica, a coerência com as Sagradas Escrituras (AT) e a própria percepção do Espírito Santo que levou toda a igreja a entender como divinas as Palavras registradas (mesmo critério que levou os judeus a aceitarem os livros do AT como inspirados por Deus).
Referências: ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras. 1ª ed. São Paulo: Os Puritanos, 1998.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.
Segundo Grudem (1999), em sua Teologia Sistemática, a coleção mais antiga das palavras de Deus eram os Dez Mandamentos. Essa coleção constitui o início do cânon bíblico. Aos poucos, a palavra do Senhor foi sendo registrada por outras pessoas que tinham autoridade, como Josué e os profetas. O conteúdo do cânon continuou aumentando até que em meados de 435 a.C. o Espírito Santo cessou em falar, sendo Malaquias o último profeta. O livro de Malaquias foi escrito quase na mesma época que os livros de Esdras, Neemias e Ester. Embora haja outros livros com histórias sobre os judeus, nenhum destes outros escritos reivindica para si a autoridade daqueles que constituem o cânon hebraico. Inclusive o livro de Macabeus, escrito por volta de 100 a.C., relata um trecho em que o povo judeu esperava um profeta que pudesse falar com autoridade divina, o que leva a crer que não havia mais profetas em meio aos judeus, portanto, já não mais existia a Palavra do Senhor. Outras declarações sobre a espera de um profeta também são registrados em Baruc e na oração de Azarias, relatados em livros apócrifos. Por isso, os judeus consideravam desde aquela época somente como livros canônicos, inspirados por Deus, os escritos até meados de 435 a.C., tendo como último profeta Malaquias. É também importante dizer que Jesus Cristo nunca discordou do cânon hebraico e fez centenas de citações do AT. Contudo, Jesus nunca citou nada que estivesse relatado em outros livros fora do cânon judaico, ou seja, Ele rejeitou os apócrifos.
Anglada (1998) diz que o cânon católico foi escrito com auxílio da Septuaginta, que foi a tradução dos livros judaicos para o grego por volta de I a.C., para incluir a história dos judeus na biblioteca de Alexandria, no Egito. Os tradutores que escreveram a Septuaginta não se importavam em traduzir os livros canônicos, mas todos os livros sobre a história dos judeus. Os reformadores puderam redescobrir as doutrinas básicas do evangelho ao se depararem com o verdadeiro cânon hebraico do AT.
Há também a questão de que Jerônimo, que traduziu a Bíblia para a igreja Católica (Vulgata Latina), deixou claro que os livros apócrifos, que hoje estão no AT da bíblia católica, não faziam parte do cânon hebraico e serviam apenas para serem “livros de igreja”, proveitosos para os cristãos. Somente em 1546, a Igreja Católica, no Concílio de Trento, afirmou que os livros apócrifos eram a Palavra de Deus, mas isto ocorreu como uma resposta à Reforma Protestante, pois nos livros apócrifos os católicos encontram respaldo para suas doutrinas de salvação pelas obras e oração pelos mortos.
Os escritos do NT só foram considerados Escrituras Sagradas porque os apóstolos tinham tanta autoridade divina quanto os profetas do AT. Jesus Cristo falou aos seus discípulos que “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo.14:26). Deus capacitou os apóstolos para receberem as Palavras de Deus através de seu Espírito. Contudo, a igreja primitiva também reconhecia como Escritura os livros de Lucas e Atos (cujo autor é o próprio Lucas) porque Lucas tinha aproximação grande com o apóstolo Paulo, e Paulo, em 1Tm. 5:17-18 faz menção de uma passagem de Lucas 10:7, citando a expressão “o trabalhador é digno de seu salário” como sendo Escritura Sagrada (frase relatada somente por Lucas, e não pelo AT). A igreja primitiva também aceitou a carta de Judas por ser irmão de Jesus e ter relações com Tiago. O evangelho de Marcos também foi considerado inspirado por causa da aproximação de Marcos com Pedro e a carta aos Hebreus foi aceita por causa do seu conteúdo.
Além dos livros e cartas do NT serem registrados por apóstolos e discípulos de Jesus, o conteúdo de todos os escritos foram analisados para poderem entrar no cânon. Além disso, temos que entender que o Espírito Santo concedeu capacidade para a igreja primitiva aceitar os livros inspirados por Deus através de diversos fatores: a autoridade apostólica, a coerência com as Sagradas Escrituras (AT) e a própria percepção do Espírito Santo que levou toda a igreja a entender como divinas as Palavras registradas (mesmo critério que levou os judeus a aceitarem os livros do AT como inspirados por Deus).
Referências: ANGLADA, Paulo. Sola Scriptura: a doutrina reformada das Escrituras. 1ª ed. São Paulo: Os Puritanos, 1998.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999.
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