Palavra do leitor
- 11 de novembro de 2009
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Só Jesus é suficiente?
Uma missionária, seu marido, a impossibilidade de gerar filhos, um campo hostil ao Evangelho; a barreira cultural, comum nestes casos: idioma, crenças conflitantes, costumes estranhos, e até a estratificação social; em meio a isso tudo o labor para manter acesa a alegria missionária, que temia extinguir-se. Ela se pergunta:
Só Jesus é suficiente? O que vemos é tão distante daquilo que sonhamos! (sonhos missionários sempre são grandiosos, o mundo inteiro pra Jesus, com Jesus!) a começar pelo meu campo, a meta sempre é o mundo! Mas não chegamos nem perto desse sonho; dias há nos quais sequer sonhamos ou oramos pelo sonho, a enormidade da seara, a lida constante; dias há nos quais descobrimos que fazemos tudo na "obra" de Deus, exceto a Obra de Deus: pregar as boas notícias da cruz; tarefas cotidianas se amontoam...
O vigor físico extingue-se diante das adversidades, aqui na Missão Vida cuidamos de homens sem esperança alguma, já sem vida própria, roubada pelo vício da mendicância, homens sem expectativa; pessoas que já não creem nem confiam em coisa alguma, embrutecidas, sem amor; gente sem nada e que os outros, muitos outros tratam como gente de nada.
Então pode parecer que após lavá-los, vesti-los, alimentá-los, cuidar-lhes as feridas frequentes, quase sempre purulentas... Basta apresentar-lhes o amor do Senhor Jesus e teremos crentes novos instantâneos! Não, isso não é real, posso até encontrar algum grato, e será raro encontrar um, mas a gratidão não produz crentes, nem roupa e comida e banho traduz-se por vida nova.
Embora seja esta a minha esperança e motivação, que ao pregar o Evangelho e fazer o apelo, eles, os internos se apresentem no altar, deixando as coisas que para trás ficam (amo essa expressão!)
Significativas e visíveis mudanças ocorrem após um interno levantar a mão, mas o penoso trajeto está por vir; agora ele é um crente em Jesus por decisão própria, e um homem de muitos e péssimos hábitos por tabela.
Só estamos começando! Um caminho sujeito à desesperança, crises, legítimas crises existenciais e uma angustiante busca de identidade: “Não sou mais um mendigo, nem ladrão, mentiroso, drogado, alcoólatra, pelo menos em tese não sou mais; só que nem chego perto daquilo que a Bíblia chama de crente.” Dias e semanas assim, é de desfalecer!
Nessa balada depressiva é que nos assalta a mesma pergunta que por uns momentos perturbou missionária: “Será que só Jesus é suficiente?” E não adianta as respostas de plantão: “E a fé como é que fica?” Ouvir isso é de cortar os pulsos! Lidamos com “homens que não creem nem confiam em coisa alguma” Levantar a mão e ir à frente significa na esmagadora maioria das vezes que aquele homem que não crê nem confia em coisa alguma, vai tentar novamente crer e confiar em alguma coisa, sem acreditar muito.
Há problemas que de tão grandes afetam-me, sucumbo por osmose (!). Necessitar de ajuda extraordinária não é ausência de fé; nosso método diário aqui na Missão Vida é oração e trabalho. A Bíblia, o regulamento, muitos anos fazendo a mesma coisa, adicione aí algum conhecimento teológico e, é isso que fazemos, pastoreamos vidas; somos uma instituição filantrópica e evangélica, dependemos do Espírito até para o trivial; por ajuda extraordinária entenda-se o apoio de voluntários, pastores, psicólogos, psiquiatras que esporadicamente prestam valorosos serviços em favor desses homens.
O que me prostra é a minha própria fé combalida, fé exausta, fé sem gás, sem forças nem pra mim.
Beiro o risco de cair na tentação neopentecostal de querer acrescentar “algo novo” (tipo a psicologia barata vendida na TV) a fim de turbinar a mensagem, tornar o Evangelho atrativo:
Quase omito: “no mundo tereis aflições.” Quase omito as agruras do caminho estreito, quase omito o peso esmagador da cruz diária, quase omito a falta que o prazer faz, e até quase omito Hebreus 12: 4 – 13; vich! Quase conto outra história, só pra ver se a luz do alto entra, mesmo que por outro caminho na mente desses homens que não creem nem confiam em coisa alguma e desça aos seus corações.
Mas, o Senhor, logo ao lado, intimamente me faz lembrar que não é assim que as coisas funcionam, não. Semear é assunto meu, fazer crescer e florescer e frutificar e fornecer sombra é assunto d’Ele; difícil é aquietar-me, descansar olhando pra eles como quem admira um canteiro cheio de promessas, belas e fascinantes promessas de vidas novas, homens novos, humanos um pouco mais semelhantes ao Senhor que andou pelas poeirentas estradas palestinas encontrando vidas, restaurando vidas as mais variadas, com os mais variados problemas, e continua a fazer a mesma coisa nos nossos dias, ao nosso lado e com a mesma competência de antes.
A graça do Senhor nos basta!
Suficiente graça!
Suficiente Salvador!
Jesus suficiente!
(Ex-interno do centro de recuperação de mendigos – Missão Vida)
www.mvida.org.br conheça-nos!
www.sola-scriptura.com O prazer da leitura bíblica.
Só Jesus é suficiente? O que vemos é tão distante daquilo que sonhamos! (sonhos missionários sempre são grandiosos, o mundo inteiro pra Jesus, com Jesus!) a começar pelo meu campo, a meta sempre é o mundo! Mas não chegamos nem perto desse sonho; dias há nos quais sequer sonhamos ou oramos pelo sonho, a enormidade da seara, a lida constante; dias há nos quais descobrimos que fazemos tudo na "obra" de Deus, exceto a Obra de Deus: pregar as boas notícias da cruz; tarefas cotidianas se amontoam...
O vigor físico extingue-se diante das adversidades, aqui na Missão Vida cuidamos de homens sem esperança alguma, já sem vida própria, roubada pelo vício da mendicância, homens sem expectativa; pessoas que já não creem nem confiam em coisa alguma, embrutecidas, sem amor; gente sem nada e que os outros, muitos outros tratam como gente de nada.
Então pode parecer que após lavá-los, vesti-los, alimentá-los, cuidar-lhes as feridas frequentes, quase sempre purulentas... Basta apresentar-lhes o amor do Senhor Jesus e teremos crentes novos instantâneos! Não, isso não é real, posso até encontrar algum grato, e será raro encontrar um, mas a gratidão não produz crentes, nem roupa e comida e banho traduz-se por vida nova.
Embora seja esta a minha esperança e motivação, que ao pregar o Evangelho e fazer o apelo, eles, os internos se apresentem no altar, deixando as coisas que para trás ficam (amo essa expressão!)
Significativas e visíveis mudanças ocorrem após um interno levantar a mão, mas o penoso trajeto está por vir; agora ele é um crente em Jesus por decisão própria, e um homem de muitos e péssimos hábitos por tabela.
Só estamos começando! Um caminho sujeito à desesperança, crises, legítimas crises existenciais e uma angustiante busca de identidade: “Não sou mais um mendigo, nem ladrão, mentiroso, drogado, alcoólatra, pelo menos em tese não sou mais; só que nem chego perto daquilo que a Bíblia chama de crente.” Dias e semanas assim, é de desfalecer!
Nessa balada depressiva é que nos assalta a mesma pergunta que por uns momentos perturbou missionária: “Será que só Jesus é suficiente?” E não adianta as respostas de plantão: “E a fé como é que fica?” Ouvir isso é de cortar os pulsos! Lidamos com “homens que não creem nem confiam em coisa alguma” Levantar a mão e ir à frente significa na esmagadora maioria das vezes que aquele homem que não crê nem confia em coisa alguma, vai tentar novamente crer e confiar em alguma coisa, sem acreditar muito.
Há problemas que de tão grandes afetam-me, sucumbo por osmose (!). Necessitar de ajuda extraordinária não é ausência de fé; nosso método diário aqui na Missão Vida é oração e trabalho. A Bíblia, o regulamento, muitos anos fazendo a mesma coisa, adicione aí algum conhecimento teológico e, é isso que fazemos, pastoreamos vidas; somos uma instituição filantrópica e evangélica, dependemos do Espírito até para o trivial; por ajuda extraordinária entenda-se o apoio de voluntários, pastores, psicólogos, psiquiatras que esporadicamente prestam valorosos serviços em favor desses homens.
O que me prostra é a minha própria fé combalida, fé exausta, fé sem gás, sem forças nem pra mim.
Beiro o risco de cair na tentação neopentecostal de querer acrescentar “algo novo” (tipo a psicologia barata vendida na TV) a fim de turbinar a mensagem, tornar o Evangelho atrativo:
Quase omito: “no mundo tereis aflições.” Quase omito as agruras do caminho estreito, quase omito o peso esmagador da cruz diária, quase omito a falta que o prazer faz, e até quase omito Hebreus 12: 4 – 13; vich! Quase conto outra história, só pra ver se a luz do alto entra, mesmo que por outro caminho na mente desses homens que não creem nem confiam em coisa alguma e desça aos seus corações.
Mas, o Senhor, logo ao lado, intimamente me faz lembrar que não é assim que as coisas funcionam, não. Semear é assunto meu, fazer crescer e florescer e frutificar e fornecer sombra é assunto d’Ele; difícil é aquietar-me, descansar olhando pra eles como quem admira um canteiro cheio de promessas, belas e fascinantes promessas de vidas novas, homens novos, humanos um pouco mais semelhantes ao Senhor que andou pelas poeirentas estradas palestinas encontrando vidas, restaurando vidas as mais variadas, com os mais variados problemas, e continua a fazer a mesma coisa nos nossos dias, ao nosso lado e com a mesma competência de antes.
A graça do Senhor nos basta!
Suficiente graça!
Suficiente Salvador!
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