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Palavra do leitor

Simplesmente, mãe (um singelo texto sobre ser mãe)

Mãe

''Ser mãe pode ser visto e exemplificado, através da ilustração de uma flor, pelo qual sua aparente fragilidade consegue suportar a incidência do calor, o ímpeto dos ventos, as gotas cortantes da garoa e a vultuosidade da chuva e, mesmo assim, suas pétalas exalam e retratam a vida. Aliás, as mesmas pétalas, nascente de inspiração para poetas e romances, quando murchas, caem no solo e, como num ciclo vital, preparam o espertar para a vida. Enfim, ser mãe é isso, o sorriso, as lágrimas, a fibra e um doce recomeçar. ''

Mãe. Poderia escolher outra palavra, ao qual pudesse substituir? Acredito, a própria interrogação evita tal intenção. Então, quais argumentos, palavras, colocações e sei lá mais o que sobre ser mãe, a mãe e, simplesmente, mãe. Quão interessante, devo dizer, esse universo, muito embora dotado com suas peculiaridades e diversidades, transcende as fronteiras dos credos, das raças, das etnias, das histórias, das condições sociais, culturais e econômicas. É bem verdade, mãe quer mãe tem um olhar pra lá de perceptível, conhece – nos bem e, talvez, por isso, se sinta no dever de estender sua responsabilidade, mesmo quando a prole bata asas. Negar seria uma tolice, mãe tem uma (s) manias tipicamente de mãe. Dentre tais, curtir os bons e desalentadores momentos da vida, conosco. Suas frases ainda ecoam, agora, com os instrumentos das chamadas tecnologias da pós – modernidade.

A hora do banho, da lição de casa, da participação na escola, do vem comer e outras partes do repertório de, simplesmente, ser mãe prosseguem e prosseguirão. As vezes batemos o pé, achamo – la chata, uma intrusa e não convidada no nosso universo de descobertas e revelações. Mesmo assim, mãe é mãe, como o abraço agraciador, diante das nossas derrotas, e, estranhamente, nos faz ressurgir e olhar para a vida com docilidade, ternura, inocência e uma vontade de permanecer nos seios da dependência. Mas, sabemos que chega o momento de, aquelas pétalas murchas, serem figuras próprias e responsáveis. Lá se encontra a mãe, as gotas de parte de sua vida escoam pelas ladeiras da face e o encontro com a maquiagem exige o discreto e providencial retoque. Seja na formatura, nas conquistas, na partida, nas rupturas, nas perdas e falências, na solidão, nas filas, no mais impetuoso dos aplausos, na defesas ferrenhas de sua prole, no – ‘’com quem você pensa que está falando’’.

Afinal de contas, mãe tem uma porção de Maria, porque confirma a vida, através do ventre; tem um ritmo e melodia de musicalidade, como Miriam e seu tamborim; tem mãos de bravura, como Débora; tem um olhar de esperança e recomeço, como Rute e por ai vai e, enfim, mães de todos os dias, os tempos, as faces e realidades. Arrisco dizer, ser esse um dos motivos pelos quais a palavra fé, no seu radical etimológico, signifique ‘’útero’’ e, vou além, a expressão destacada envolve não somente a concepção do útero voltado a procriar, mas sim o útero da escolha, a cada dia, em meio as tensões e as diferenças, pela vida e pelo próximo.
São Paulo - SP
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