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Palavra do leitor

Simplesmente: amai-vos uns aos outros!

Simplesmente: Amai-vos uns aos outros!

"ser igreja envolve olhar para o espelho e não conceber o próximo em fissuras!"...

As 09:30 minutos, sentei-me na cadeira e decidi tracejar idéias, crenças e valores configurados em palavras. Desde a primeiríssima palavra, enveredei-me por uma sucinta, singela e, quem sabe, simples elucubração sobre o amor. Para tanto, sem qualquer pieguice ou heresia, veio-me à tona a outrora música interpretada por Renato Russo, cuja tônica pode ser resumida no seguinte trecho - "é preciso amar, como se não houvesse amanhã!"...

Por alguns instantes, pontuei e debruçado nessa assertiva, não pude fugir de uma peremptória e contundente conclusão. Ou seja, todas as manifestações pertinentes aos dogmas, as doutrinas, as ortodoxas, as exegeses, as propostas hermenêuticas, ao ethos, a ética e outros apanágios cristãos convergem no convite a efeito de irmos em direção ao amor. É bem verdade, essa palavra pode ser cotejada como encontrar uma agulha no palheiro. Afinal de contas, nada mais contraditório. Nada menos sujeito a controvérsias. Nada mais e menos representa um palco de irascíveis e viscerais contradições.

Basa vasculharmos o guarda-roupa da história da humanidade e averiguaremos uma séria concomitante de episódios a léguas de distância de serem considerados como atos de amor. Neste itinerário de tantos feixes de discussões e ponderações, perpassamos pelo divã de Freud, pela maiuêtica de Sócrates, pelo mundo das idéias de Platão, pelos romancistas, pelo existencialismo de Sartre, pela correlação ontológica de Paul Tillich, pelo altruísmo de Madre Teresa de Calcuta, além de outras articulações de quilate e lápidar sobre o amor. Ultimamente parece termos aceitado uma ética hedonista, uma lógica estóica resignativa, um estilo de vida utilitário. Nas constatações feitas acima, arrisco uma conjugação pautada na centelha, na labareda e na incandescência do sentido dos ensinamentos preconizados por Jesus. A grosso modo, amaras ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento; este é o primeiro e grande mandamento; e o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22. 37 a 39).

Mormente estejamos infestados e infectados pelo vírus de um evangelho pauperizado, atrelado a uma fé de escambos (Deus faz e eu aplaudo); subjugado a uma versão de ajuntamento de pessoas, ao invés de discípulos, de testemunhas e servos em um perene processo de cooptação, de parceria, de partilha, de solidariedade, de fraternidade e de tolerância. Enfim, um estado de convivência de pessoas emocionalmente curadas, espiritualmente libertas e de uma humanidade voltada a participar e contribuir em benefício da vida.

Eis aqui, neste ponto em discussão, o etimo ou a raiz do amor narrado por Cristo e em todo o confluir do evangelho. Sem titubear, ouço uma fartura de partídários, de militantes e de pelejadores compromissados e comprometidos em soerguer um cristianismo alinhado a uma teologia genuína, a uma adoração profética, a uma exposição coerente da palavra de Deus, a uma inclinação por uma ética plasmadora de cristãos sérios e sinceros. Acredito, todas as reivindicações são pertinetnes; agora, torna-se imprescíndivel irmos ao bojo da Graça, Cristo Jesus, ao Deus-ser humano 'Jesus Cristo'. Evidentemente, tão somente, através de Jesus Cristo, alcançaremos a decisão a fim de participarmos em prol da vida humana, social, ambiental, comunitária, coletiva e, portanto, promover o espraiar da vida espiritual em todas as capilaridades do ser humano. Deveras, o amor, apoiado e sublinhado por Cristo, patenteia memórias e lembranças livres dos ardis da culpa e condenação acarretada pela religiosidade, de uma relação de sempre dever algo ao Criador, de uma necessidade de ser provar e provado.
Ora, vou mais adiante e arguo:
- Quem ama, decide pelo amor, em Cristo Jesus, e trabalha por ele se enerva; ou enfrenta momento de querer capitular ou abandonar a fé; ou partir para uma existência de aparências e sem sabor? Por mais que muitos relutem, o sim representa a única resposta. Parto desse porto e foco a anatomia desse amor, chamado Cristo, com o pigmento de eros, de philia e ágape, em um vital processo de interdependência. Não obstante, tenhamos uma visão equivocada de eros, principalmente, pelas colocações externadas por Freud, em decorrência de restringi-lo ao âmbito da sexualidade, devemos compreendê-lo como ato de intensidade que nos conduz ao próximo. Na sequência, adentra em cena, diga-se de passagem, de maõs dadas com eros, philia e a relevância da irmandade, da fraternidade, da solidariedade e do companheirismo. Destarte, na terceira vertente, atentamos para agape, para o manifestar da profundidade e do recomeçar. Em rápidas palavras, eros têm o quê evangelístico, philia o discipulador e ágape o de servir, ouvir e tolerar. Ademais, possamos aceitar o toque afável e portentoso de Cristo e, diante disto, experimentamos a Graça vivaz.
São Paulo - SP
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