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Palavra do leitor

Ser e fazer discípulos. Da prática à teoria

A maioria dos processos de aprendizagem segue um mesmo padrão de processamento: o aluno deve aprender a teoria antes de exercitá-la. Somente após uma grande carga de conhecimento teórico, o aprendiz tem a oportunidade de praticar aquilo que aprendeu.

Entretanto, algumas exceções acontecem. Uma delas é o processo de formação de discípulos inaugurado por Jesus. Após chamar seus discípulos (Mt 4:18-22 - NVI), Ele iniciou seu ministério, passando "por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças entre o povo." (Mt 4:23 - NVI) Durante Sua jornada, foi sempre seguido por grande multidão, e acompanhado pelos Seus discípulos, que a tudo presenciavam, observando a forma como Ele ensinava, pregava e curava. Estavam realizando um "estágio" antes da formação teórica.

Em determinado momento, Jesus, vendo a necessidade da multidão que O seguia, chamou os Seus discípulos e ensinou a eles os princípios básicos sobre vida cristã e discipulado, lições estas contidas no Sermão do Monte (Mt 5-7). Apesar de toda a multidão ter se beneficiado com os ensinos de Jesus, àquelas palavras eram dirigidas especialmente aos Seus discípulos (Vendo Jesus as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele, e Ele começou a ensiná-los, [...] Mt 5:1-2 - NVI) Naquele momento, Jesus estava estabelecendo as bases para o discipulado cristão, ensinando àqueles homens como eles deveriam se portar e agir para serem identificados como seguidores de Cristo.

Eis mais uma quebra de paradigma realizada por Cristo: após mostrar aos discípulos aquilo que eles deveriam fazer, ensinou-os como eles, primeiro, deveriam ser para, depois, fazer.

Muitas vezes, nossa ansiedade não nos permite vivermos este processo de forma correta. Queremos fazer, realizar, exercer ministérios, mas não queremos passar pelos ítens de processamento que nos trarão crescimento interior e maturidade. Se pularmos etapas neste processo de formação, corremos o risco de nos depararmos com situações nas quais nos faltarão elementos importantes para enfrentá-las.

Por isso, todo processo de formação é importante, e saltar etapas nos deixará inacabados para enfrentarmos determinadas circunstâncias. Como discípulos de Jesus, precisamos entender que todas as circunstâncias que enfrentamos, por pior que pareçam, são relevantes para forjar o nosso caráter, nos proporcionando o crescimento que nos levará à maturidade, nos permitindo realizar de forma plena àquilo que Deus quer fazer através das nossas vidas.
Porto Alegre - RS
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