Palavra do leitor
- 17 de julho de 2017
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Sem nada embaixo, faz bem!
Sem nada embaixo, faz bem!
‘’Chego a conclusão, cada vez mais palpitante, de que os protocolos e os formalismos espirituais, como ir a igreja, dispor de um repertório de cânticos, recitar algumas orações, falar em línguas estranhas, ser contemplado com dons e sei lá mais o que, tudo isso, não nos livra de o quanto carecemos de reconhecer nossos vazios e egoísmos. ’’
A velhice aponta, inevitavelmente, para o ponto final, o encontro com a morte, a constatação desse mover e movimentar chamado vida.
Os sonhos, os risos, as lágrimas, as conquistas, as derrotas, as perdas, os não (s), os prazeres, os aplausos, as dores, os amores, as paixões, os deleites, os arroubos, os próximos, os distantes, o próprio Deus, os íntimos e tudo parece se desvanecer, passar, desfazer – se, serem partes de nossas reminiscências, ou, com um enfoque mais dramático, restolhos de nossos acervos, sobras da certeza inabalável de que tudo são enredos de pedaços e encontros.
Eis, de certo, um resumo, embora não pleno, da existência humana, ao qual carrega, por mais que a coqueluche de uma cultura de significados objeticáveis, consumíveis, descartáveis e intermináveis tenta dizer que não, com aquela sensação de nada, de tudo ser perda de tempo. A história de Davi pode ser vista como um emaranhado de retratados cortados, de escolhas desastrosas, de posturas monstruosas, de, lá no fundo, chegarmos a conclusão de que, muitas de suas ações e respostas, constituíram naquilo que podia fazer, ali, no momento.
Sem sombra dúvida, o livro de Samuel 23.05 aponta para o fim da jornada, sem esconder o jogo, nada, reconhecer as desordens e hemorragias emocionais tão patentes, em sua família. Sua filha estuprada, por seu irmão. Não parou por aqui, o outro irmão, Absalão, trama e consuma a morte do irmão e levanta uma malograda insurreição, com a intenção de derrubar seu genitor e rei. Por ora, evito ir aos detalhes, aos pontos e contrapontos das mancadas de Davi.
Em direção oposta, ouso os e as chamar para sermos mais sinceros e sérios, conosco mesmo. Digo isso, em decorrência de herdamos a prática de esconder o jogo, tampar o sol com a peneira, crer e acreditar numa realidade, mesmo marcada pela Graça de Cristo, livre de toda e qualquer anormalidade. Nisto, receamos levantar as poeiras embaixo do tapete que corrói nossa alma, machuca – nos, torna – nos impotentes e percebemos a leitura de Deus, como um fardo. Sinceramente, muitas situações tiveram desfechos desapreciáveis, deixaram marcas que, algumas delas, não serão removidas, palavras fincadas nas profundezas de nossas lágrimas cristalizadas.
Atentemos para a desavergonhada maneira de Davi, nas réstias de vida que prenunciavam o fechar as cortina de sua história - ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado; ou seja, aos observar os meandros da família de Davi, somos levados a questionar, como pode haver a presença de Deus, diante de todo um enxame de desgraças?
Mesmo assim, Davi, sem nenhum pudor, livre da culpa e da condenação, alcançado pela anistia de um Deus incompreensivelmente humano, terno, aconchegante, dócil e abraço, em meio a nossa desumanidade, sente – se, percebe – se, nota – se e declara – se pertencente, amado, acolhido e lembrado.
Quantos não necessitam de encontrar esse Deus, ouvir essa voz de calor de esperança e alívio, de compreender que mormente a vida não seja um mar de rosas, porque espinhos nos furam; águas obscuras nos atingem; noites mórbidas e tristes nos envolvem e, em meio a todas essas alternâncias, ainda não é o fim de tudo, nossa família, nossa vida, nossa biografia, apesar das rasuras, dos borrões, das folhas rasgadas, não me pergunte o por qual motivo, tem valia, não é repudiada, nem abominada e muito menos depreciada.
‘’Chego a conclusão, cada vez mais palpitante, de que os protocolos e os formalismos espirituais, como ir a igreja, dispor de um repertório de cânticos, recitar algumas orações, falar em línguas estranhas, ser contemplado com dons e sei lá mais o que, tudo isso, não nos livra de o quanto carecemos de reconhecer nossos vazios e egoísmos. ’’
A velhice aponta, inevitavelmente, para o ponto final, o encontro com a morte, a constatação desse mover e movimentar chamado vida.
Os sonhos, os risos, as lágrimas, as conquistas, as derrotas, as perdas, os não (s), os prazeres, os aplausos, as dores, os amores, as paixões, os deleites, os arroubos, os próximos, os distantes, o próprio Deus, os íntimos e tudo parece se desvanecer, passar, desfazer – se, serem partes de nossas reminiscências, ou, com um enfoque mais dramático, restolhos de nossos acervos, sobras da certeza inabalável de que tudo são enredos de pedaços e encontros.
Eis, de certo, um resumo, embora não pleno, da existência humana, ao qual carrega, por mais que a coqueluche de uma cultura de significados objeticáveis, consumíveis, descartáveis e intermináveis tenta dizer que não, com aquela sensação de nada, de tudo ser perda de tempo. A história de Davi pode ser vista como um emaranhado de retratados cortados, de escolhas desastrosas, de posturas monstruosas, de, lá no fundo, chegarmos a conclusão de que, muitas de suas ações e respostas, constituíram naquilo que podia fazer, ali, no momento.
Sem sombra dúvida, o livro de Samuel 23.05 aponta para o fim da jornada, sem esconder o jogo, nada, reconhecer as desordens e hemorragias emocionais tão patentes, em sua família. Sua filha estuprada, por seu irmão. Não parou por aqui, o outro irmão, Absalão, trama e consuma a morte do irmão e levanta uma malograda insurreição, com a intenção de derrubar seu genitor e rei. Por ora, evito ir aos detalhes, aos pontos e contrapontos das mancadas de Davi.
Em direção oposta, ouso os e as chamar para sermos mais sinceros e sérios, conosco mesmo. Digo isso, em decorrência de herdamos a prática de esconder o jogo, tampar o sol com a peneira, crer e acreditar numa realidade, mesmo marcada pela Graça de Cristo, livre de toda e qualquer anormalidade. Nisto, receamos levantar as poeiras embaixo do tapete que corrói nossa alma, machuca – nos, torna – nos impotentes e percebemos a leitura de Deus, como um fardo. Sinceramente, muitas situações tiveram desfechos desapreciáveis, deixaram marcas que, algumas delas, não serão removidas, palavras fincadas nas profundezas de nossas lágrimas cristalizadas.
Atentemos para a desavergonhada maneira de Davi, nas réstias de vida que prenunciavam o fechar as cortina de sua história - ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado; ou seja, aos observar os meandros da família de Davi, somos levados a questionar, como pode haver a presença de Deus, diante de todo um enxame de desgraças?
Mesmo assim, Davi, sem nenhum pudor, livre da culpa e da condenação, alcançado pela anistia de um Deus incompreensivelmente humano, terno, aconchegante, dócil e abraço, em meio a nossa desumanidade, sente – se, percebe – se, nota – se e declara – se pertencente, amado, acolhido e lembrado.
Quantos não necessitam de encontrar esse Deus, ouvir essa voz de calor de esperança e alívio, de compreender que mormente a vida não seja um mar de rosas, porque espinhos nos furam; águas obscuras nos atingem; noites mórbidas e tristes nos envolvem e, em meio a todas essas alternâncias, ainda não é o fim de tudo, nossa família, nossa vida, nossa biografia, apesar das rasuras, dos borrões, das folhas rasgadas, não me pergunte o por qual motivo, tem valia, não é repudiada, nem abominada e muito menos depreciada.
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