Palavra do leitor
- 11 de outubro de 2007
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Santa rebeldia
Existe nos rebeldes uma beleza que fascina: sua coragem, perseverança, ou talvez o seu idealismo... "Vivemos em um mundo onde são dignos de aplausos, os rebeldes e não os submissos" - concordo com o autor de "Autoridade e Submissão", pr. Adélcio Ferreira. Enquanto os rebeldes nos levam à euforia, os "caxias" e sua arrogância fazem nossos estômagos embrulharem. Por que é assim? Seria isso só nossa tendência pecaminosa? Será que nosso colega de Natércia estaria absolutamente correto ao afirmar que "toda autoridade é constituída por Deus"?
"Noviça rebelde" é um filme lindo que conta a história de uma família austríaca na época do regime nazista. Embora o título original, The Sounds of Music não tenha nada a ver com nossa tradução, o tradutor foi feliz em expressar o caráter da irmã Maria, protagonista da história. Ela se rebela ao mesmo tempo, contra a autoridade do seu patrão (que acaba virando seu marido), quebrando assim seus votos rebela-se contra sua igreja e por fim rebela-se contra o governo e é tida como uma fora-da-lei pelo regime totalitário do terceiro Reich. Que exemplo! Para alguns, negativo para outros, inspirador.
Sugestivo também é o exemplo dos estudantes de Munique que se denominavam "Rosa Branca" (1). Todos condenados à morte pelo regime nazista. Mesmo trágico destino teve também o pastor luterano Bonhoffer, pouco antes da capitulação alemã na segunda grande guerra. Sob a ótica nazista esses cristãos não passavam de rebeldes. E era isso mesmo que eles eram. Será que não foi exatamente por isso que Deus deixou que fossem assassinados? O legado destes santos homens entrou, todavia, para a história, provando para o mundo inteiro que nem a própria sociedade alemã se calou frente aos horrores diabólicos daquela época. O que houve sim foi um esforço ditatorial e cruel para que ela se calasse. Isto deixa óbvio que nem sempre autoridades são ministras do bem, por isso o capítulo 13 de Romanos precisa ser lido com cautela e não deve ser interpretado assim ao pé da letra, o que levaria a sérios erros e serviria para justificar abusos de poder.
De abusos para calarem rebeldes a história está cheia: "A vida do Outro", filme alemão premiado recentemente com Oscar, ilustra como foi esse jogo sujo no regime comunista da República Democrática Alemã. Continuando na Alemanha, não poderíamos esquecer-nos dos reformadores, somente um povo tão "cabeça dura" como o alemão poderia produzir um Martinho Lutero! Graças as suas idéias rebeldes podemos comemorar, no dia 31 de outubro, 490 anos de Reforma – que, diga-se de passagem, não está nem na metade ainda, há muito que se reformar, lá e cá. Respondendo diretamente às perguntas que levantei, me atrevo a lançar outra ainda mais ousada: e Jesus? Seria ele também um revolucionário, um rebelde?
Se você entende que rebelião é o oposto de paz, então foi. Afinal ele mesmo disse: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10.34). Essa quebra da ordem estabelecida começa dentro de nós, passando pelas famílias e atingindo toda sociedade. Não é à toa que autores como Stott e Wimber afirmam que estamos na "contra cultura" e que pisamos em território inimigo. Ele mesmo, Jesus, é quem afirma diante da autoridade de sua época que seu reino não é deste mundo, por isso foi morto, pois Ele também foi considerado uma ameaça (e era, e ainda é) tanto para impérios seculares corruptos (no caso o romano) quanto para clero corrupto, a Sinagoga de Satanás – como os chama em Apocalipse.
A santa rebeldia pode ser estimulada de forma simples e objetiva, segundo proposto por Valdinei Ramos em "Rabiscos para uma liderança possível" e por Humberto Ramos "Igreja: comunidade profética, encarnação do Reino!" (2).
Se toda autoridade é realmente constituída por Deus, temos que entender que também, em sua soberania, constituiu também os rebeldes, que vez por outra até chegam ao poder - virando o jogo - às vezes até de forma democrática como foi o caso de Davi e do nosso atual presidente. (Não esqueçamos que nosso herói nacional, Tiradentes, foi um rebelde).
Para fechar este tratado em prol da rebeldia santa, tenho que sem citar o ícone revolucionário Che Guevara, quando se completa 40 anos de sua morte - não que eu seja de esquerda, nem de direita, muito antes pelo contrário, sou mineiro! Para muitos, Che era um defensor dos menos favorecidos, um símbolo da resistência à expansão da influência do capitalismo e dos Estados Unidos no mundo. Mas outros afirmam que, ao optar pela luta armada, Guevara incitou violência e acabou se transformando em um fora-da-lei. Há, porém uma frase famosa deste médico corajoso e idealista que nos inspira em nossa conspiração a favor do Reino que já chegou, mas ainda está por vir: "hay que se endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. Isso falta a nós cristãos modernos: dureza, coragem, idealismo e ternura... Menos submissão e uma boa dose santa de rebeldia.
(1) www.dw-world.de/dw/article/0,2144,583317,00.html
(2) www.fraternus.de
"Noviça rebelde" é um filme lindo que conta a história de uma família austríaca na época do regime nazista. Embora o título original, The Sounds of Music não tenha nada a ver com nossa tradução, o tradutor foi feliz em expressar o caráter da irmã Maria, protagonista da história. Ela se rebela ao mesmo tempo, contra a autoridade do seu patrão (que acaba virando seu marido), quebrando assim seus votos rebela-se contra sua igreja e por fim rebela-se contra o governo e é tida como uma fora-da-lei pelo regime totalitário do terceiro Reich. Que exemplo! Para alguns, negativo para outros, inspirador.
Sugestivo também é o exemplo dos estudantes de Munique que se denominavam "Rosa Branca" (1). Todos condenados à morte pelo regime nazista. Mesmo trágico destino teve também o pastor luterano Bonhoffer, pouco antes da capitulação alemã na segunda grande guerra. Sob a ótica nazista esses cristãos não passavam de rebeldes. E era isso mesmo que eles eram. Será que não foi exatamente por isso que Deus deixou que fossem assassinados? O legado destes santos homens entrou, todavia, para a história, provando para o mundo inteiro que nem a própria sociedade alemã se calou frente aos horrores diabólicos daquela época. O que houve sim foi um esforço ditatorial e cruel para que ela se calasse. Isto deixa óbvio que nem sempre autoridades são ministras do bem, por isso o capítulo 13 de Romanos precisa ser lido com cautela e não deve ser interpretado assim ao pé da letra, o que levaria a sérios erros e serviria para justificar abusos de poder.
De abusos para calarem rebeldes a história está cheia: "A vida do Outro", filme alemão premiado recentemente com Oscar, ilustra como foi esse jogo sujo no regime comunista da República Democrática Alemã. Continuando na Alemanha, não poderíamos esquecer-nos dos reformadores, somente um povo tão "cabeça dura" como o alemão poderia produzir um Martinho Lutero! Graças as suas idéias rebeldes podemos comemorar, no dia 31 de outubro, 490 anos de Reforma – que, diga-se de passagem, não está nem na metade ainda, há muito que se reformar, lá e cá. Respondendo diretamente às perguntas que levantei, me atrevo a lançar outra ainda mais ousada: e Jesus? Seria ele também um revolucionário, um rebelde?
Se você entende que rebelião é o oposto de paz, então foi. Afinal ele mesmo disse: "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" (Mt 10.34). Essa quebra da ordem estabelecida começa dentro de nós, passando pelas famílias e atingindo toda sociedade. Não é à toa que autores como Stott e Wimber afirmam que estamos na "contra cultura" e que pisamos em território inimigo. Ele mesmo, Jesus, é quem afirma diante da autoridade de sua época que seu reino não é deste mundo, por isso foi morto, pois Ele também foi considerado uma ameaça (e era, e ainda é) tanto para impérios seculares corruptos (no caso o romano) quanto para clero corrupto, a Sinagoga de Satanás – como os chama em Apocalipse.
A santa rebeldia pode ser estimulada de forma simples e objetiva, segundo proposto por Valdinei Ramos em "Rabiscos para uma liderança possível" e por Humberto Ramos "Igreja: comunidade profética, encarnação do Reino!" (2).
Se toda autoridade é realmente constituída por Deus, temos que entender que também, em sua soberania, constituiu também os rebeldes, que vez por outra até chegam ao poder - virando o jogo - às vezes até de forma democrática como foi o caso de Davi e do nosso atual presidente. (Não esqueçamos que nosso herói nacional, Tiradentes, foi um rebelde).
Para fechar este tratado em prol da rebeldia santa, tenho que sem citar o ícone revolucionário Che Guevara, quando se completa 40 anos de sua morte - não que eu seja de esquerda, nem de direita, muito antes pelo contrário, sou mineiro! Para muitos, Che era um defensor dos menos favorecidos, um símbolo da resistência à expansão da influência do capitalismo e dos Estados Unidos no mundo. Mas outros afirmam que, ao optar pela luta armada, Guevara incitou violência e acabou se transformando em um fora-da-lei. Há, porém uma frase famosa deste médico corajoso e idealista que nos inspira em nossa conspiração a favor do Reino que já chegou, mas ainda está por vir: "hay que se endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. Isso falta a nós cristãos modernos: dureza, coragem, idealismo e ternura... Menos submissão e uma boa dose santa de rebeldia.
(1) www.dw-world.de/dw/article/0,2144,583317,00.html
(2) www.fraternus.de
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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