Palavra do leitor
- 09 de julho de 2009
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Saborear é preciso, viver não é preciso
Existir não é sinônimo de viver. Existir é "viver porque a vida dura", citando Fernando Pessoa. Viver de verdade é sugar a seiva dos dias. Existir é empurrar a vida com a barriga. Leviano. Viver é saborear os frutos que a vida dá. Carpe Diem!(colha o dia!). Saborear é preciso, viver não é preciso. O que é necessário mesmo na vida é desfrutar. Viver por viver já é a morte. Vida com sabor é vida abundante!
Para viver uma vida boa não basta apenas possuir coisas, é necessário usufruí-las (aliás, eu posso usufruir sem possuir!). Para viver bem não basta estar cercado de pessoas amadas, é preciso cultivar e desfrutar desse amor.
Viver apenas para "cumprir tabela" é viver sem apetite. É ter uma família linda, mas não saber brincar com os filhos e namorar o parceiro; comer um prato delicioso sem sentir o gosto; ter uma vastidão de livros, mas não se deleitar com aquele que está lendo; ter uma casa maravilhosa, mas nunca "chegar para pousar"; ter uma pessoa leal bem próximo, mas não ter por ela estima!
Esses dias eu bati o carro e isso me trouxe uma série de transtorno; mudou toda a minha agenda. Peguei o carro de volta depois de um mês. Mas esse acontecimento me trouxe uma reflexão: às vezes é preciso perder algo para depois ter de volta. Às vezes é preciso se distanciar de algo para saber o seu real valor. Lembrei de um conselho de Eclesiastes:
Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo (Ec 11.1).
É isso que acontece quando, por exemplo, viajamos de férias e deixamos as atividades, o lugar, os pertences e as pessoas que amamos. Quando voltamos nós percebemos o quanto tudo é importante e bom! Isso também acontece quando ficamos vários anos sem ver um amigo querido! Só quando temos a sensação da perda, ou de fato, quando perdemos aquilo/aqueles que amamos é que despertamos para a sua importância.
Muitas vezes somos levados pela correnteza do ativismo, consumismo, egoísmo e, sem querer, nos distanciamos das coisas, das pessoas que mais amamos. Não é o nosso desejo, mas acontece; se “ligamos a vida no automático”, acontece. E é somente quando “perdemos” os nossos “objetos de amor” é que vemos como poderíamos ter desfrutado mais! É a esposa que pede a separação. Ou a perda de uma amizade por melindres. Ou um amigo que vai embora para nunca mais. E às vezes a perda é irrecuperável: a morte de um ente querido! Por isso as frases nos velórios do tipo “eu deveria ter dito o quanto ele é importante para mim”, “eu poderia ter curtido mais a sua amizade”.
Uma boa notícia é que a gente pode perder as coisas sem perdê-las. Como? Faça o seguinte exercício: se imagine sem as pessoas, sem as coisas que você mais ama? O sentimento que você terá pode levá-lo a valorizar mais os seus objetos de amor. Não espere o “dia mal” chegar, antecipe essa “perda” para ganhar. “Quem perde a sua vida a encontra”.
A vida é tão breve! Colha cada fruto da vida! Mas faça o seguinte: colha menos e saboreie mais! Curta mais a sua família; quando estiver em casa dê uma qualidade de tempo para seus filhos, beije mais o seu cônjuge. Saia com os amigos para jogar conversa fora, comer, beber. No culto comunitário abra os ouvidos e o coração a Deus e aos irmãos. Ouça música com a alma quedada. Leia um bom livro e se deixe viajar pela narrativa. Sinta o cheiro do café, o aroma do chá enquanto toma. Deguste mais a sua comida, mastigue mais e sinta o seu tempero. Quando estiver de folga, esteja realmente de folga! Pedale. Corra. Caminhe. Estude. Trabalhe.
Os nossos anos aqui na terra podem ser breves, mas podem ser cheios de sabor!
Naquele que nos dá vida abundante,
www.marciocardosobr.blogspot.com
Para viver uma vida boa não basta apenas possuir coisas, é necessário usufruí-las (aliás, eu posso usufruir sem possuir!). Para viver bem não basta estar cercado de pessoas amadas, é preciso cultivar e desfrutar desse amor.
Viver apenas para "cumprir tabela" é viver sem apetite. É ter uma família linda, mas não saber brincar com os filhos e namorar o parceiro; comer um prato delicioso sem sentir o gosto; ter uma vastidão de livros, mas não se deleitar com aquele que está lendo; ter uma casa maravilhosa, mas nunca "chegar para pousar"; ter uma pessoa leal bem próximo, mas não ter por ela estima!
Esses dias eu bati o carro e isso me trouxe uma série de transtorno; mudou toda a minha agenda. Peguei o carro de volta depois de um mês. Mas esse acontecimento me trouxe uma reflexão: às vezes é preciso perder algo para depois ter de volta. Às vezes é preciso se distanciar de algo para saber o seu real valor. Lembrei de um conselho de Eclesiastes:
Atire o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo (Ec 11.1).
É isso que acontece quando, por exemplo, viajamos de férias e deixamos as atividades, o lugar, os pertences e as pessoas que amamos. Quando voltamos nós percebemos o quanto tudo é importante e bom! Isso também acontece quando ficamos vários anos sem ver um amigo querido! Só quando temos a sensação da perda, ou de fato, quando perdemos aquilo/aqueles que amamos é que despertamos para a sua importância.
Muitas vezes somos levados pela correnteza do ativismo, consumismo, egoísmo e, sem querer, nos distanciamos das coisas, das pessoas que mais amamos. Não é o nosso desejo, mas acontece; se “ligamos a vida no automático”, acontece. E é somente quando “perdemos” os nossos “objetos de amor” é que vemos como poderíamos ter desfrutado mais! É a esposa que pede a separação. Ou a perda de uma amizade por melindres. Ou um amigo que vai embora para nunca mais. E às vezes a perda é irrecuperável: a morte de um ente querido! Por isso as frases nos velórios do tipo “eu deveria ter dito o quanto ele é importante para mim”, “eu poderia ter curtido mais a sua amizade”.
Uma boa notícia é que a gente pode perder as coisas sem perdê-las. Como? Faça o seguinte exercício: se imagine sem as pessoas, sem as coisas que você mais ama? O sentimento que você terá pode levá-lo a valorizar mais os seus objetos de amor. Não espere o “dia mal” chegar, antecipe essa “perda” para ganhar. “Quem perde a sua vida a encontra”.
A vida é tão breve! Colha cada fruto da vida! Mas faça o seguinte: colha menos e saboreie mais! Curta mais a sua família; quando estiver em casa dê uma qualidade de tempo para seus filhos, beije mais o seu cônjuge. Saia com os amigos para jogar conversa fora, comer, beber. No culto comunitário abra os ouvidos e o coração a Deus e aos irmãos. Ouça música com a alma quedada. Leia um bom livro e se deixe viajar pela narrativa. Sinta o cheiro do café, o aroma do chá enquanto toma. Deguste mais a sua comida, mastigue mais e sinta o seu tempero. Quando estiver de folga, esteja realmente de folga! Pedale. Corra. Caminhe. Estude. Trabalhe.
Os nossos anos aqui na terra podem ser breves, mas podem ser cheios de sabor!
Naquele que nos dá vida abundante,
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