Palavra do leitor
- 15 de abril de 2011
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Saber amar como Cristo é terapêutico
Perante alguns anos de atendimentos psicoterapêuticos, podemos tirar uma conclusão frente ao adoecimento psicológico: o sujeito que padece de sofrimento psicológico está centrado no que chamamos de egosintonia. Que isso? É autocentramento. Isso mesmo, o adoecimento psíquico deixa as pessoas autocentradas.
Já todas as atitudes de Cristo nos mostravam a necessidade da egodistonia: sair de si mesmo e ser capaz de doar-se, ou servir. Mensagens como deixem os mortos enterrarem seus mortos, eu vim para trazes divisão e a de Paulo ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, nos norteiam sobre o entendimento de egodistonia.
Sair da egosintonia e ir para a egosintonia é a mensagem do evangelho. Coincidentemente, os deprimidos, os neuróticos, as pessoas com dificuldades familiares e de relacionamento encontram-se em profunda egosintonia.
O HOMEM SOFRE PELA CULTURA
Freud o tempo todo demonstrou que há íntima relação entre os valores sociais de uma dada sociedade e o sofrimento mental. Que isso quer dizer? Que o sofrimento psicológico tem muito menos a ver com neurônios que dão defeito do que com a rede de valores que existe em sociedade. Difícil isso? Explico.
Somos seres simbólicos. Ao contrário dos animais, significamos as coisas, damos valor a elas e as diferenciamos. Criamos significado e nos prendemos a eles. É isso que faz com que um Audi tenha mais significado pra uma pessoa do que um Peugeot. Ambos andam e cumprem bem o seu papel. Sem ingenuidade claro, pois sabemos que há diferenças operacionais e estruturais específicas entre eles.
Podemos ainda dar muito valor ao corpo, à autoimagem e ao marketing pessoal. No século XX uma mulher virgem tinha muito mais valor do que uma não-virgem para se casar. No século XIX o nome de uma família era tudo. Hoje, resguardados os tradicionais, não mais funciona assim. Conheci pessoas idosas que se deprimem até hoje profunda e melancolicamente por não terem se casado de véu e grinalda, numa época onde esse rito de passagem social formava a identidade pessoal de uma pessoa. Hoje não mais. Casa-se, separa, mas a identidade permanece a mesma, pelo menos pra alguns.
É por isso que a Bíblia diz: "Onde está o seu tesouro, aí estará o seu coração". Há pessoas que devido à estrutura mórbida da personalidade colocam esse tesouro no passado, ou no futuro, ou ainda em fantasias psicológicas profundas que nada mais são do que sonhos patológicos com um outro alguém salvador que há de vir trazendo a felicidade tão merecida.
Mas voltando e sem mais delongas, a nossa realidade é composta de uma rede de significados que nos estabelecem. Se um desses significados vai mal, adoecemos. É isso o que Freud descobriu. Ele estudou os efeitos dessas relações sociais sobre a mente.
Assim, como a sociedade muda, podemos inferir que as psicopatologias acompanham isso. Na época de Freud existia uma tal de histeria (psicopatologia da repressão sexual excessiva daquela época). Hoje com o liberalismo sexual, um histérico é um diamante de ouro, mas os encontramos, principalmente em algumas tribos cristãs tradicionais.
O AMOR É TERAPÊUTICO
E hoje se sofre de quê? Stress, ansiedade,transtorno do pânico e depressão, vazio existencial, dentre muitas outras que são típicas do hoje.
E que ‘valores’ sustentamos hoje? Pensa aí. Autoimagem, resultado acima de tudo, sacrifício da família em prol do trabalho, carreira, interesses sociais, sexualidade, status social, e mais alguns. O resultado disso é aquele padrão no adoecimento mental que apontei lá no primeiro parágrafo. Todos valores que promovem o autocentramento.
As pessoas hoje perderam uma capacidade básica da afetividade. Estamos tão centrados em nós mesmos que nos esquecemos do outro. Só que isso tem conseqüências negativas sobre a subjetividade humana, mas parece que ninguém sabe disso.
Fomos tão mal amados que não queremos amar. Há tanto egoísmo que ao invés de contaminar o mundo com amor nos defendemos e assim nos afastamos da mensagem da Cruz. Estamos tão enredados nos negócios dessa vida que a militância espiritual é apenas um meio e não um fim.
E sabe qual é o maior perigo? É que na tentativa de melhora esse autocentramento, as mensagens de púlpito centram mais ainda as pessoas nas suas dores. Querendo sanar o sofrimento das ovelhas, algumas mensagens prometem mundos e fundos em nome de Deus, quando para descentrar deveriam dizer ‘esqueça sua dor, vá e sirva ao outro assim como Cristo fez’.
Já todas as atitudes de Cristo nos mostravam a necessidade da egodistonia: sair de si mesmo e ser capaz de doar-se, ou servir. Mensagens como deixem os mortos enterrarem seus mortos, eu vim para trazes divisão e a de Paulo ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, nos norteiam sobre o entendimento de egodistonia.
Sair da egosintonia e ir para a egosintonia é a mensagem do evangelho. Coincidentemente, os deprimidos, os neuróticos, as pessoas com dificuldades familiares e de relacionamento encontram-se em profunda egosintonia.
O HOMEM SOFRE PELA CULTURA
Freud o tempo todo demonstrou que há íntima relação entre os valores sociais de uma dada sociedade e o sofrimento mental. Que isso quer dizer? Que o sofrimento psicológico tem muito menos a ver com neurônios que dão defeito do que com a rede de valores que existe em sociedade. Difícil isso? Explico.
Somos seres simbólicos. Ao contrário dos animais, significamos as coisas, damos valor a elas e as diferenciamos. Criamos significado e nos prendemos a eles. É isso que faz com que um Audi tenha mais significado pra uma pessoa do que um Peugeot. Ambos andam e cumprem bem o seu papel. Sem ingenuidade claro, pois sabemos que há diferenças operacionais e estruturais específicas entre eles.
Podemos ainda dar muito valor ao corpo, à autoimagem e ao marketing pessoal. No século XX uma mulher virgem tinha muito mais valor do que uma não-virgem para se casar. No século XIX o nome de uma família era tudo. Hoje, resguardados os tradicionais, não mais funciona assim. Conheci pessoas idosas que se deprimem até hoje profunda e melancolicamente por não terem se casado de véu e grinalda, numa época onde esse rito de passagem social formava a identidade pessoal de uma pessoa. Hoje não mais. Casa-se, separa, mas a identidade permanece a mesma, pelo menos pra alguns.
É por isso que a Bíblia diz: "Onde está o seu tesouro, aí estará o seu coração". Há pessoas que devido à estrutura mórbida da personalidade colocam esse tesouro no passado, ou no futuro, ou ainda em fantasias psicológicas profundas que nada mais são do que sonhos patológicos com um outro alguém salvador que há de vir trazendo a felicidade tão merecida.
Mas voltando e sem mais delongas, a nossa realidade é composta de uma rede de significados que nos estabelecem. Se um desses significados vai mal, adoecemos. É isso o que Freud descobriu. Ele estudou os efeitos dessas relações sociais sobre a mente.
Assim, como a sociedade muda, podemos inferir que as psicopatologias acompanham isso. Na época de Freud existia uma tal de histeria (psicopatologia da repressão sexual excessiva daquela época). Hoje com o liberalismo sexual, um histérico é um diamante de ouro, mas os encontramos, principalmente em algumas tribos cristãs tradicionais.
O AMOR É TERAPÊUTICO
E hoje se sofre de quê? Stress, ansiedade,transtorno do pânico e depressão, vazio existencial, dentre muitas outras que são típicas do hoje.
E que ‘valores’ sustentamos hoje? Pensa aí. Autoimagem, resultado acima de tudo, sacrifício da família em prol do trabalho, carreira, interesses sociais, sexualidade, status social, e mais alguns. O resultado disso é aquele padrão no adoecimento mental que apontei lá no primeiro parágrafo. Todos valores que promovem o autocentramento.
As pessoas hoje perderam uma capacidade básica da afetividade. Estamos tão centrados em nós mesmos que nos esquecemos do outro. Só que isso tem conseqüências negativas sobre a subjetividade humana, mas parece que ninguém sabe disso.
Fomos tão mal amados que não queremos amar. Há tanto egoísmo que ao invés de contaminar o mundo com amor nos defendemos e assim nos afastamos da mensagem da Cruz. Estamos tão enredados nos negócios dessa vida que a militância espiritual é apenas um meio e não um fim.
E sabe qual é o maior perigo? É que na tentativa de melhora esse autocentramento, as mensagens de púlpito centram mais ainda as pessoas nas suas dores. Querendo sanar o sofrimento das ovelhas, algumas mensagens prometem mundos e fundos em nome de Deus, quando para descentrar deveriam dizer ‘esqueça sua dor, vá e sirva ao outro assim como Cristo fez’.
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