Palavra do leitor
- 24 de agosto de 2012
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Reforma ou restauração?
"Pera" lá, não é puro jogo de semântica, não. A pergunta é essencial, se não, voltemos às metáforas originais:
Reformamos a casa, os prédios, as ruas, o guarda roupa, etc. Normalmente mexe-se na estrutura. Acrescenta-se novos cômodos, um novo estilo é adotado, coisas novas são acrescentadas, o antigo e ultrapassado é removido de forma mais radical e consistente.
Restauramos monumentos, obras de arte, fachadas. Não se mexe na estrutura, o modelo original tende a ser recomposto. Troca-se a casca. Conserva-se o antigo. Não acrescenta-se substancialmente nada novo.
Talvez a grande diferença esteja em que, o referencial da obra de reforma está no futuro, onde deseja-se chegar, e o da obra de restauração está no passado, na origem, de onde se partiu.
Se sou um reformado, lutarei para voltar à origem. E isso é problemático, pois estabelecer um ponto de origem - e todos sabem que estou falando do viver cristão, e do viver cristão, em comunidade –, não é tarefa fácil, e talvez nem seja factível. O mais comum é o reformado, com o passar dos anos, fixar seu referencial na data do início da reforma, ou no período imediatamente anterior a seu início.
Por isso o movimento de reforma que inicia-se como revolucionário, acaba se tornando reacionário, pois por definição deveria ser um movimento progressista, mas na prática, é um movimento meramente conservador.
E eis aí a nossa frente a contradição! Não seria o reformador aquele que mira no futuro? Na teoria sim, mas na prática não.
Todo ideal que se chama de reforma, toda obra que chamamos de reforma, todo movimento que historiadores agruparam como reforma não passam de minuciosas restaurações.
Não é de se estranhar que não demoraram muitas décadas para as igrejas protestantes – filhas legítimas da reforma - reestabelecerem suas hierarquias, seus santos, suas tradições e encíclicas (todas de peso maior que as escrituras) e, evidentemente também, suas indulgências.
Muda-se a fachada mas a forma permanece a mesma (e esse ciclo vicioso já foi simulado e demonstrado de inúmeras e variadas maneiras, para todo tipo de gosto e desgosto, nas infinitas igrejas e seus cismas particulares que existem pelo Brasil afora e Américas em geral).
Assim sendo, ninguém ouse admirar-se pelo fato do caminho adotado por aqueles que buscam viver a verdade do homem de Nazaré esteja, pelo lado protestante, justamente na contra-mão da reforma (por mais contraditório que isso venha parecer). Existe, por parte destes, um largo abraço acolhedor no peito dos irmãos de confissão católica romana. E destes, por sua vez, nos irmãos de confissão evangélica. E tudo isso é bem diferente de mera tolerância.
Esses malucos – e me perdoem por não conseguir achar melhor adjetivo – pretendem justamente abalar as estruturas malignas, para que uma nova e mais sólida – que no caso não é sinônimo de rígida e provavelmente seja até o contrário -, mais benigna e mais amorosa, seja estabelecida. E isso exige um espírito inovador – não existem receitas de bolo, prontas –, é uma obra modernizadora, criadora, e na verdade, reformista.
Se não cutucamos ali, onde nos dói, não precisaremos estranhar que todo nosso empenho, não passe de uma linda obra de restauração (ainda que se chame de reforma). Exaltamos o histórico! Preservamos a história, mas nunca ousaremos escrevê-la, sequer uma linha, com nossos próprios punhos.
Por isso é melhor definirmos logo nosso projeto: reforma ou restauração?
Reformamos a casa, os prédios, as ruas, o guarda roupa, etc. Normalmente mexe-se na estrutura. Acrescenta-se novos cômodos, um novo estilo é adotado, coisas novas são acrescentadas, o antigo e ultrapassado é removido de forma mais radical e consistente.
Restauramos monumentos, obras de arte, fachadas. Não se mexe na estrutura, o modelo original tende a ser recomposto. Troca-se a casca. Conserva-se o antigo. Não acrescenta-se substancialmente nada novo.
Talvez a grande diferença esteja em que, o referencial da obra de reforma está no futuro, onde deseja-se chegar, e o da obra de restauração está no passado, na origem, de onde se partiu.
Se sou um reformado, lutarei para voltar à origem. E isso é problemático, pois estabelecer um ponto de origem - e todos sabem que estou falando do viver cristão, e do viver cristão, em comunidade –, não é tarefa fácil, e talvez nem seja factível. O mais comum é o reformado, com o passar dos anos, fixar seu referencial na data do início da reforma, ou no período imediatamente anterior a seu início.
Por isso o movimento de reforma que inicia-se como revolucionário, acaba se tornando reacionário, pois por definição deveria ser um movimento progressista, mas na prática, é um movimento meramente conservador.
E eis aí a nossa frente a contradição! Não seria o reformador aquele que mira no futuro? Na teoria sim, mas na prática não.
Todo ideal que se chama de reforma, toda obra que chamamos de reforma, todo movimento que historiadores agruparam como reforma não passam de minuciosas restaurações.
Não é de se estranhar que não demoraram muitas décadas para as igrejas protestantes – filhas legítimas da reforma - reestabelecerem suas hierarquias, seus santos, suas tradições e encíclicas (todas de peso maior que as escrituras) e, evidentemente também, suas indulgências.
Muda-se a fachada mas a forma permanece a mesma (e esse ciclo vicioso já foi simulado e demonstrado de inúmeras e variadas maneiras, para todo tipo de gosto e desgosto, nas infinitas igrejas e seus cismas particulares que existem pelo Brasil afora e Américas em geral).
Assim sendo, ninguém ouse admirar-se pelo fato do caminho adotado por aqueles que buscam viver a verdade do homem de Nazaré esteja, pelo lado protestante, justamente na contra-mão da reforma (por mais contraditório que isso venha parecer). Existe, por parte destes, um largo abraço acolhedor no peito dos irmãos de confissão católica romana. E destes, por sua vez, nos irmãos de confissão evangélica. E tudo isso é bem diferente de mera tolerância.
Esses malucos – e me perdoem por não conseguir achar melhor adjetivo – pretendem justamente abalar as estruturas malignas, para que uma nova e mais sólida – que no caso não é sinônimo de rígida e provavelmente seja até o contrário -, mais benigna e mais amorosa, seja estabelecida. E isso exige um espírito inovador – não existem receitas de bolo, prontas –, é uma obra modernizadora, criadora, e na verdade, reformista.
Se não cutucamos ali, onde nos dói, não precisaremos estranhar que todo nosso empenho, não passe de uma linda obra de restauração (ainda que se chame de reforma). Exaltamos o histórico! Preservamos a história, mas nunca ousaremos escrevê-la, sequer uma linha, com nossos próprios punhos.
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