Palavra do leitor
- 13 de novembro de 2009
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Reflexões sobre o reino de Deus
O reino de Deus anunciado por Jesus possui um caráter duplo. De um lado, o anúncio do reino implica em evangelizar os pobres, libertar os cativos, curar os enfermos e anunciar o ano aceitável do Senhor, numa clara alusão ao Ano do Jubileu, conforme proposto pelos escritos do AT (ver Lc 4.16-21; Lc 7.18-22; Lv 25). Vale lembrar que a proposta do Jubileu, encarnado na missão do Filho, é outorgada à Igreja cristã que vivencia em sua prática diária o compartilhar característico desse mandamento de Deus. E a consequência deste fato é clara: os pobres, citados no evangelho de Lucas de forma abundante, são virtualmente esquecidos em Atos (livro escrito pelo mesmo autor do evangelho lucano). E isso ocorre não por um esquecimento deste tema tão caro a Lucas, mas sim porque, na visão lucana, a presença da igreja na sociedade faz com que não haja mais pobres em seu meio (ver At 2.45; 4.32-35).
Por outro lado, contudo, o anúncio do Reino implica em se afirmar o caráter escatológico da pregação de Jesus (Mt 24.30-31; ver também a parábola das dez virgens em Mt 251.13). Sob esta perspectiva, o reino já veio, mas ainda virá; somos cidadãos do reino, mas ainda precisamos pedir que ele venha até nós. Isso significa que a plenitude do reino de Deus, conquanto se revele paulatinamente na história humana, só se dará quando o Filho do Homem retornar em glória.
Se é assim, então é necessário que duas posturas complementares sejam praticadas pela vida dos cristãos, enquanto representantes e cidadãos desse reino. Em primeiro lugar, precisamos anunciar o reino na história, isto é, proclamar que a presença de Cristo e de seus embaixadores (II Co 5.20) produz e deve produzir mudanças históricas, mensuráveis por instrumentais sociológicos, políticos, econômicos e culturais. Libertação e salvação devem ser compreendidas de forma integral. Não é atitude cristã proclamar salvação da alma sem se importar com a miséria do corpo.
Em segundo lugar, precisamos proclamar a história no Reino, isto é, devemos reconhecer que é a esperança pela parusía o que move a igreja em sua missão no mundo. Somos peregrinos, e apesar de estarmos no mundo, não pertencemos mais a ele (Jo 17.14-16, 18). Antes, somos vocacionados à eternidade que se inicia no hoje, mas se plenifica na casa do Pai (Jo 14.2-3). Na verdade, a força das teologias elaboradas pelas igrejas vem desta esperança. Esquecê-la faz de qualquer teologia uma atividade sem substância ou relevância na história. Ou ainda, nas palavras de Hugo Assmann, “não há construção perfeita do Reino na história, porque ele é o horizonte que nos esquenta a esperança”. Assim, o Reino que já está presente entre os cristãos é a semente que, ao morrer, dá muito fruto.
Por outro lado, contudo, o anúncio do Reino implica em se afirmar o caráter escatológico da pregação de Jesus (Mt 24.30-31; ver também a parábola das dez virgens em Mt 251.13). Sob esta perspectiva, o reino já veio, mas ainda virá; somos cidadãos do reino, mas ainda precisamos pedir que ele venha até nós. Isso significa que a plenitude do reino de Deus, conquanto se revele paulatinamente na história humana, só se dará quando o Filho do Homem retornar em glória.
Se é assim, então é necessário que duas posturas complementares sejam praticadas pela vida dos cristãos, enquanto representantes e cidadãos desse reino. Em primeiro lugar, precisamos anunciar o reino na história, isto é, proclamar que a presença de Cristo e de seus embaixadores (II Co 5.20) produz e deve produzir mudanças históricas, mensuráveis por instrumentais sociológicos, políticos, econômicos e culturais. Libertação e salvação devem ser compreendidas de forma integral. Não é atitude cristã proclamar salvação da alma sem se importar com a miséria do corpo.
Em segundo lugar, precisamos proclamar a história no Reino, isto é, devemos reconhecer que é a esperança pela parusía o que move a igreja em sua missão no mundo. Somos peregrinos, e apesar de estarmos no mundo, não pertencemos mais a ele (Jo 17.14-16, 18). Antes, somos vocacionados à eternidade que se inicia no hoje, mas se plenifica na casa do Pai (Jo 14.2-3). Na verdade, a força das teologias elaboradas pelas igrejas vem desta esperança. Esquecê-la faz de qualquer teologia uma atividade sem substância ou relevância na história. Ou ainda, nas palavras de Hugo Assmann, “não há construção perfeita do Reino na história, porque ele é o horizonte que nos esquenta a esperança”. Assim, o Reino que já está presente entre os cristãos é a semente que, ao morrer, dá muito fruto.
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