Palavra do leitor
- 26 de janeiro de 2016
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Queria que Minhas Filhas Soubessem
Queria que minhas filhas soubessem...
Que os engarrafamentos me fazem querer ter asas e geralmente esqueço que não sou um pássaro.
Que os shoppings me parecem feiras livres empacotadas para presente.
Que não troco uma boa dobradinha por um “mac lanche feliz”, cuja felicidade não está no preço, com certeza!
Queria que elas entendessem que prefiro descansar parado do que praticar esportes radicais nos meus momentos de lazer.
Que o Grupo Logos me deixa mais sereno, embora não tenha nada contra o “Oficina G3”.
Que minhas pesquisas são mais complicadas com meus livros do que em um site de busca da Internet, mas que pesquisar faz parte de uma mente que se habituou com exercícios intelectuais.
Queria que elas soubessem que é ótimo poder me comunicar de qualquer lugar, mas que existem momentos em que ter um celular fora de área é um presente de Deus.
Queria que elas soubessem que mesmo amando ouvir músicas num mp3, ainda amo escutar o silêncio que a cada dia se torna mais escasso. (o fone de ouvido com o aparelho desligado é uma alternativa, mas não conte pra ninguém).
Mesmo podendo mandar emails para todas as pessoas do planeta, me emociono com um simples bilhete cuja caligrafia autentica a sensibilidade ímpar que caracteriza o momento e a espontaneidade de quem escreveu.
Queria que minhas filhas soubessem que entendo tudo que se passa ao meu redor, mas não sei ainda como armazenar todas essas novidades dentro de um mundo que aprendeu a consumir mais do que se dar; conectar-se em vez de se tocar; alienar-se diante de telas de LCD e LED e se arriscar a romper relacionamentos com uma simples queda de energia, protegidos apenas por um no-break.
Tenho dificuldades de obstruir meus ouvidos para ouvir músicas enquanto caminho pelas ruas, pois me sinto vendo a introdução de um filme que nunca começa.
Queria ter todo esse aparato tecnológico em minha época de adolescência e juventude, mas não poderia hoje contá-las sobre carrinhos de rolimã descendo a ladeira, escaladas em árvores e muros para saborear mangas, cocos e tamarindos do quintal dos vizinhos.
Não poderia mantê-las atentas ao me ouvirem narrar as aventuras dos campeonatos de futebol-de-botão da rua, nem como conseguíamos belos esconderijos no pique-lateiro.
O que elas contarão para seus filhos? Sobre as pessoas interessantes que conheceram virtualmente e não podem provar ser quem dizem que é?
Será que se emocionarão contando sobre os obsoletos jogos do Nintendo que ensinavam como guerrear com os antepassados do planeta, que preservavam as baleias, defendiam o fim da união homossexual, pregavam a monogamia e falavam de um homem que morreu na cruz se auto-intitulando, DEUS?
Que elas me amem do meu jeito, assim como as amo e as admiro por conseguirem absorver tantas informações sem deixar de serem admiradoras curiosas das aventuras de seu velho pai.
Ricardo Maia
Que os engarrafamentos me fazem querer ter asas e geralmente esqueço que não sou um pássaro.
Que os shoppings me parecem feiras livres empacotadas para presente.
Que não troco uma boa dobradinha por um “mac lanche feliz”, cuja felicidade não está no preço, com certeza!
Queria que elas entendessem que prefiro descansar parado do que praticar esportes radicais nos meus momentos de lazer.
Que o Grupo Logos me deixa mais sereno, embora não tenha nada contra o “Oficina G3”.
Que minhas pesquisas são mais complicadas com meus livros do que em um site de busca da Internet, mas que pesquisar faz parte de uma mente que se habituou com exercícios intelectuais.
Queria que elas soubessem que é ótimo poder me comunicar de qualquer lugar, mas que existem momentos em que ter um celular fora de área é um presente de Deus.
Queria que elas soubessem que mesmo amando ouvir músicas num mp3, ainda amo escutar o silêncio que a cada dia se torna mais escasso. (o fone de ouvido com o aparelho desligado é uma alternativa, mas não conte pra ninguém).
Mesmo podendo mandar emails para todas as pessoas do planeta, me emociono com um simples bilhete cuja caligrafia autentica a sensibilidade ímpar que caracteriza o momento e a espontaneidade de quem escreveu.
Queria que minhas filhas soubessem que entendo tudo que se passa ao meu redor, mas não sei ainda como armazenar todas essas novidades dentro de um mundo que aprendeu a consumir mais do que se dar; conectar-se em vez de se tocar; alienar-se diante de telas de LCD e LED e se arriscar a romper relacionamentos com uma simples queda de energia, protegidos apenas por um no-break.
Tenho dificuldades de obstruir meus ouvidos para ouvir músicas enquanto caminho pelas ruas, pois me sinto vendo a introdução de um filme que nunca começa.
Queria ter todo esse aparato tecnológico em minha época de adolescência e juventude, mas não poderia hoje contá-las sobre carrinhos de rolimã descendo a ladeira, escaladas em árvores e muros para saborear mangas, cocos e tamarindos do quintal dos vizinhos.
Não poderia mantê-las atentas ao me ouvirem narrar as aventuras dos campeonatos de futebol-de-botão da rua, nem como conseguíamos belos esconderijos no pique-lateiro.
O que elas contarão para seus filhos? Sobre as pessoas interessantes que conheceram virtualmente e não podem provar ser quem dizem que é?
Será que se emocionarão contando sobre os obsoletos jogos do Nintendo que ensinavam como guerrear com os antepassados do planeta, que preservavam as baleias, defendiam o fim da união homossexual, pregavam a monogamia e falavam de um homem que morreu na cruz se auto-intitulando, DEUS?
Que elas me amem do meu jeito, assim como as amo e as admiro por conseguirem absorver tantas informações sem deixar de serem admiradoras curiosas das aventuras de seu velho pai.
Ricardo Maia
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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