Palavra do leitor
- 23 de janeiro de 2024
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Quem sou eu?
De longe a pergunta mais inquietante que se passa na cabeça de um adolescente. São tantas mudanças que acabamos nos perdendo nessa fase da vida. Mas não só nessa fase essa pergunta vira e mexe aparece: também quando saímos da casa de nossos pais, quando constituímos famílias, quando mudamos de cidade, trabalho e tradição cristã. Ao tentar responder a essa pergunta, às vezes nos agarramos à nossa cultura ou etnia, impedindo-nos de nos relacionar com o outro e até mesmo de permitir que o outro se relacione com Cristo!
Um caso terrível ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial na igreja alemã, onde alguns "cristãos alemães" propuseram um "parágrafo ariano" que foi adicionado à confissão de fé da igreja. Esse parágrafo proibia os "não arianos" (basicamente, aqueles de etnia judaica) de se tornarem membros das igrejas.
Ironicamente, algo inversamente parecido aconteceu com as comunidades de Filipos, onde a cidade havia se tornado recentemente uma colônia romana, e onde o status privilegiado identitário era crucial. No entanto, Paulo exorta os filipenses a centrarem sua alegria em Cristo, sua morte e ressurreição — "alegrem-se no Senhor!" (Filipenses 3:1)
Mas não demorou muito para que alguns (talvez perdidos em sua identidade mais uma vez) começassem a aceitar práticas judaizantes que vinham pedindo no meio deles. Práticas que acabariam tornando os filipenses em judeus étnicos e religiosos - aos quais o apóstolo ironicamente chama esses mestres judeus de cães — da mesma forma que eles chamavam os "não-judeus".
O evangelho e o cristão estão acima da cultura. O judeu entra no evangelho como judeu, o romano entra como romano, o brasileiro entra como brasileiro.
Do verso 4 do capítulo 3 em diante, o apóstolo rebate essa superioridade cultural dizendo que ele também teria motivos para se orgulhar — um verdadeiro hebreu, da tribo de Benjamim, membro dos fariseus, obediente à lei judaica, tão zeloso que perseguia a igreja e cumpria a lei com todo o rigor. E acreditem, tudo isso ele considera como lixo "para poder ganhar Cristo e ser encontrado Nele".
Compreender o poder da ressurreição de Cristo e conhecê-lo cada dia mais é a nossa identidade. Deixamos de buscar a nossa identidade em coisas que nos foram ensinadas e passamos a buscar quem somos na cruz. O amor sacrificial de Jesus substitui a identidade étnica por uma identidade com o amor sacrificial de Cristo, com o estar em Cristo e com a invasão da alegria escatológica que Cristo já nos traz.
"Quem quer que sempre eu seja, tu me conheces,
ó meu Deus, sou teu." (Bonhoeffer)*
*BONHOEFFER, D. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2005.
Um caso terrível ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial na igreja alemã, onde alguns "cristãos alemães" propuseram um "parágrafo ariano" que foi adicionado à confissão de fé da igreja. Esse parágrafo proibia os "não arianos" (basicamente, aqueles de etnia judaica) de se tornarem membros das igrejas.
Ironicamente, algo inversamente parecido aconteceu com as comunidades de Filipos, onde a cidade havia se tornado recentemente uma colônia romana, e onde o status privilegiado identitário era crucial. No entanto, Paulo exorta os filipenses a centrarem sua alegria em Cristo, sua morte e ressurreição — "alegrem-se no Senhor!" (Filipenses 3:1)
Mas não demorou muito para que alguns (talvez perdidos em sua identidade mais uma vez) começassem a aceitar práticas judaizantes que vinham pedindo no meio deles. Práticas que acabariam tornando os filipenses em judeus étnicos e religiosos - aos quais o apóstolo ironicamente chama esses mestres judeus de cães — da mesma forma que eles chamavam os "não-judeus".
O evangelho e o cristão estão acima da cultura. O judeu entra no evangelho como judeu, o romano entra como romano, o brasileiro entra como brasileiro.
Do verso 4 do capítulo 3 em diante, o apóstolo rebate essa superioridade cultural dizendo que ele também teria motivos para se orgulhar — um verdadeiro hebreu, da tribo de Benjamim, membro dos fariseus, obediente à lei judaica, tão zeloso que perseguia a igreja e cumpria a lei com todo o rigor. E acreditem, tudo isso ele considera como lixo "para poder ganhar Cristo e ser encontrado Nele".
Compreender o poder da ressurreição de Cristo e conhecê-lo cada dia mais é a nossa identidade. Deixamos de buscar a nossa identidade em coisas que nos foram ensinadas e passamos a buscar quem somos na cruz. O amor sacrificial de Jesus substitui a identidade étnica por uma identidade com o amor sacrificial de Cristo, com o estar em Cristo e com a invasão da alegria escatológica que Cristo já nos traz.
"Quem quer que sempre eu seja, tu me conheces,
ó meu Deus, sou teu." (Bonhoeffer)*
*BONHOEFFER, D. Resistência e submissão: cartas e anotações escritas na prisão. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2005.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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