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Palavra do leitor

Quem são os eleitos da Igreja Invisivel de Deus?

"Queria acreditar na perfeição, mas insistir nisso, seria anular o que me faz imagem e semelhança de Deus: a capacidade de sonhar, de mudar, de transformar e de se refazer’’.

Texto de 1 Coríntios 15.3-4 – Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.

As conversas sobre salvação sempre pode abrir espaço para ser uma escolha já definida por Deus ou depende de o ser humano cumprir todo um conjunto de ritos e rituais, de sacramentos e de sacrificíos? Uns consideram ser papel de cada um de nós, em a conquistar. Em contrapartida, outros já se alinham a caber a Deus decidir, como livre para efetuar essa escolha de quem vai ser salvo ou não. Agora, se a salvação passa pela maneira como nos portamos e comportamos, indiscutivelmente, como uma espécie de mérito, por temos feito por merecer, então, Deus estaria obrigado a acatar e aceitar todos nossos esforços? Não paro por aqui, adentrar-se-ia numa autoajuda e não salvação?

Dou mais uma pinçada, o poder de Deus não perderia sua onipotência? Noutro lado, se a salvação independe do que venhamos fazer ou deixar de fazer, logo, como se tudo dependesse de Deus, por sua vez, seria responsável por permitir o mal e conivente com o sofrimento que aflige o ser humano ou não? Talvez, a resposta pode ser vista no livre-arbítrio, na liberdade de escolha do ser humano, a qual se confirma ser os eventos desabonadores da vida, como resultado da desobediência, nada mais. As matérias apontadas me lançam de imediato ao monge britânico Pelagius, do quinto século, visto como um dos mais ferrenhos e contundentes defensores do livre-arbítrio e da responsabilidade individual, na teologia cristã, e como um dos difusores das ideias do liberalismo individual. Aí ponho os pés e sigo as pegadas da Reforma Protestante, com a rígida linha de Lutero, por conceber a salvação como favor imerecido, com a anulação da salvação por mérito, por obras, por outros expedientes que coubesse ao ser humano. Em meio a tudo isso, ainda não cheguei a uma narrativa esclarecedora, com relação aos eleitos, quem são os eleitos ou não da Igreja Invisivel de Deus. De observar, como mencionar sobre essas abordagens, caso não traga ao cenário da discussão, João Calvino, a qual endossava e validava a salvação como ato de uma graça divina, de uma dádiva de Deus e sem qualquer ligação com a capacidade de fazermos por onde para alcançá-la. Por consequência, os sacramentos, os ritos, os rituais, as orações e sei lá mais o que não são suficientes para se consumar a salvação, porque se apresenta como um favor imerecido e, mesmo assim, quem são os eleitos? A doutrina da predestinação (e peço desculpas aos meus estimados apologistas da predestinação, porque tenho conhecidos que as firmam e confirmam, que as defendem e sustentam) me intriga profundamente. Digo isso, sem a intenção de polemicas tolas, cria-se uma sensação de angustia, de haver uma maior relevância a vida após a morte, do que com os desafios da realidade, por aqui. Seria possível haver indícios ou sinais ou indicativos para identificar os eleitos da igreja invisível de Deus ou dos seus eleitos? No caso em foco, o pensador Max Weber nos oferece a resposta de que a dedicação a vocação do trabalho, constituir-se-ia num sinal dos eleitos e, como efeito, os não adequados as vocações do trabalho estariam destinados aos não eleitos. O impacto dessas considerações leva-nos a conclusão de que parece estarmos num beco sem saída, como a mercê de um Deus tiranocida e de controvérsias. Sinceramente, ao olhar para o cosmos e para as demais obras Daquele que Tudo precede, ao Deus da tradição judaico cristã, adotar os ecos de ênfase de uns e outros não, como de uns e outros conseguem ou não, devido as suas ações, assemelhar-se-ia a retirar da vida a dimensão da humildade, da mudança e do mistério. As palavras aguçadas e afiadas do Eclesiastes (‘’retornei e observei debaixo do sol que a corrida não pertence aos mais ligeiros, nem a batalha, aos mais fortes, nem o pão é dos sábios, nem riquezas, de homens inteligentes, nem favor é para homens de habilidade; mas tempo e acaso ocorre a todos eles’’.), demonstra, de certa forma, o quanto a conexão com a Cruz de Cristo se dirigiu a todos e não a uns e outros não, o quanto independe do que faço ou não. Se fosse de outro modo, teríamos a constatação de uma criação feita por um Criador de muito mau gosto. Sempre deixo como destaque, evidentemente, não atrairei aplausos de muitos e seria demagogo. Anota-se, a salvação veio para todos, para todas as tribos, para todos os povos, para todas as raças, para todas as etnias e as palavras discorridas se pautam a declarar tais preceitos, o preceito do Deus ser humano Jesus Cristo, do impulso criativo de Deus para nos reconciliar, com o nosso Criador, com o nosso semelhante.
São Paulo - SP
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