Palavra do leitor
- 22 de outubro de 2017
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Que sacrifício buscar?
‘’O sacrifício de Cristo nos chama para relermos a vida, sem fechar as portas para o outro.’’
A palavra sacrifício me leva a uma leitura de estarmos sempre enredados nessa necessidade de obter perdão e libertação. Mesmo após o consumar da trajetória de Cristo, em favor de cada um de nós. Não adianta, vira e mexe, adentramos nas dimensões de um sacrifício normativo, de estereótipos, de práticas e atos, pelo qual desemboca em posturas comportamentais cheias de hipocrisia e vergonha. Dentre muitos, esparramados por ai, trago a memória os encontros de ceia, compromissados em declarar as pessoas desligadas, afastadas ou, como era uma linguagem corrente, colocadas no banco. De pronto, todos os demais se sentiam portadores de uma vida virtuosa, cumpridores de uma cartilha de sacrifícios e, por isso, permaneciam aprovados e escolhidos. Em contrapartida, mantinha os punidos com suas consciências tranquilizadas ou com a sensação de que, após essa passagem pelo deserto, pela exposição pública, pela purificação de suas almas, estariam remidos de suas ofensas e violações aos céus. É bem verdade, muitos se levantavam e preferiam seguir outros rumos ou não suportavam a opressão de serem como as ovelhas negras do rebanho e, o pior de tudo, carregaria essa mancha para sempre. De certo, passamos a conceber nossos cultos, mais parecidos com uma necessidade de oferecer algo, para que, assim sendo, tenha algum sentido, alguma valia, alguma eficiência, algum resultado. Acredito, sem rodeios, piamente, um dos motivos de um eco de repulsa dos Profeta Amós - 04. 1 – 5, Miquéias 6. 6 – 8, Jeremias 6. 20, Isaías 1. 11 – 18, porque toda aquela parafernália de sacríficos parar estar em dias com Deus, nada mais e menos, mantinha as pessoas numa espécie de ‘’encantamento do sagrado, engano da vontade divina, estupidez da fé’’. Em resumidas palavras, os Profetas bradaram mesmo, contra todos esses mecanismos de causa e efeito, sem cessar, como instrumento único para trazer uma sensação de ter cumprido e estar em dia. Deveras, nesse discurso, embora pautado na expiação dos pecados, do Cordeiro que foi imolado (1 Coríntios 5.7), de Jesus que se entregou por vós (Efésios 5.2) e isto parece nos levar a uma salvação que requer satisfação, uma forma de compensação e os sacrifícios se encaixam, com maestria singular. Ora, será, então, que Deus entra em oposição com Deus, consigo mesmo, de uma salvação volvida a uma radical crueldade e a uma radical bondade (de estabelecer sacrifícios cruéis, como a marginalização, a exclusão, a demonização de uns para, de tal modo, conseguirem o aplacar de todas as culpas de suas vidas)?
Vou adiante, se devo seguir a Deus, em função do amor e respeito gestado e procriado, por meio do Deus ser humano Jesus Cristo, como aceitar essa ditadura de sacrifícios, de atos aparentemente louváveis, entretanto, sem acarretar nenhuma profunda e séria restauração e reconciliação? Nessa linha de sacrifícios, muitos são dilubriados por caricaturas oportunistas que se aproveitam das massas desesperançadas para as direcionar as oferendas absurdas, com a intenção de as tirar de todo um estado de desgraças. Tristemente, como aceitar um Deus que exige tudo, como se tivéssemos de provar nossa devoção, com o sacrifício da entrega de bens, de posses, de recursos, de tempo, de nossa vida, quando isso deveria ser o brotar de uma relação aberta e inspirada pela Graça? Ora, isso me faz abrir as portas da Carta aos Hebreus que apresenta a palavra sacrifício, em quatorze vezes, das vinte e oito presente no novo testamento, Hebreus 5.1; 8.3; 9.9; 23.26; 10.1.5.8.11.12.26. Sem sombra de dúvida, essa carta define a transmissão de a morte de Cristo ter sido um sacrifício sacerdotal, com uma narrativa fundamental no que toca a condição, a situação e a dimensão da espiritualidade, da humanidade e da existência humana. Faz – se observar, conforme o texto de Hebreus 09. 1 – 10, todos os sistemas rituais, todos os sacrifícios exigidos, todos os códigos religiosos, impostos e exteriores ao ser humano, são incapazes de restaurar e reconciliar nosso ser. Por consequência, o verdadeiro sacrifício envolve nosso ser, nossa vida, nossa história, nossas decisões e respostas ao outro. Grosso modo, Jesus se oferece, por cada um de nós, remove o culto da imagem, do estereotipo, das condicionalidades, firma – se como a perfeita comunicação entre Deus e o ser humano, mostra que o encontro com Deus não se estriba nos cerimoniais, entretanto, segundo Hebreus 9.9 – 10, nos chama para fazer de nossa vida o espaço destinado ao aflorescer da simples e saudável espiritualidade, com a busca dos predicados da bondade, da justiça de restauração e reconciliação, do discípulo serviçal, da fé solidária e fraterna, caminhar pelo altruísmo e a solidariedade, pelo ouvir e pelo dialogar, ao estender as mãos e a começar a compreender a dádiva do dar, do dividir, do distribuir (Atos 20.35) e Tiago 01.27, em meio ao hedonismo e consumismo doentio.
A palavra sacrifício me leva a uma leitura de estarmos sempre enredados nessa necessidade de obter perdão e libertação. Mesmo após o consumar da trajetória de Cristo, em favor de cada um de nós. Não adianta, vira e mexe, adentramos nas dimensões de um sacrifício normativo, de estereótipos, de práticas e atos, pelo qual desemboca em posturas comportamentais cheias de hipocrisia e vergonha. Dentre muitos, esparramados por ai, trago a memória os encontros de ceia, compromissados em declarar as pessoas desligadas, afastadas ou, como era uma linguagem corrente, colocadas no banco. De pronto, todos os demais se sentiam portadores de uma vida virtuosa, cumpridores de uma cartilha de sacrifícios e, por isso, permaneciam aprovados e escolhidos. Em contrapartida, mantinha os punidos com suas consciências tranquilizadas ou com a sensação de que, após essa passagem pelo deserto, pela exposição pública, pela purificação de suas almas, estariam remidos de suas ofensas e violações aos céus. É bem verdade, muitos se levantavam e preferiam seguir outros rumos ou não suportavam a opressão de serem como as ovelhas negras do rebanho e, o pior de tudo, carregaria essa mancha para sempre. De certo, passamos a conceber nossos cultos, mais parecidos com uma necessidade de oferecer algo, para que, assim sendo, tenha algum sentido, alguma valia, alguma eficiência, algum resultado. Acredito, sem rodeios, piamente, um dos motivos de um eco de repulsa dos Profeta Amós - 04. 1 – 5, Miquéias 6. 6 – 8, Jeremias 6. 20, Isaías 1. 11 – 18, porque toda aquela parafernália de sacríficos parar estar em dias com Deus, nada mais e menos, mantinha as pessoas numa espécie de ‘’encantamento do sagrado, engano da vontade divina, estupidez da fé’’. Em resumidas palavras, os Profetas bradaram mesmo, contra todos esses mecanismos de causa e efeito, sem cessar, como instrumento único para trazer uma sensação de ter cumprido e estar em dia. Deveras, nesse discurso, embora pautado na expiação dos pecados, do Cordeiro que foi imolado (1 Coríntios 5.7), de Jesus que se entregou por vós (Efésios 5.2) e isto parece nos levar a uma salvação que requer satisfação, uma forma de compensação e os sacrifícios se encaixam, com maestria singular. Ora, será, então, que Deus entra em oposição com Deus, consigo mesmo, de uma salvação volvida a uma radical crueldade e a uma radical bondade (de estabelecer sacrifícios cruéis, como a marginalização, a exclusão, a demonização de uns para, de tal modo, conseguirem o aplacar de todas as culpas de suas vidas)?
Vou adiante, se devo seguir a Deus, em função do amor e respeito gestado e procriado, por meio do Deus ser humano Jesus Cristo, como aceitar essa ditadura de sacrifícios, de atos aparentemente louváveis, entretanto, sem acarretar nenhuma profunda e séria restauração e reconciliação? Nessa linha de sacrifícios, muitos são dilubriados por caricaturas oportunistas que se aproveitam das massas desesperançadas para as direcionar as oferendas absurdas, com a intenção de as tirar de todo um estado de desgraças. Tristemente, como aceitar um Deus que exige tudo, como se tivéssemos de provar nossa devoção, com o sacrifício da entrega de bens, de posses, de recursos, de tempo, de nossa vida, quando isso deveria ser o brotar de uma relação aberta e inspirada pela Graça? Ora, isso me faz abrir as portas da Carta aos Hebreus que apresenta a palavra sacrifício, em quatorze vezes, das vinte e oito presente no novo testamento, Hebreus 5.1; 8.3; 9.9; 23.26; 10.1.5.8.11.12.26. Sem sombra de dúvida, essa carta define a transmissão de a morte de Cristo ter sido um sacrifício sacerdotal, com uma narrativa fundamental no que toca a condição, a situação e a dimensão da espiritualidade, da humanidade e da existência humana. Faz – se observar, conforme o texto de Hebreus 09. 1 – 10, todos os sistemas rituais, todos os sacrifícios exigidos, todos os códigos religiosos, impostos e exteriores ao ser humano, são incapazes de restaurar e reconciliar nosso ser. Por consequência, o verdadeiro sacrifício envolve nosso ser, nossa vida, nossa história, nossas decisões e respostas ao outro. Grosso modo, Jesus se oferece, por cada um de nós, remove o culto da imagem, do estereotipo, das condicionalidades, firma – se como a perfeita comunicação entre Deus e o ser humano, mostra que o encontro com Deus não se estriba nos cerimoniais, entretanto, segundo Hebreus 9.9 – 10, nos chama para fazer de nossa vida o espaço destinado ao aflorescer da simples e saudável espiritualidade, com a busca dos predicados da bondade, da justiça de restauração e reconciliação, do discípulo serviçal, da fé solidária e fraterna, caminhar pelo altruísmo e a solidariedade, pelo ouvir e pelo dialogar, ao estender as mãos e a começar a compreender a dádiva do dar, do dividir, do distribuir (Atos 20.35) e Tiago 01.27, em meio ao hedonismo e consumismo doentio.
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