Palavra do leitor
- 07 de outubro de 2016
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Que bom, sou um impuro!
QUE BOM, SOU UM IMPURO!
‘’Somos a geração que se gaba de estar conectada, vinte e quatro horas, mas não conseguimos mais nos conectar com o olhar de quem esta, ao nosso lado, todos os dias. ’’
A vida, em uma típica realidade metropolitana, caso de São Paulo, na qual me encontro, traz um ritmo tresloucado, segundo a regência dos faróis. Para muitos, o dia deveria ter trinta e seis horas e, ainda assim, quem sabe, uma extensão seria bem vinda. De certo, acordamos movidos e impulsionados para não perder a hora, cumprir as demandas, resolver pendências e a palavra pausa, silêncio, diálogo, oração, equilíbrio, contemplação acaba por permanecerem dentro da gaveta. Afinal de contas, no ímpeto de uma cultura imediatista, em busca do sucesso, a todo e qualquer custo, muitos aderem, ferrenhamente, ao individualismo, a adoração do individuo autárquico. Enquanto isso, o senso e a percepção de comunidade, de convivência solidária, de urdir uma trama bem adornada de tolerância nem se fala mais. Dou um pulo e abordo essa questão sobre como anda nossa existência e espiritualidade, dentro do ora denominado corpo de Cristo. Digo isso, porque parece que não conseguimos também parar e ponderar sobre a vida e receamos qualquer via de inspiração e criatividade; lamentavelmente, não conseguimos frear e contemplar a vida, com sua primavera, com seu por do sol, com suas ondas ressoantes do mar e, enfim, com a beleza e a bondade. Nossos cânticos mais se assemelham a um jogo de cartas marcadas, mais voltados a massagear o ego de um Criador melindroso e narcisista para, então, receber algumas migalhas em troca. Nossas orações permanecem nas fronteiras de um dualismo (bem – mal, como se fosse aquela brincadeira: bem me quer, mal me quer). Nossa relação com a palavra se reduz a dispormos de um livro da sorte, a um amuleto, a um talismã, a uma caixa de fragmentos que se amoldem aos meus interesses e nada mais. Em meio a tudo isso, antes de acender aos céus, Jesus se encontra com os discípulos, sentam – se e ao saborear um assado de peixe desenha a Graça e seu compromisso com a vida. Sem nenhuma pieguice, o considerado primeiro milagre de Jesus tinha o vinho, como peça chave para o desfecho de um eminente fracasso, e o que dizer da multiplicação dos pães e peixes. Vou além, diante de tantas tutores da Cruz, como se Jesus tivesse abdicado de sua opção por curar, restaurar, reconciliar e animar a vida humana, sem rótulos, sem estigmas, sem eleitos e rejeitados, sem santos e profanos, sem certos e errados, sem judeus e gentios, sem este ou aquele, todos, indistintamente, abraçados, acolhidos, aninhados, alentados e ancorados no porto da fé inspiradora, criativa, imaginativa e transcendente. Verdadeiramente, quantos líderes não precisam ir a direção dessa pausa, encostar-se se no colo de um Deus, com aquele toque de mãe, quando tudo parece desmoronar? Quantos pastores acuados, nos esconderijos de seu gabinetes, sem alguém para o ouvir, jogar conversa fiada numa tarde (ao por do sol), de olhar para seus erros e equívocos, de perceber que não foi chamado para ser nenhum mito, nenhum ícone, nenhum semideus, nenhum caboclo, nenhum orixá e sei lá mais o que? Quantas mães cansadas de acreditar na condição de o seu filho voltar a viver, a trilhar pelos sonhos, a ser humano (porque está submerso nas senzalas das drogas facínoras)? Quantas casamentos na superfície, na aparência, no faz de conta? Quantas domingos, na igreja, sem sabor, sem viço, sem docilidade, sem inocência, sem recomeços? Quantas jovens na berlinda de a quem seguir e o por qual motivo? Quantos de nós não estamos a procura de um sentido, de um motivo e de um destino, diante das perdas, das falências, das derrocadas, dos dissabores? Quantos de nós não daria de tudo para abandonar e vestir o conformismo? Quantos de nós não estamos com as mãos abarrotadas de pedras emocionais para julgar, para condenar, para pisar, para pisotear, para cuspir palavras depreciadora e doentias, frutos de uma religiosidade de puros e impuros (puro, porque não perdeu a virgindade; impuro ou, melhor dito, impura, porque já teve seu corpo tocado; puro, porque se vale de um estereotipo clerical e impuro, porque veio com tatuagem; puro, porque fala em línguas estranhas, profetiza e revela e impuro, porque quer romper com a fé sem o verbo; puro, porque se restringe a uma relação vertical, eu e Deus, e impuro, porque quer partilhar, quer participar e ponderar; puro, porque casou, ainda, e impuro, porque vive com outro; puro, porque amaldiçoa o mundo e impuro, porque aceita o chamado para ser útil e benéfico; puro, porque não se masturba e impuro, porque se masturba, tem desejos pornográficos e por vai a lista interminável). Sinceramente, a Cruz de Cristo se inclina para os impuros, aqui, valho – me para gente, como eu e você, com o coração aberto para ser adoçado, para ser amado, para ser abraçado e para ser consolado, sem fazer disso nenhuma cartilha para nos desumanizarmos.
‘’Somos a geração que se gaba de estar conectada, vinte e quatro horas, mas não conseguimos mais nos conectar com o olhar de quem esta, ao nosso lado, todos os dias. ’’
A vida, em uma típica realidade metropolitana, caso de São Paulo, na qual me encontro, traz um ritmo tresloucado, segundo a regência dos faróis. Para muitos, o dia deveria ter trinta e seis horas e, ainda assim, quem sabe, uma extensão seria bem vinda. De certo, acordamos movidos e impulsionados para não perder a hora, cumprir as demandas, resolver pendências e a palavra pausa, silêncio, diálogo, oração, equilíbrio, contemplação acaba por permanecerem dentro da gaveta. Afinal de contas, no ímpeto de uma cultura imediatista, em busca do sucesso, a todo e qualquer custo, muitos aderem, ferrenhamente, ao individualismo, a adoração do individuo autárquico. Enquanto isso, o senso e a percepção de comunidade, de convivência solidária, de urdir uma trama bem adornada de tolerância nem se fala mais. Dou um pulo e abordo essa questão sobre como anda nossa existência e espiritualidade, dentro do ora denominado corpo de Cristo. Digo isso, porque parece que não conseguimos também parar e ponderar sobre a vida e receamos qualquer via de inspiração e criatividade; lamentavelmente, não conseguimos frear e contemplar a vida, com sua primavera, com seu por do sol, com suas ondas ressoantes do mar e, enfim, com a beleza e a bondade. Nossos cânticos mais se assemelham a um jogo de cartas marcadas, mais voltados a massagear o ego de um Criador melindroso e narcisista para, então, receber algumas migalhas em troca. Nossas orações permanecem nas fronteiras de um dualismo (bem – mal, como se fosse aquela brincadeira: bem me quer, mal me quer). Nossa relação com a palavra se reduz a dispormos de um livro da sorte, a um amuleto, a um talismã, a uma caixa de fragmentos que se amoldem aos meus interesses e nada mais. Em meio a tudo isso, antes de acender aos céus, Jesus se encontra com os discípulos, sentam – se e ao saborear um assado de peixe desenha a Graça e seu compromisso com a vida. Sem nenhuma pieguice, o considerado primeiro milagre de Jesus tinha o vinho, como peça chave para o desfecho de um eminente fracasso, e o que dizer da multiplicação dos pães e peixes. Vou além, diante de tantas tutores da Cruz, como se Jesus tivesse abdicado de sua opção por curar, restaurar, reconciliar e animar a vida humana, sem rótulos, sem estigmas, sem eleitos e rejeitados, sem santos e profanos, sem certos e errados, sem judeus e gentios, sem este ou aquele, todos, indistintamente, abraçados, acolhidos, aninhados, alentados e ancorados no porto da fé inspiradora, criativa, imaginativa e transcendente. Verdadeiramente, quantos líderes não precisam ir a direção dessa pausa, encostar-se se no colo de um Deus, com aquele toque de mãe, quando tudo parece desmoronar? Quantos pastores acuados, nos esconderijos de seu gabinetes, sem alguém para o ouvir, jogar conversa fiada numa tarde (ao por do sol), de olhar para seus erros e equívocos, de perceber que não foi chamado para ser nenhum mito, nenhum ícone, nenhum semideus, nenhum caboclo, nenhum orixá e sei lá mais o que? Quantas mães cansadas de acreditar na condição de o seu filho voltar a viver, a trilhar pelos sonhos, a ser humano (porque está submerso nas senzalas das drogas facínoras)? Quantas casamentos na superfície, na aparência, no faz de conta? Quantas domingos, na igreja, sem sabor, sem viço, sem docilidade, sem inocência, sem recomeços? Quantas jovens na berlinda de a quem seguir e o por qual motivo? Quantos de nós não estamos a procura de um sentido, de um motivo e de um destino, diante das perdas, das falências, das derrocadas, dos dissabores? Quantos de nós não daria de tudo para abandonar e vestir o conformismo? Quantos de nós não estamos com as mãos abarrotadas de pedras emocionais para julgar, para condenar, para pisar, para pisotear, para cuspir palavras depreciadora e doentias, frutos de uma religiosidade de puros e impuros (puro, porque não perdeu a virgindade; impuro ou, melhor dito, impura, porque já teve seu corpo tocado; puro, porque se vale de um estereotipo clerical e impuro, porque veio com tatuagem; puro, porque fala em línguas estranhas, profetiza e revela e impuro, porque quer romper com a fé sem o verbo; puro, porque se restringe a uma relação vertical, eu e Deus, e impuro, porque quer partilhar, quer participar e ponderar; puro, porque casou, ainda, e impuro, porque vive com outro; puro, porque amaldiçoa o mundo e impuro, porque aceita o chamado para ser útil e benéfico; puro, porque não se masturba e impuro, porque se masturba, tem desejos pornográficos e por vai a lista interminável). Sinceramente, a Cruz de Cristo se inclina para os impuros, aqui, valho – me para gente, como eu e você, com o coração aberto para ser adoçado, para ser amado, para ser abraçado e para ser consolado, sem fazer disso nenhuma cartilha para nos desumanizarmos.
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