Palavra do leitor
- 20 de janeiro de 2023
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Problemas da pregação expositiva
"Veio no deserto a palavra de Deus a João". Lucas 3:2
Percebo que existe certa euforia em torno da pregação expositiva. Tenha cuidado com todo tipo de euforia!
Abrir as Escrituras e expô-las, pregar a Palavra de Deus e só a Palavra, não ir além nem tão pouco ficar além daquilo que Deus está dizendo é uma virtude. Quanto a isso não restam dúvidas.
O apelo exagerado à pregação expositiva se dá devido ao medo dos excessos que descambam para um extremo indesejado: o pregador pega um texto bíblico (quando muito) e quando se percebe está pregando nada mais do que vãs filosofias, coisas de sua própria cabeça, de seu "achômetro". "Como teria sido edificante se ele tivesse ficado somente com aquilo que o texto está claramente dizendo..."
Até aqui tudo ótimo! Quais os problemas então?
Primeiro, nenhuma pregação será 100% expositiva, a não ser que a pessoa se limite a ficar repetindo o versículo n-vezes, e para cada palavra, usar 10 sinônimos possíveis, e valer-se de outras traduções, citando línguas originais ou não. Assim ele se deteve somente àquilo que o texto está dizendo. Não andou 1 mm fora. Infelizmente tentamos estes artifícios e assim a pregação se torna não o anúncio da Palavra de Deus, mas de nossa erudição. Tornando-se algo enfadonho e intragável para o púlpito de uma igreja onde o frescor do Espírito deveria dominar.
Segundo, toda pregação corresponde a um alto grau de interpretação. Ou seja, ninguém prega 100% só a Palavra escrita. Assim, para que a pregação não fique chata, ela é recheada de vários exemplos e ilustrações que não estão no texto Bíblico. Quer um exemplo disto? Olhe a série "the Chosen", há muito pouco de exposição 100% bíblica, mas muita criatividade que prende a atenção do público. E é nessa criatividade que pode haver ou não um cerne bíblico, pode haver achismos ou não, heresias ou não. Em resumo, o pregador pode se arrogar de fazer uma pregação expositiva, mas no fundo usa de sua liberdade como qualquer outro.
Finalizando, temos que pegar exemplos das próprias Escrituras. É notável que Paulo não usou textos da vida de Jesus dos Evangelhos, como parábolas, curas etc. para expor sua teologia em suas cartas. Jesus pegou o Livro de Isaias e simplesmente disse que aquela passagem estava se cumprindo. Em outras ocasiões pegou textos da Torá para explicar o conceito ou realidade da ressurreição dos mortos, em outra passagem ele tira o ensino para o sábado ou para confirmar sua vocação como Messias. Mais notável ainda é o uso que faz do mundo a sua volta para explicar verdades do Reino de Deus.
Assim, quando a Palavra vier a você, e isso acontece normalmente no deserto (como está exposto no texto), não se esconda atrás de regras ou tradições humanas: com toda a coragem pregue a Palavra, essa mesma que te veio, ainda que isso venha te custar a cabeça!
Percebo que existe certa euforia em torno da pregação expositiva. Tenha cuidado com todo tipo de euforia!
Abrir as Escrituras e expô-las, pregar a Palavra de Deus e só a Palavra, não ir além nem tão pouco ficar além daquilo que Deus está dizendo é uma virtude. Quanto a isso não restam dúvidas.
O apelo exagerado à pregação expositiva se dá devido ao medo dos excessos que descambam para um extremo indesejado: o pregador pega um texto bíblico (quando muito) e quando se percebe está pregando nada mais do que vãs filosofias, coisas de sua própria cabeça, de seu "achômetro". "Como teria sido edificante se ele tivesse ficado somente com aquilo que o texto está claramente dizendo..."
Até aqui tudo ótimo! Quais os problemas então?
Primeiro, nenhuma pregação será 100% expositiva, a não ser que a pessoa se limite a ficar repetindo o versículo n-vezes, e para cada palavra, usar 10 sinônimos possíveis, e valer-se de outras traduções, citando línguas originais ou não. Assim ele se deteve somente àquilo que o texto está dizendo. Não andou 1 mm fora. Infelizmente tentamos estes artifícios e assim a pregação se torna não o anúncio da Palavra de Deus, mas de nossa erudição. Tornando-se algo enfadonho e intragável para o púlpito de uma igreja onde o frescor do Espírito deveria dominar.
Segundo, toda pregação corresponde a um alto grau de interpretação. Ou seja, ninguém prega 100% só a Palavra escrita. Assim, para que a pregação não fique chata, ela é recheada de vários exemplos e ilustrações que não estão no texto Bíblico. Quer um exemplo disto? Olhe a série "the Chosen", há muito pouco de exposição 100% bíblica, mas muita criatividade que prende a atenção do público. E é nessa criatividade que pode haver ou não um cerne bíblico, pode haver achismos ou não, heresias ou não. Em resumo, o pregador pode se arrogar de fazer uma pregação expositiva, mas no fundo usa de sua liberdade como qualquer outro.
Finalizando, temos que pegar exemplos das próprias Escrituras. É notável que Paulo não usou textos da vida de Jesus dos Evangelhos, como parábolas, curas etc. para expor sua teologia em suas cartas. Jesus pegou o Livro de Isaias e simplesmente disse que aquela passagem estava se cumprindo. Em outras ocasiões pegou textos da Torá para explicar o conceito ou realidade da ressurreição dos mortos, em outra passagem ele tira o ensino para o sábado ou para confirmar sua vocação como Messias. Mais notável ainda é o uso que faz do mundo a sua volta para explicar verdades do Reino de Deus.
Assim, quando a Palavra vier a você, e isso acontece normalmente no deserto (como está exposto no texto), não se esconda atrás de regras ou tradições humanas: com toda a coragem pregue a Palavra, essa mesma que te veio, ainda que isso venha te custar a cabeça!
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