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Palavra do leitor

Preciso de um Deus inútil

"O ser religioso, seja secular ou transcendente, sempre acredita que suas crenças e ideias podem remediar o vazio de sua existência, mas, tão somente, tão somente, o chamado para a Graça nos mostra que a busca pela alegria indefinível pode nos curar de toda nossa opressão por buscar e não se saciar’’.

Texto de João 4.1-30

O título do texto pode até ressoar como um desatino e, mesmo assim, acredito ser convidativo para causar uma fundamental inquietação provocativa. Afinal de contas, estamos numa época marcada pela ideia de que somos levados em consideração se, porventura, formos úteis, tivermos alguma utilidade e se estivermos encaixados dentro do utilitarismo. Sem sombra de dúvida, temos perdido, cada vez mais, a capacidade sensível de curtir, de fruir, de aproveitar, de transcender dessa ciranda de meios e acabamos também como meios. Digo isso, a utilidade, o útil e o utilitário sempre se apresentam como precedentes para algo. Destarte, a cadeira, para eu sentar, o copo, para tomar água, o prato, para comer, a internet, para me interagir, a escola, para aprender, o carro, para me locomover e não posso descartar tais preceitos, entretanto, será possível quando caminhamos pela espiritualidade, pelo transcendente, por essa abertura a um futuro movido pela esperança, mesmo diante das tensões, das hostilidades, dos abusos, das perdas? Acredito, piamente, ser imprescindível ir a direção ou abrirmo-nos ao Deus inútil, alforriado de o conceber como um meio, como um expediente, como uma válvula de escape, como um artificio, como um paliativo. Decerto, essas palavras se movem em linha oposta aos arroubos discursos de uma fé preparadora ou de uma fé ferramenta para se chegar a alguma coisa ou a algum lugar, ou algum sonho, ou a alguma paixão, ou a algum desejo. Eis, aqui, categoricamente, a prevalência das campanhas, das profecias, das revelações e das orações fortes sempre alinhadas a atender um intento e nada mais. Diametralmente oposto, a profundidade e a intensidade da vida, da vida espiritual, de escutar o quanto a presença do Deus Ser Humano Jesus Cristo basta, sem fazer ou reduzir o evangelho a um expediente para se obter isso, aquilo ou acolá. Devo dizer, o evangelho das utilidades pode até remediar, mas não leva a uma dimensão a mais, a uma transcendência que me reuni com o outro, a uma esperança efusiva por não desistir da vida, de quem está ao meu lado e, inclusive, da minha própria vida. As palavras de Jesus para a mulher samaritana, se beberes dessa água, jamais terás sede. Em outras palavras, a presença de Jesus serve para nada, porque não há nada a ser alcançado, a Sua presença basta e ponto final. Não por menos, a presença do Deus Ser Humano Jesus Cristo basta, faz-se plena, torna-nos completos, eu a usufruo, eu a desfruto, eu me deleito, atinge sua finalidade, lança-me num manancial de alegria, de justiça, de paz e de esperança, sem alienação, sem bestificação, sem dissensão, sem estupidez. Ao se encontrar com esse Deus inútil, a mulher hemorrágica não mais necessitou ir além, porque se deparou com a finalidade da vida, como o jovem gadareno (não precisou fazer tantos e tantos meios de votos, de cultos de libertações e de outros meios para se alcançar algo, alguma coisa, porque a Sua presença nos faz contemplar, consuma-se e sem conceber a Cruz do Ressurrecto como um objeto para alguma utilidade, sem conceber a família como objeto para alguma utilidade, sem conceber a sua companheira ou companheiro como objeto para alguma utilidade, sem conceber o sexo, a amizade, o companheirismo, a fé, os relacionamentos para alguma utilidade, a salvação para alguma utilidade, a cura para alguma utilidade e etc). Ademais, o Deus dos evangelhos não se curva a ser uma utilidade, porque quer gestar o nosso presente com a perspectiva da eternidade, de um novo céu e de uma nova terra, a partir daqui, com os que choram, com os que estão desolados, desesperançados, desanimados, abatidos, descrentes, a partir do Deus inútil.

Baruch Há Shem!
São Paulo - SP
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