Palavra do leitor
- 07 de abril de 2009
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Prazer em conhecer!
Nasci em Minas, sou filho de uma professora e costureira que não sei como, mas lecionava nos três turnos e costurava de madrugada. Eu sempre digo que o homem lá de casa usa saias. Infância feliz, mesmo no início das drogas, lia muito e quando não tínhamos um livro, lia até bula de remédio, direto na química. Os distúrbios de sono de mamãe me atiçavam a curiosidade, fui ler a bula, proibia misturar bebida alcoólica... Eis o começo.
Mais tarde, quando as doses, mesmo aumentadas diariamente não resolviam a fissura, procurei drogas novas, pessoas novas e um novo e complicado mundo; só um viciado é capaz de descrever a falta da droga, eu escrevi tempos atrás que, se acorrentarmos um viciado e deixarmos a droga por perto, ele sacrificará o resto dos dentes roendo.
Chega uma hora, bem cedo, que droga perde a graça, viciado não sente prazer com drogas, ele sofre sem elas e assim usa drogas, a qualquer preço; qualquer custo.
Não há um dia certo pra começar no crime, meu dia foi após uma surra terrível, sem motivos, aplicada por conhecidos; no hospital conheci o homem que me ofereceu vingança e proteção, topei na hora mesmo sabendo que jamais sairia da gangue; aprendi várias funções, desde cão de guarda a cobrador, e tudo que fosse necessário e que ninguém, nem viciado devedor quisesse fazer. Era preciso mostrar gratidão; por anos seguidos.
Minha vida foi então virada ao avesso quando aceitei um convite pra assistir a um culto dos crentes; apoc 3: 20; deixei drogas, gangue, armas e fui morar em outra cidade, era conhecido, apanhei muito de polícia, apanhei até de gente que apanhava de mim antes de Jesus; mudavam-me de lugar, fiquei na rua, até numa igreja eu morei; perambulei por aí.
Belo Horizonte, 1985, trabalhava como cinegrafista e dava testemunho em igrejas, escolas; neste tempo, gente como eu era chamada de ralé do céu pelos crentes de nascença, estava deprimido, minha sensação era de ter entendido errado, de ter aceito um convite que não me fizeram, aquela luta pra ser crente igual aos crentes e DEUS me olhando atravessado. Desesperei.
Tentei desistir, era infeliz, mais que antes de ter Jesus, não queria voltar a ser ladrão nem cão de guarda, nem cobrador, mas pra ser crente eu não servia, nem prestava. Trabalhei como voluntário em tudo que era missão que não oferecia salário nem vida mansa, nem assim DEUS parecia ir com a minha cara. Descobri que cadeia não é o único lugar ruim do mundo. Quis morrer.
Numa segunda-feira cedo, descendo a rua dos tupis - BH, li na porta de uma igreja enorme: “ Bem de manhã “Venha orar conosco”, na agonia eu entrei, sentei bem atrás; atrás é mais fácil pra ir embora. Gente orando; eu não consegui orar, eu só consegui chorar, amargo e desesperado, lembrando o dia em que aceitei Jesus, querendo descobrir como fui sair de uma vida ruim pra abraçar uma vida triste.
Sem tempo pra fugir, umas pessoas se aproximaram, uma jovem sentou do lado e foi tão gente boa que eu até esqueci quem eu era, “ralé do céu”. Descansei, parecia menino chegando em casa depois da escola, seguro; era Lúcia Estela do Paulo Costa, amiga até hoje, e Rodrigo da Ivana, Jonas eu conheci em seguida. Ninguém foi mais feliz que eu.
Por muitos anos frequentei a casa do Paulo e da Lúcia, da família Bonfatti e fui professor de EBD, reeditei o livro “Um Grito no Escuro” e daí, seminário; começa a queda, passei a escolher em qual igreja pregaria, só nas grandes; namorava uma moça crente, mas tinha uma incrédula, que nunca levei à igreja; entrei pra “fraternidade do choppinho sem remorso” e em muito pouco tempo o seminário, a igreja na periferia, os empregos, o noivado e tudo virou fumaça.
Cinco meses, tempo suficiente pra voltar às ruas, sem trabalho fui “manguear” em frente ao SUS - Campos Salles, nova suíça – BH; local onde antes distribuía sopa, evangelizava e de onde tirei vários mendigos; era mendigo onde fora missionário. Ninguém foi mais infeliz que eu.
Cadeia, pneumonia, derrame de pleura, surras, chão gelado, estafeta de Barbie e quando agonizava ficava na esquina da rua dos tupis, tentando ouvir um pedaço de hino na Central. Até o dia em que voltei pra igreja, enfermo. Muitos ajudaram, mas ajuda mesmo foi o rev. Edson e Paulo Costa me mandarem pra Missão Vida. Foi aqui, sem glamour nem holofotes que Deus tratou comigo, conheci profundamente o amor e a mão de Deus, amém! É meu quarto ano, sou obreiro de triagem, estudo, escrevo, sirvo e sou feliz. A Missão Vida é o mais antigo e maior centro de recuperação de mendigos do país, 25 anos, 353 vagas em regime de internato, tudo gratuito e de excelente qualidade. O mundo precisa urgente de mais Wildos e Arnaldos.
Eu que passei tantas noites roubando e surrando mendigos, hoje gasto meus dias e noites servindo a estes pequeninos como quem serve ao Senhor em pessoa.
(TESTEMUNHO: missionário Magno Aquino, ex-interno do centro de recuperação de mendigos - Missão Vida )
www.mvida.org.br / www.sola-scriptura.com
Mais tarde, quando as doses, mesmo aumentadas diariamente não resolviam a fissura, procurei drogas novas, pessoas novas e um novo e complicado mundo; só um viciado é capaz de descrever a falta da droga, eu escrevi tempos atrás que, se acorrentarmos um viciado e deixarmos a droga por perto, ele sacrificará o resto dos dentes roendo.
Chega uma hora, bem cedo, que droga perde a graça, viciado não sente prazer com drogas, ele sofre sem elas e assim usa drogas, a qualquer preço; qualquer custo.
Não há um dia certo pra começar no crime, meu dia foi após uma surra terrível, sem motivos, aplicada por conhecidos; no hospital conheci o homem que me ofereceu vingança e proteção, topei na hora mesmo sabendo que jamais sairia da gangue; aprendi várias funções, desde cão de guarda a cobrador, e tudo que fosse necessário e que ninguém, nem viciado devedor quisesse fazer. Era preciso mostrar gratidão; por anos seguidos.
Minha vida foi então virada ao avesso quando aceitei um convite pra assistir a um culto dos crentes; apoc 3: 20; deixei drogas, gangue, armas e fui morar em outra cidade, era conhecido, apanhei muito de polícia, apanhei até de gente que apanhava de mim antes de Jesus; mudavam-me de lugar, fiquei na rua, até numa igreja eu morei; perambulei por aí.
Belo Horizonte, 1985, trabalhava como cinegrafista e dava testemunho em igrejas, escolas; neste tempo, gente como eu era chamada de ralé do céu pelos crentes de nascença, estava deprimido, minha sensação era de ter entendido errado, de ter aceito um convite que não me fizeram, aquela luta pra ser crente igual aos crentes e DEUS me olhando atravessado. Desesperei.
Tentei desistir, era infeliz, mais que antes de ter Jesus, não queria voltar a ser ladrão nem cão de guarda, nem cobrador, mas pra ser crente eu não servia, nem prestava. Trabalhei como voluntário em tudo que era missão que não oferecia salário nem vida mansa, nem assim DEUS parecia ir com a minha cara. Descobri que cadeia não é o único lugar ruim do mundo. Quis morrer.
Numa segunda-feira cedo, descendo a rua dos tupis - BH, li na porta de uma igreja enorme: “ Bem de manhã “Venha orar conosco”, na agonia eu entrei, sentei bem atrás; atrás é mais fácil pra ir embora. Gente orando; eu não consegui orar, eu só consegui chorar, amargo e desesperado, lembrando o dia em que aceitei Jesus, querendo descobrir como fui sair de uma vida ruim pra abraçar uma vida triste.
Sem tempo pra fugir, umas pessoas se aproximaram, uma jovem sentou do lado e foi tão gente boa que eu até esqueci quem eu era, “ralé do céu”. Descansei, parecia menino chegando em casa depois da escola, seguro; era Lúcia Estela do Paulo Costa, amiga até hoje, e Rodrigo da Ivana, Jonas eu conheci em seguida. Ninguém foi mais feliz que eu.
Por muitos anos frequentei a casa do Paulo e da Lúcia, da família Bonfatti e fui professor de EBD, reeditei o livro “Um Grito no Escuro” e daí, seminário; começa a queda, passei a escolher em qual igreja pregaria, só nas grandes; namorava uma moça crente, mas tinha uma incrédula, que nunca levei à igreja; entrei pra “fraternidade do choppinho sem remorso” e em muito pouco tempo o seminário, a igreja na periferia, os empregos, o noivado e tudo virou fumaça.
Cinco meses, tempo suficiente pra voltar às ruas, sem trabalho fui “manguear” em frente ao SUS - Campos Salles, nova suíça – BH; local onde antes distribuía sopa, evangelizava e de onde tirei vários mendigos; era mendigo onde fora missionário. Ninguém foi mais infeliz que eu.
Cadeia, pneumonia, derrame de pleura, surras, chão gelado, estafeta de Barbie e quando agonizava ficava na esquina da rua dos tupis, tentando ouvir um pedaço de hino na Central. Até o dia em que voltei pra igreja, enfermo. Muitos ajudaram, mas ajuda mesmo foi o rev. Edson e Paulo Costa me mandarem pra Missão Vida. Foi aqui, sem glamour nem holofotes que Deus tratou comigo, conheci profundamente o amor e a mão de Deus, amém! É meu quarto ano, sou obreiro de triagem, estudo, escrevo, sirvo e sou feliz. A Missão Vida é o mais antigo e maior centro de recuperação de mendigos do país, 25 anos, 353 vagas em regime de internato, tudo gratuito e de excelente qualidade. O mundo precisa urgente de mais Wildos e Arnaldos.
Eu que passei tantas noites roubando e surrando mendigos, hoje gasto meus dias e noites servindo a estes pequeninos como quem serve ao Senhor em pessoa.
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