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Palavra do leitor

Prática ou teoria da verdade - o que liberta?

O fácil diagnóstico do homem moderno feito por Paul Tournier (1898-1986) se destaca sobre a engenhosa construção proposta por Francis Schaeffer (1912-1984) em "a morte da razão". Partindo também de conceitos filosóficos, Tournier, em Mitos e Neuroses, pondera que "o homem moderno acredita ter suprimido deste mundo os valores, a poesia, a consciência moral, mas não fez mais do que uma repressão, e por isso sofre".

Schaeffer, no livreto supracitado, foi incapaz de oferecer as soluções eficazes e sustentáveis para a crise do homem moderno. Sua leitura das artes, literatura, pinturas é bem preconceituosa. Nota-se a certa altura quando num tom escandalizado ele diz: "agora era a amante do rei, com um seio à vista - e a graça estava morta! Enquanto nos tempos precedentes a representação seria de Maria amamentando o menino Jesus".

Ainda que tais representações da época tenham chocado e outras de hoje choquem (como por exemplo o filme "a última tentação de Cristo" ou "o código Da Vince") elas podem ser e devem ser encaradas sob outra perspectiva.

A Bíblia mesmo nos diz que onde abundou o pecado, superabundou a graça. O pecado após a queda entrou na humanidade para ficar. Nem sempre o pecado sobeja, mas onde ele excede, a graça sobeja. As artes representam esse estado tanto de graça como de desgraça humana e isso de forma criativa e nova para que se mantenham interessantes.

As artes imitam a realidade ou a realidade imita as artes? Ambas estão correlacionadas. Por um lado arte e cultura são expressões predominantemente da alma e principalmente das emoções humanas. Por outro lado elas nos inspiram e nos levam a repensar nosso viver. Embora o elemento racional esteja presente, temos nas artes especialmente a emoção, como o protagonista que flui, por isso é bela. As emoções geralmente não medem conseqüências. Isso não as legitimam mas as tornam autênticas e devem assim ser respeitadas. (É melhor aceitarmos as formas de expressão provocativas de um cartunista do que a revangista de um terrorista).

O problema então não está em retratar um seio feminino ou uma mulher adúltera, nem muito menos em colocar essas duas figuras em um cenário tido por sacro. Uma sociedade hipócrita será sempre vilã e vítima de suas próprias contradições.

Assim quando vemos hoje no Brasil coisas que nos chocam no palco artístico, temos que como igreja pensar: como poderemos ser sal e luz? Como conservar nosso sabor e força? Onde temos falhado? E não simplesmente nos escandalizarmos, apontarmos o dedo e dizermos a graça morreu. E pregarmos um sermão teológico, bem elaborado racionalmente. Não. Nessas horas é onde a graça melhor pode mostrar sua prevalência sobre o pecado.

A repressão apontada por Paul Tournier tende a crescer mais quando nos apegamos ainda mais à razão, à lógica em detrimento de nossos sentimentos.

Por isso são catastróficos os efeitos do neo-fundamentalismo. Por isso o grande inimigo da igreja sempre foi a turma do legalismo e não a de pecadores.

Precisamos nos interagir e nos expormos para a sociedade, assimilando sem medo o que ela nos propõe, temos que nos identificar com as pessoas que nos rodeiam e não esperar que elas se identifiquem conosco. Como um grão de trigo que cai na terra suja e morre e se desfaz, assim não ficaremos sozinhos mas daremos nossos frutos.

Ao invés de aumentarmos o número de seminários, cursos de teologia, os programas de rádios, TVs e internet é hora da igreja acordar para a prática coerente. Menos kerigma e mais koynonia, mais diaconia, mais Vida fora da igreja. Pois há momentos (a maioria deles, diga-se de passagem) onde as palavras não resolvem, mas gestos demonstram nosso amor.

Só assim podemos ser efetivos em ajudar o homem moderno em sua crise. Pois "chegará um dia em que recobrará os tesouros da infância e voltará às crenças dentro das quais foi educado e aos princípios que lhe foram transmitidos, porque eram verdadeiros. A vida fará com que os redescubra. Mas então lhes dará um tom pessoal, assumindo-os como se fossem convicções próprias, fundadas em suas experiências mais íntimas" (Paul Tournier, em Mitos e neuroses).

www.fraternus.de
Fürth - EX
Textos publicados: 291 [ver]
Site: http://teologia-livre.blogspot.de/

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