Palavra do leitor
- 03 de dezembro de 2009
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Praia, amendoim e filosofia divina
O dia amanheceu encantador, como todos os outros. Após uma refeição generosa, algumas palavras trocadas com os filhos, antes que saiam para o trabalho, e o recebimento de uma mensagem de adiamento de um compromisso, decido ir a praia. Faz tempo que não atrevo a me expor ao sol escaldante do lugar, mesmo com o azul irresístivel do mar.
Inicio os preparativos com uma boa cobertura de um protetor solar, ecológico é claro. Protejo os cabelos com um hidratante. Procuro os óculos, precisam que ser escuros com grau. Escolho um biquini, envolvo-me num pedaço de pano que chamam de canga e reúno numa bolsa resistente ao sal e ao sol, alguns bagulhos que vou precisar para curtir a manhã ensolarada: grana, pente, celular e o tubo de protetor solar para reforço caso a barra pese, livro e caneta. Lá vou eu. Moro a quatro quadras do mar, mas opto pelo carro, para diminuir as horas de exposição a esse astro incandescente.
A praia estava linda, como sempre. A areia, aquela hora já escalpelando de quente, e o mar, sequinho de maré vazante, convidavam para uma caminhada com os pés na água. Livro-me de tudo que possa atrapalhar o meu encontro com a natureza. Não fico nua claro, mas bem que gostaria. A minha ousadia só me permite tirar os sandálias e a canga. Bolsa à tiracolo, começo a caminhar e sentir a brisa que sopra querendo minimizar os açoites dos raios solares. Crianças, velhos e moços passam por mim, sinto-me dividida entre o mar e as fabulosas construções da orla… É assim que quero morar na eternidade, aproveito para mandar o recado ao meu Salvador. Lembro de uma visita a um apê dessas torres tão altas e envidraçadas, quando tive a sensação de estar no paraíso: céu, mar azul e luz por todos os lados… Fico pensando na lógica dos homens; será que Ele chegou a cogitar sobre essa dialética? Quanto mais destroem o que Ele criou, mais particulares se tornam essas paisagens divinas e, é só assim, que passam a ser valorizadas pelos que podem e os que não podem pagar por um pedacinho.
Depois da caminhada, não abro mão de parar numa das cadeiras disponíveis na areia e ficar por algumas horas a olhar o mar com o seu movimento incessante. Hoje não foi diferente. Escolhido o local, arrumo os meus pertences na cadeira e antes de iniciar a minha ação na não ação, vou dar um mergulho, coisa que também a tempos não fazia. Água morna, limpa e transparente. Curto cada onda que passa, me transformo num misto de criança e peixe. Aproveito para alongar o corpo e fazer exercícios que fora d´agua seriam impossíveis. Dou algumas braçadas para um lado e para outro. Agora vejo mundo do lado de lá. Uma selva de pedras. Torres muito altas, escondem todos os sinais do verde. A vida passa a ser sinônimo de burburinho, ruídos, aceleração e produção do formigueiro humano. Seus sub-produtos, são poluentes do ar e da alma: gases carbonicos, lixo não reciclável, ansiedades, medos, violência, pobreza e alienação. Ninguém mais pode parar, sob o risco de perder o trem. Mas que trem? O Expresso 2222, o trem que parte prá depois do que ninguém sabe (talvez Gil saiba, será?). O comboio que engana, pecorre o caminho da miragem que um dia se revelará deserto.
Saio dágua. Volto para minha cadeira e minha realidade. Sede e vontade de comer. Peço um refrigerante e fico na espreita a fim de encontrar algo para mastigar. Surge o vendedor de amendoins, amo amendoins. Compro um pacote dos cozidos na casca, os meus prediletos. Abro o saquinho e começo o movimento de abrir cada amendoim para lhe descobrir a semente. Pequena, macia e de sabor forte. Um processo lento, desses que as pessoas não estão mais acostumadas. Agora tudo é pronto, artificial e veloz. É nesse ritual que me pego produzindo todas as ideias para esse texto que agora componho. Concluo que comer amendoins, retirando-lhes a casca um a um, diminue o meu ritmo, me faz pensar e me leva a querer uma vida diferente do mundo e para o mundo. Interessante. O Senhor anda a me dizer as mesmas coisas... Vixe!
Inicio os preparativos com uma boa cobertura de um protetor solar, ecológico é claro. Protejo os cabelos com um hidratante. Procuro os óculos, precisam que ser escuros com grau. Escolho um biquini, envolvo-me num pedaço de pano que chamam de canga e reúno numa bolsa resistente ao sal e ao sol, alguns bagulhos que vou precisar para curtir a manhã ensolarada: grana, pente, celular e o tubo de protetor solar para reforço caso a barra pese, livro e caneta. Lá vou eu. Moro a quatro quadras do mar, mas opto pelo carro, para diminuir as horas de exposição a esse astro incandescente.
A praia estava linda, como sempre. A areia, aquela hora já escalpelando de quente, e o mar, sequinho de maré vazante, convidavam para uma caminhada com os pés na água. Livro-me de tudo que possa atrapalhar o meu encontro com a natureza. Não fico nua claro, mas bem que gostaria. A minha ousadia só me permite tirar os sandálias e a canga. Bolsa à tiracolo, começo a caminhar e sentir a brisa que sopra querendo minimizar os açoites dos raios solares. Crianças, velhos e moços passam por mim, sinto-me dividida entre o mar e as fabulosas construções da orla… É assim que quero morar na eternidade, aproveito para mandar o recado ao meu Salvador. Lembro de uma visita a um apê dessas torres tão altas e envidraçadas, quando tive a sensação de estar no paraíso: céu, mar azul e luz por todos os lados… Fico pensando na lógica dos homens; será que Ele chegou a cogitar sobre essa dialética? Quanto mais destroem o que Ele criou, mais particulares se tornam essas paisagens divinas e, é só assim, que passam a ser valorizadas pelos que podem e os que não podem pagar por um pedacinho.
Depois da caminhada, não abro mão de parar numa das cadeiras disponíveis na areia e ficar por algumas horas a olhar o mar com o seu movimento incessante. Hoje não foi diferente. Escolhido o local, arrumo os meus pertences na cadeira e antes de iniciar a minha ação na não ação, vou dar um mergulho, coisa que também a tempos não fazia. Água morna, limpa e transparente. Curto cada onda que passa, me transformo num misto de criança e peixe. Aproveito para alongar o corpo e fazer exercícios que fora d´agua seriam impossíveis. Dou algumas braçadas para um lado e para outro. Agora vejo mundo do lado de lá. Uma selva de pedras. Torres muito altas, escondem todos os sinais do verde. A vida passa a ser sinônimo de burburinho, ruídos, aceleração e produção do formigueiro humano. Seus sub-produtos, são poluentes do ar e da alma: gases carbonicos, lixo não reciclável, ansiedades, medos, violência, pobreza e alienação. Ninguém mais pode parar, sob o risco de perder o trem. Mas que trem? O Expresso 2222, o trem que parte prá depois do que ninguém sabe (talvez Gil saiba, será?). O comboio que engana, pecorre o caminho da miragem que um dia se revelará deserto.
Saio dágua. Volto para minha cadeira e minha realidade. Sede e vontade de comer. Peço um refrigerante e fico na espreita a fim de encontrar algo para mastigar. Surge o vendedor de amendoins, amo amendoins. Compro um pacote dos cozidos na casca, os meus prediletos. Abro o saquinho e começo o movimento de abrir cada amendoim para lhe descobrir a semente. Pequena, macia e de sabor forte. Um processo lento, desses que as pessoas não estão mais acostumadas. Agora tudo é pronto, artificial e veloz. É nesse ritual que me pego produzindo todas as ideias para esse texto que agora componho. Concluo que comer amendoins, retirando-lhes a casca um a um, diminue o meu ritmo, me faz pensar e me leva a querer uma vida diferente do mundo e para o mundo. Interessante. O Senhor anda a me dizer as mesmas coisas... Vixe!
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