Palavra do leitor
- 05 de abril de 2009
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Por um prato de lentilhas
Como alguém, em sã consciência, pode, em troca de nada, desprezar algo tão valioso que garantia o seu futuro e o futuro de sua descendência? Por que trocar o permanente pelo transitório, o durável pelo instável, o grande pelo pequeno? Como pode alguém abrir mão de um valor imensurável por algo tão mesquinho, sem valor permanente algum?
Estou falando de Esaú, o filho primogênito do Patriarca Isaque. Isaque é o segundo personagem dessa história que Deus iniciou com o seu ancestral Abraão. Não é uma história qualquer, escrita para um momento, como a notícia corriqueira de um jornal diário; nem uma história fictícia de personagens míticos que ficaram esquecidos na poeira do tempo. Era uma história para o passado, presente e futuro; portanto, para todas as gerações. E naquele contexto histórico, que tem Deus como seu autor, Esaú, como filho primogênito, era o legítimo guardião do futuro glorioso de seu povo. Ele era, por direito, o detentor da bênção patriarcal, uma bênção solene da família que era dada nas despedidas (Gn 24.60; 28.1-5) ou quando a morte era iminente. Esta bênção poderia ser dada somente a uma pessoa e não podia ser alterada em hipótese alguma. As bênçãos patriarcais de Abraão, Isaque e Jacó tinham um grande significado espiritual porque Deus usou dos costumes sociais daqueles tempos para comunicar seus propósitos soberanos. Era a bênção do direito de primogenitura, a qual pertencia a Esaú.
Mas, o que temos no relato deste fato, a partir da atitude de Esaú, é algo muito triste e que provoca indignação. Num instante banal de vontade de comer (fome é um fenômeno que ocorre por volta do sétimo dia sem alimentação suficiente), ele simplesmente põe tudo a perder. Assim segue o diálogo com Jacó: “Dê-me um pouco desse ensopado vermelho aí. Estou faminto! Respondeu Jacó: Venda-me primeiro o deu direito de filho mais velho. Disse Esaú: Estou quase morrendo. De que me vale esse direito? (...) Assim Esaú desprezou o seu direito de filho mais velho” (Gn 25.29-34-NVI). A expressão “dê-me um pouco desse ensopado vermelho aí. Estou faminto!”, indica no hebraico aqui um pedido apressado e impulsivo de alguém que vive para o momento, para o aqui e agora. Alguém que revela um caráter medíocre, propenso para coisas de somenos importância. Esaú era um homem profano, um tempestuoso homem do campo que, com visão curta e consciência moral instável, gratificou seu apetite e desprezou a herança futura da família. O primogênito tinha o direito de ser o herdeiro principal das fortunas da família (Gn 27.33; Dt 21.17; 1Cr 5.1-2). Na família da aliança, esta fortuna incluía a essência da bênção abraâmica e terra (Gn 12.2-3,7). Seria ele uma espécie de representante legal de Deus na vida de seu clã; o protetor, o provedor da subsistência e garantia de vida de seu povo. Que privilégio! Mas Esaú preferiu jogar tudo no lixo por um prato de lentilhas.
O Esaú de ontem é também o Esaú de hoje. Paulo, argumentando sobre a fé e a justificação do patriarca Abraão no Antigo Testamento (Rm 4), exegeticamente afirma que “ele é o pai de todos os que crêem, sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a eles” (v.11b-NVI). Ou seja, por extensão, como crentes em Cristo Jesus, somos incluídos, pela fé, na descendência de Abraão e, por conseqüência, participantes da mesma bênção. E assim sendo, muitos “Esaús” estão negligenciando o privilégio presente e futuro de uma ‘bênção’ ainda maior: a bênção da salvação. Por interesses mesquinhos, pelo egoísmo exacerbado e pela total avareza, muitos crentes, com o caráter profano de Esaú, estão se lançando ao imediatismo, ao aqui e agora, quando em busca de uma saciedade momentânea, estão desprezando o valor imensurável da vida com Deus. Daí termos a seguinte advertência: “(...) Como escaparemos, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram. Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade” (Hb 2.3-4-NVI).
Isto é tão sério, que o autor de Hebreus, tratando da temática da salvação, assim nos comunica: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor. Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos; que não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas” (12.14-17-NVI).
Que nada, absolutamente nada, por maior que seja, por melhor que pareça, tome o lugar da bênção da salvação em nosso viver. Que o “prato de lentilhas”, por mais saboroso que seja, jamais, possa superar o prazer e a esperança da vida com Deus!
Estou falando de Esaú, o filho primogênito do Patriarca Isaque. Isaque é o segundo personagem dessa história que Deus iniciou com o seu ancestral Abraão. Não é uma história qualquer, escrita para um momento, como a notícia corriqueira de um jornal diário; nem uma história fictícia de personagens míticos que ficaram esquecidos na poeira do tempo. Era uma história para o passado, presente e futuro; portanto, para todas as gerações. E naquele contexto histórico, que tem Deus como seu autor, Esaú, como filho primogênito, era o legítimo guardião do futuro glorioso de seu povo. Ele era, por direito, o detentor da bênção patriarcal, uma bênção solene da família que era dada nas despedidas (Gn 24.60; 28.1-5) ou quando a morte era iminente. Esta bênção poderia ser dada somente a uma pessoa e não podia ser alterada em hipótese alguma. As bênçãos patriarcais de Abraão, Isaque e Jacó tinham um grande significado espiritual porque Deus usou dos costumes sociais daqueles tempos para comunicar seus propósitos soberanos. Era a bênção do direito de primogenitura, a qual pertencia a Esaú.
Mas, o que temos no relato deste fato, a partir da atitude de Esaú, é algo muito triste e que provoca indignação. Num instante banal de vontade de comer (fome é um fenômeno que ocorre por volta do sétimo dia sem alimentação suficiente), ele simplesmente põe tudo a perder. Assim segue o diálogo com Jacó: “Dê-me um pouco desse ensopado vermelho aí. Estou faminto! Respondeu Jacó: Venda-me primeiro o deu direito de filho mais velho. Disse Esaú: Estou quase morrendo. De que me vale esse direito? (...) Assim Esaú desprezou o seu direito de filho mais velho” (Gn 25.29-34-NVI). A expressão “dê-me um pouco desse ensopado vermelho aí. Estou faminto!”, indica no hebraico aqui um pedido apressado e impulsivo de alguém que vive para o momento, para o aqui e agora. Alguém que revela um caráter medíocre, propenso para coisas de somenos importância. Esaú era um homem profano, um tempestuoso homem do campo que, com visão curta e consciência moral instável, gratificou seu apetite e desprezou a herança futura da família. O primogênito tinha o direito de ser o herdeiro principal das fortunas da família (Gn 27.33; Dt 21.17; 1Cr 5.1-2). Na família da aliança, esta fortuna incluía a essência da bênção abraâmica e terra (Gn 12.2-3,7). Seria ele uma espécie de representante legal de Deus na vida de seu clã; o protetor, o provedor da subsistência e garantia de vida de seu povo. Que privilégio! Mas Esaú preferiu jogar tudo no lixo por um prato de lentilhas.
O Esaú de ontem é também o Esaú de hoje. Paulo, argumentando sobre a fé e a justificação do patriarca Abraão no Antigo Testamento (Rm 4), exegeticamente afirma que “ele é o pai de todos os que crêem, sem terem sido circuncidados, a fim de que a justiça fosse creditada também a eles” (v.11b-NVI). Ou seja, por extensão, como crentes em Cristo Jesus, somos incluídos, pela fé, na descendência de Abraão e, por conseqüência, participantes da mesma bênção. E assim sendo, muitos “Esaús” estão negligenciando o privilégio presente e futuro de uma ‘bênção’ ainda maior: a bênção da salvação. Por interesses mesquinhos, pelo egoísmo exacerbado e pela total avareza, muitos crentes, com o caráter profano de Esaú, estão se lançando ao imediatismo, ao aqui e agora, quando em busca de uma saciedade momentânea, estão desprezando o valor imensurável da vida com Deus. Daí termos a seguinte advertência: “(...) Como escaparemos, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram. Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade” (Hb 2.3-4-NVI).
Isto é tão sério, que o autor de Hebreus, tratando da temática da salvação, assim nos comunica: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor. Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos; que não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas” (12.14-17-NVI).
Que nada, absolutamente nada, por maior que seja, por melhor que pareça, tome o lugar da bênção da salvação em nosso viver. Que o “prato de lentilhas”, por mais saboroso que seja, jamais, possa superar o prazer e a esperança da vida com Deus!
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