Palavra do leitor
- 15 de julho de 2021
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Por quem os sinos tocam?
Caminhando pelas ruas da cidade e observando alguns templos cristãos, deparo-me com dois dos símbolos que eles apresentam em suas entradas. Estão lá, quase sempre conjugados, alguns bem simples, outros mais sofisticados. A madeira de um fazendo companhia ao ferro ou bronze do outro. Quanto significado carregam em si, quanta história por trás deles. A cruz e o sino, sem dúvida, são duas das mais icônicas representações da cristandade e nos lembram que Deus veio ao encontro do homem, que o caminho da reconciliação veio de cima para baixo e que a nossa jornada, que não é cíclica, mas linear, nos leva de volta à casa paterna.
Enquanto a cruz é silenciosa, o sino se mexe, toca, produz som, "fala-nos" por meio de suas badaladas. Este é mais recente, parece ter surgido lá no início da Idade Média. Aquela é mais antiga, sendo já usada no Império Romano para ser um instrumento de tortura e morte para seus adversários. Porém, ironicamente, passaria para a História como símbolo de redenção e vitória e, até mesmo o mais cético dos viventes, ao vê-la, lembra-se do mais ilustre condenado nela pregado vertendo ali um sangue inocente, capaz de salvar o homem de si mesmo, aquele de quem se diz: "...foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados" (Is 53.5).
Observando os sinos durante minha caminhada, uma pergunta me vem à mente: por quem eles tocam? Eles tocam nos convocando para um ajuntamento; tocam para nos avisar de acontecimentos alegres e tristes; tocam para contar as horas e assim lembrar-nos da nossa finitude e transitoriedade; tocam de manhã cedo, tocam na meia-noite; tocam no nascer e no pôr do sol; tocam para avisar a presença ilustre de reis e rainhas; tocam no nascimento e na morte; em meio a tempestades e dias cinzentos, lá estão eles, reverberando, incansáveis... Parecem ter vida própria, parecem ser eternos. Quem não se fascina com eles, quem não é envolvido pelo barulho sinfônico que vem de suas ondas metálicas?
Mas, afinal, por quem os sinos tocam? A quem eles falam? A quem querem comunicar?
Parafraseando o poeta e pastor inglês John Donne, acho que eles falam, comigo, falam contigo, falam conosco. Assim como o sol e a chuva são para todos, eles tocam para o rico e para o pobre. Para o apressado homem de negócios e para o solitário morador de rua. Para o sábio idoso e para o inocente infante. Quer venha de uma pequenina capela ou de uma imponente catedral, o sino sempre toca, ele foi feito para isso. Calado, ele não transmite vida. Batendo, parece dizer ao nosso coração: aquietai-vos! Sob o som expirado por ele, nos ajoelhamos e podemos tocar o céu.
Como uma trombeta tocada por anjos, os sinos falam ao nosso coração. Dentre muitas coisas, eles parecem nos lembrar de verdades universais e absolutas, como o perdão, essa pequena palavra tão cheia de significado e vida. Pedir e dar perdão: há algo mais libertador? Buscar e receber perdão: há algo que nos aproxima mais daquele que conhece cada célula e átomo do nosso corpo, cada lágrima derramada, cada palavra não dita, cada sentimento que viaja pelos nossos bilhões de neurônios? O perdão nos humaniza e nos põe mais próximos daquilo que fomos um dia no jardim do Senhor. O perdão nos distancia daquilo que fomos, daquilo que nos escravizou e nos une ao outro e ao Deus Redentor, como a ponte que liga duas terras, como o oceano que liga dois continentes distantes. Perdão: quando a humilhação encontra a exaltação, quando a culpa encontra a graça.
Um dia não mais estarei aqui para ouvir e me alegrar com o barulho forte, seguro e vibrante dos sinos. Mas não tem problema. Um dia estarei reunido com uma multidão e, felizes e transformados, veremos "os pés do Todo-poderoso reluzirem como o metal, quando é refinado em fornalha ardente, e ouviremos sua voz como o som de muitas águas". Ap 1.15. Por isso, os sinos não serão mais necessários, pois a voz daquele que um dia nos chamou será nossa doce companhia pelos séculos dos séculos. Amém.
Enquanto a cruz é silenciosa, o sino se mexe, toca, produz som, "fala-nos" por meio de suas badaladas. Este é mais recente, parece ter surgido lá no início da Idade Média. Aquela é mais antiga, sendo já usada no Império Romano para ser um instrumento de tortura e morte para seus adversários. Porém, ironicamente, passaria para a História como símbolo de redenção e vitória e, até mesmo o mais cético dos viventes, ao vê-la, lembra-se do mais ilustre condenado nela pregado vertendo ali um sangue inocente, capaz de salvar o homem de si mesmo, aquele de quem se diz: "...foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados" (Is 53.5).
Observando os sinos durante minha caminhada, uma pergunta me vem à mente: por quem eles tocam? Eles tocam nos convocando para um ajuntamento; tocam para nos avisar de acontecimentos alegres e tristes; tocam para contar as horas e assim lembrar-nos da nossa finitude e transitoriedade; tocam de manhã cedo, tocam na meia-noite; tocam no nascer e no pôr do sol; tocam para avisar a presença ilustre de reis e rainhas; tocam no nascimento e na morte; em meio a tempestades e dias cinzentos, lá estão eles, reverberando, incansáveis... Parecem ter vida própria, parecem ser eternos. Quem não se fascina com eles, quem não é envolvido pelo barulho sinfônico que vem de suas ondas metálicas?
Mas, afinal, por quem os sinos tocam? A quem eles falam? A quem querem comunicar?
Parafraseando o poeta e pastor inglês John Donne, acho que eles falam, comigo, falam contigo, falam conosco. Assim como o sol e a chuva são para todos, eles tocam para o rico e para o pobre. Para o apressado homem de negócios e para o solitário morador de rua. Para o sábio idoso e para o inocente infante. Quer venha de uma pequenina capela ou de uma imponente catedral, o sino sempre toca, ele foi feito para isso. Calado, ele não transmite vida. Batendo, parece dizer ao nosso coração: aquietai-vos! Sob o som expirado por ele, nos ajoelhamos e podemos tocar o céu.
Como uma trombeta tocada por anjos, os sinos falam ao nosso coração. Dentre muitas coisas, eles parecem nos lembrar de verdades universais e absolutas, como o perdão, essa pequena palavra tão cheia de significado e vida. Pedir e dar perdão: há algo mais libertador? Buscar e receber perdão: há algo que nos aproxima mais daquele que conhece cada célula e átomo do nosso corpo, cada lágrima derramada, cada palavra não dita, cada sentimento que viaja pelos nossos bilhões de neurônios? O perdão nos humaniza e nos põe mais próximos daquilo que fomos um dia no jardim do Senhor. O perdão nos distancia daquilo que fomos, daquilo que nos escravizou e nos une ao outro e ao Deus Redentor, como a ponte que liga duas terras, como o oceano que liga dois continentes distantes. Perdão: quando a humilhação encontra a exaltação, quando a culpa encontra a graça.
Um dia não mais estarei aqui para ouvir e me alegrar com o barulho forte, seguro e vibrante dos sinos. Mas não tem problema. Um dia estarei reunido com uma multidão e, felizes e transformados, veremos "os pés do Todo-poderoso reluzirem como o metal, quando é refinado em fornalha ardente, e ouviremos sua voz como o som de muitas águas". Ap 1.15. Por isso, os sinos não serão mais necessários, pois a voz daquele que um dia nos chamou será nossa doce companhia pelos séculos dos séculos. Amém.
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