Palavra do leitor
- 02 de abril de 2012
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Por que o movimento evangélico naufragou?
Quando o RMS Titanic esbarrou seu casco no Iceberg o seu capitão já vislumbrava o tamanho da tragédia, embora, possivelmente, não conseguisse admiti-la conscientemente, graças à imensa e positiva expectativa daquele empreendimento – o Titanic era um navio “inaufragável”!
Muitos barcos navegam hoje pelo mar religioso sob a bandeira cristã, desde o Catolicismo Romano, até as Testemunhas de Jeová, passando pelas igrejas Protestantes, Ortodoxas e tantas outras menores independentes. Todos eles possuem seu valor histórico institucional e se dispõem a ser a resposta para a identidade coletiva proposta pelo fundador do cristianismo.
De fato muitos alegam que Cristo não tenha fundado o cristianismo. Porém ao confrontar as lideranças judaicas de sua época, e ao reunir grupos separadamente daqueles que vinham às sinagogas e templo, Jesus começou a fazer aquilo que de seus próprios lábios ficou chamando “edificar sua igreja”. Sua vida, morte e ressurreição foi uma mudança radical naquilo que se conhecia como judaísmo. Uma nova religião estava fundada – quer gostemos da ideia, quer gostemos do termo, ou não.
Passaram-se quase dois milênios até que desse projeto original surgisse aquilo que hoje, no Brasil, chamamos de evangélico (do qual já cheguei, alguma vez, a fazer parte).
A exemplo da tragédia do Titanic pode-se hoje vislumbrar o rasgo no casco do movimento. No fundo, muitos já deram seu jeito de deixar o navio (que foi o conselho sábio de Tuco). Até mesmo quem já esteve no comando em nível nacional da coisa, já pulou fora. A tragédia é inevitável, muitos passageiros a bordo só não conseguem admiti-la conscientemente, graças à imensa e positiva expectativa.
Nessa expetativa fundou-se a Aliança Cristã Evangélica Brasileira. Assim supões-se preservar aquilo que se teve de original no movimento, como uma ou outra atualização:
1) insistência na inerrância da Bíblia;
2) crença de que foi Deus que criou o mundo e não a evolução;
3) afirmação de que o casamento é entre um homem e uma mulher;
4) declaração de que só Jesus Cristo salva e de que o Cristianismo é a única religião verdadeira;
5) crença na necessidade da Igreja;
6) recusa a negar qualquer das posições acima.
Assim como outros barcos nesse oceano o Evangelicalismo possivelmente preservará através da Aliança seu valor histórico cultural. Assim como outros será mais um a navegar como navio fantasma ancorado em seu passado institucional.
Mas será essa a proposta de vanguarda para quem quer ir mais além?
Pode-se vislumbrar na linha do horizonte algo novo.
O paradigma que vem substituindo o velho pode ser intuído, e extraído, da voz de Ricardo Gondim, pastor que até então foi a cara mais representativa do movimento frente à opinião pública brasileira, e que recentemente chegou a seu próprio tempo de partir e deixar a tribo.
Para Gondim:
1) O Evangelicalismo está condenado a ser um negócio, uma empresa, vendida às regras capitalistas e do Marketing – Em contraponto, a igreja tem o chamado para ser simplesmente uma comunidade fraterna de fé.
2) O Evangelicalismo está condenado a fomentar o jogo de poder e político tanto interna como externamente – Em contraponto, a igreja deve ser a voz profética que, não só condena como, vive o oposto desse jogo.
3) O Evangelicalismo é então denunciado por outros setores da sociedade, religiosos ou seculares, por seu charlatanismo e truques de manipulação em nome de Deus – Em contraponto, a igreja deveria em nome de Deus ser a agência que promove a justiça, a alegria e a paz.
4) O Evangelicalismo (fundado originalmente no ultra calvinismo) assume valores deterministas e mutilam as infinitas perspectivas de compreensão da vida e da fé, apresentando uma suposta “cosmovisão” pronta e acabada. O tom apologético assume cores inquisitórias – Em contraponto, a igreja deve ser o lugar onde a liberdade oxigena os diálogos, os pensamentos, as mentes os espíritos.
Em resumo, o movimento evangélico naufraga por ser um negócio econômico, por seduzir e ser seduzido pelo poder político, por ser objeto de ridículo ao manipular o povo e por colocar viseiras no rebanho. (Não importa se o nome “evangélico” foi sequestrado de seu significado original, ele já fez morada e mandou recado que não voltará mais.)
Resta-nos abraçarmos e catalisarmos o processo de chegada dessa nova comunidade de fé, que liberta os espíritos e prosseguirmos nossa navegação, se é que desejamos ser salvos.
Muitos barcos navegam hoje pelo mar religioso sob a bandeira cristã, desde o Catolicismo Romano, até as Testemunhas de Jeová, passando pelas igrejas Protestantes, Ortodoxas e tantas outras menores independentes. Todos eles possuem seu valor histórico institucional e se dispõem a ser a resposta para a identidade coletiva proposta pelo fundador do cristianismo.
De fato muitos alegam que Cristo não tenha fundado o cristianismo. Porém ao confrontar as lideranças judaicas de sua época, e ao reunir grupos separadamente daqueles que vinham às sinagogas e templo, Jesus começou a fazer aquilo que de seus próprios lábios ficou chamando “edificar sua igreja”. Sua vida, morte e ressurreição foi uma mudança radical naquilo que se conhecia como judaísmo. Uma nova religião estava fundada – quer gostemos da ideia, quer gostemos do termo, ou não.
Passaram-se quase dois milênios até que desse projeto original surgisse aquilo que hoje, no Brasil, chamamos de evangélico (do qual já cheguei, alguma vez, a fazer parte).
A exemplo da tragédia do Titanic pode-se hoje vislumbrar o rasgo no casco do movimento. No fundo, muitos já deram seu jeito de deixar o navio (que foi o conselho sábio de Tuco). Até mesmo quem já esteve no comando em nível nacional da coisa, já pulou fora. A tragédia é inevitável, muitos passageiros a bordo só não conseguem admiti-la conscientemente, graças à imensa e positiva expectativa.
Nessa expetativa fundou-se a Aliança Cristã Evangélica Brasileira. Assim supões-se preservar aquilo que se teve de original no movimento, como uma ou outra atualização:
1) insistência na inerrância da Bíblia;
2) crença de que foi Deus que criou o mundo e não a evolução;
3) afirmação de que o casamento é entre um homem e uma mulher;
4) declaração de que só Jesus Cristo salva e de que o Cristianismo é a única religião verdadeira;
5) crença na necessidade da Igreja;
6) recusa a negar qualquer das posições acima.
Assim como outros barcos nesse oceano o Evangelicalismo possivelmente preservará através da Aliança seu valor histórico cultural. Assim como outros será mais um a navegar como navio fantasma ancorado em seu passado institucional.
Mas será essa a proposta de vanguarda para quem quer ir mais além?
Pode-se vislumbrar na linha do horizonte algo novo.
O paradigma que vem substituindo o velho pode ser intuído, e extraído, da voz de Ricardo Gondim, pastor que até então foi a cara mais representativa do movimento frente à opinião pública brasileira, e que recentemente chegou a seu próprio tempo de partir e deixar a tribo.
Para Gondim:
1) O Evangelicalismo está condenado a ser um negócio, uma empresa, vendida às regras capitalistas e do Marketing – Em contraponto, a igreja tem o chamado para ser simplesmente uma comunidade fraterna de fé.
2) O Evangelicalismo está condenado a fomentar o jogo de poder e político tanto interna como externamente – Em contraponto, a igreja deve ser a voz profética que, não só condena como, vive o oposto desse jogo.
3) O Evangelicalismo é então denunciado por outros setores da sociedade, religiosos ou seculares, por seu charlatanismo e truques de manipulação em nome de Deus – Em contraponto, a igreja deveria em nome de Deus ser a agência que promove a justiça, a alegria e a paz.
4) O Evangelicalismo (fundado originalmente no ultra calvinismo) assume valores deterministas e mutilam as infinitas perspectivas de compreensão da vida e da fé, apresentando uma suposta “cosmovisão” pronta e acabada. O tom apologético assume cores inquisitórias – Em contraponto, a igreja deve ser o lugar onde a liberdade oxigena os diálogos, os pensamentos, as mentes os espíritos.
Em resumo, o movimento evangélico naufraga por ser um negócio econômico, por seduzir e ser seduzido pelo poder político, por ser objeto de ridículo ao manipular o povo e por colocar viseiras no rebanho. (Não importa se o nome “evangélico” foi sequestrado de seu significado original, ele já fez morada e mandou recado que não voltará mais.)
Resta-nos abraçarmos e catalisarmos o processo de chegada dessa nova comunidade de fé, que liberta os espíritos e prosseguirmos nossa navegação, se é que desejamos ser salvos.
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