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Palavra do leitor

¿Por qué no te callas?

Há palavras que não poderiam ter sido pronunciadas. Mas, também, há atitudes que não deveriam acontecer para inibir que tais palavras sejam ditas.

Atitudes intempestivas ocasionam, provocam, animam, incitam as pessoas a dizer o que vem na cabeça; não raciocinam, não refletem, agem por impulso, e impulso maligno.

Essa foi a situação que envolveu o rei Juan Carlos, da Espanha, em novembro de 2007, quando mandou calar Hugo Chávez, então presidente venezuelano [com a sua metralhadora verbal], em plena XVII Cimeira Ibero-Americana, em Santiago do Chile.

Enquanto Hugo Chávez criticava José María Aznar, à época Primeiro Ministro da Espanha, o rei espanhol se irritou, dizendo a frase: ¿Por qué no te callas?

Parece ser correto e de bom senso o ditado popular “quem fala o que quer, ouve o que não quer.”

Há que se lembrar, antes de tudo, do preceito bíblico: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1 19).

Parece incoerência, no texto anterior, eu defender o direito de falar, de reclamar, de contestar, de denunciar o mal, a injustiça, a prepotência, o furto, o roubo, o peculato e, agora, eu, aparentemente, sendo a favor do “calar.”

É um direito inalienável de qualquer cidadão: não calar diante do malfeito, do erro doloso, planejado, premeditado, organizado e concretizado.

O ditado popular e o texto bíblico citados parecem querer inibir a palavra, engessar o livre direito de manifestação; pelo contrário, o que se depreende deles é que deve haver cuidado com o que se fala, deve haver reflexão antes de abrir a boca; temos que falar com a razão e não pela emoção.

O que é questionado aqui não é a palavra dita a seu tempo: pois há “tempo de estar calado e tempo de falar” (Ec 3 7b), mas o impropério, a leviandade, a maldade de espalhar boatos com vistas a envenenar o coração das pessoas contra seres inocentes, injustiçados, caluniados, difamados, prejulgados, condenados sem direito de defesa.

Já passei por isso outrora, mas não foi a mentira que me feriu!

Machucou-me muito mais o fato de que quem creu na calúnia e, perversamente mesmo quando se convenceu da verdade, deu curso à infâmia [não podia desfazer o que já dissera!]. Caso típico do falar sem pensar, sem ter certeza, sem investigar honestamente.

Não me surpreendeu, todavia, pois o Senhor Jesus alertou e determinou: “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5 11-12).

Assim, é motivo de glória quando isso nos atinge!

Satanás não se preocupa em perseguir os que já são dele, mas apenas os que são do Senhor Jesus, e a Cristo são fiéis.

Logo, se ele nos ataca, é porque temos comunhão com Deus; vide a história de Jó, na qual satanás, também, teria dito a Deus algo assim: “não é possível que ele, de fato, viva o que aparenta viver” (Jó 1. 9-12).

Deus deixou satanás desestabilizar Jó, acreditando o diabo que ele negasse ao Senhor, mas Jó não caiu, continuou de pé, apesar dos sofrimentos que lhe foram impostos, e, no final, pôde dizer:

“Eu te conhecia só de ouvir [falar], mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42 5).

Deus já estava convicto de que Jó não lhe seria infiel, de que não blasfemaria, tal era a sua fidelidade, a sua comunhão com o Pai.

Eu ouço, claramente, essas palavras no ar, nos semblantes, nas sutis insinuações daqueles que não querem saber do Senhor Jesus: ¿Por qué no te callas?

Não é diferente hoje, em pelo século XXI, querem calar a voz de Deus. Não podem calar o Senhor Jesus [a Palavra encarnada]; nem a cruz o conseguiu!

Foi a partir dela que poucos homens, inspirados por Ele, fizeram discípulos, ensinaram, pregaram, testemunharam a única Palavra que salva: Ele próprio, o Senhor Jesus [em números de hoje, apenas os vivos, somos mais de 2.3 bilhões de cristãos, 1/3 da humanidade]; começou com apenas 12 homens!

Não podem calar a Verdade; “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará” (Jo 8 32).

Não podem calar o Amor que se deu, em morte de cruz, pois Ele nos amou primeiro, antes de fundar o mundo. Pois Ele não ficou na cruz e nem o túmulo conseguiu detê-lo, ressuscitou!

Vivo está, à direita de Deus Pai, mas, muito mais, está conosco [Emanoel, o Deus conosco], o Deus Filho está em nós, sempre estará nos que o recebem no coração, e que, por isso, adquirem o direito de serem chamados [antes não eram] filhos de Deus; nascidos não do sangue ou da carne, mas de Deus (Jo 1 12-13); somos família de Deus!

O amor “fileo” [social], nem o amor “eros” [carnal] conseguem substituir o Amor "Ágape" [Amor de Deus], pois são falsos, são passageiros, resumem-se em um minuto de prazer, um frenesi!

Tudo acaba, tudo passa (I Co 13), mas o Amor de Deus permanece para sempre! Não o calarão jamais!

Simples assim.
São Paulo - SP
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