Palavra do leitor
- 18 de dezembro de 2023
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Pobreza, riqueza, justiça social e Natal
Apesar de toda fama e sucesso na época em que viveu, o célebre e virtuose violinista autríaco-americano Fritz Kreisler preferia uma vida modesta a um viver ostentoso. Em uma ocasião, teria afirmado que se sentiria muito mal se acumulasse riquezas ou exibisse vida nababesca e opulenta, enquanto muitas pessoas não tinham o básico para sobrevivência.
Repartindo de bom grado o que tinham com os necessitados, Kreisler e esposa assemelhava-se ao seu contemporâneo Toyohiko Kagawa, notável escritor japonês e missionário que renunciou uma vida confortável e centrada nos próprios interesses (a ponto de doar seus bens e "royalties" para causas humanitárias), escolhendo viver entre os miseráveis marginalizados, seguindo um discipulado cristão baseado no serviço e amor aos sofredores e excluídos.
Ao contrário de amar Mamom e idolatrar riquezas, nenhuma parte da Bíblia condena a posse de propriedades, dinheiro ou bens materiais adquiridas dignamente. Contudo, em face do crescente número de pobreza econômica em todo o mundo, a Festa Natalina costuma ser execrada por muitos "anticapitalistas" que veem nela incoerência, hipocrisia e absoluta contradição com a realidade condizente com quadros de miserabilidade.
Mesmo os não endinheirados, mas suficientemente estáveis para celebrar uma Ceia Natalina ou trocar presentes entre os seus, tende a receber feroz reprovação desses críticos em razão do que chamam de "Natal da desigualdade", justificada por indignações contra tais "consumismos e desperdícios".
Entre os inimigos do Natal por razões ideológicas encontram-se fanáticos, hipócritas, ignorantes, invejosos e sinceros. Dezesseis anos atrás eu me encaixaria ao menos num desses grupos citados, sendo ainda um jovem fã de Che Guevara.
Que todos tenham sua liberdade ideológica. Graças ao pluralismo, sigo no agnosticismo político. Cristão algum torne-se insensível à voz de Cristo no convite ao interesse pela salvação e bem-estar de outras pessoas (incluindo marginalizadas). Muito menos um "juiz-fiscal estraga ceias de natal", pois mesmo simulando justiça e bondade, moralismos ideológicos são eivados no mínimo de vaidade.
No primeiro bimestre de 2014, Braulia Ribeiro escreveu na ULTIMATO um artigo intitulado O pobre, esta grife de luxo. Nesse texto ela diz que "apesar de pretendermos gostar dos pobres, gostamos mais ainda da pobreza. Pobres são as pessoas, pobreza é o conceito. Conceitos são mais digestivos [...] A pobreza é nobre, mas o pobre é chato". Essa declaração de Braulia me fez lembrar o quanto muitos limitam-se a culpar governantes ou "burgueses "pela pobreza no mundo, usando o pobre como mero "alvo na arma do seu lucrativo negócio".
Apontar pessoas e grupos como pivôs da pobreza e desejar o confiscar de suas riquezas para distribuir entre os que nada têm parece virtude elevada — se o poder estatal é hipoteticamente investido de justiceiro socioeconômico ou árbitro compulsório contra magnatas.
Porém, atualmente, iniciativa individual voluntária como a dos primeiros cristãos (nada a ver com Comunismo) seria desafio para poucos. Afinal, não somente "abrir a carteira" e a mão ao que nada tem é desafiador, mas revolucionar e impactar multidões em sacrifício pessoal e silêncio abnegado do amor provou-se historicamente ação bem mais eficaz que fomentar ódio aos "culpados" pelos males do mundo.
Possivelmente muitas Ceias de Natal terão sobejos, enquanto mendigos dormirão sem agasalho no chão gelado, alimentando-se mal e tidos como invisíveis ou leprosos sociais. No entanto, deixar de celebrar uma festa natalina em família ou compartilhar presentes e cartões entre amigos só porque existem famintos e marginalizados seria a mesma coisa de deixar de comprar roupas, brinquedos e alimentos para os próprios filhos sob a justificativa de que existem crianças pobres e doentes em diferentes países.
Ninguém pode amar verdadeiramente o próximo sem amar primeiro os mais próximos. Ninguém pode perdoar até inimigos sem ter aprendido de Jesus Cristo. Portanto, saudáveis relacionamentos, ação social amorosa e autêntico altruísmo tornam-se possíveis se motivados por Jesus. Semelhantemente, perdendo-se de vista o real significado do Natal, o máximo que um "defensor dos pobres" e crítico gratuito de tal celebração conseguirá é ser inconveniente e fanático.
Porque escasseiam pessoas como Fritz Kreisler ou Toyohiko Kagawa é que sobram tantos anticapitalistas criticadores de natais. Porém, o próprio Deus esclareceu: "Nunca deixará de haver pobres na terra; é por esse motivo que te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, tanto para o pobre como para o necessitado de tua terra (Dt 15.11)!"
Críticos do Natal e indignados contra o "capitalismo" em detrimento dos pobres me fazem lembrar a censura feita por Judas Iscariotes a Maria de Betânia. A resposta de Jesus não deixou de ser cirúrgica: Quanto aos pobres, sempre os tendes ao vosso lado, e os podeis ajudar todas as vezes que o desejardes, todavia a mim nem sempre me tereis (Mc 14.7)
Repartindo de bom grado o que tinham com os necessitados, Kreisler e esposa assemelhava-se ao seu contemporâneo Toyohiko Kagawa, notável escritor japonês e missionário que renunciou uma vida confortável e centrada nos próprios interesses (a ponto de doar seus bens e "royalties" para causas humanitárias), escolhendo viver entre os miseráveis marginalizados, seguindo um discipulado cristão baseado no serviço e amor aos sofredores e excluídos.
Ao contrário de amar Mamom e idolatrar riquezas, nenhuma parte da Bíblia condena a posse de propriedades, dinheiro ou bens materiais adquiridas dignamente. Contudo, em face do crescente número de pobreza econômica em todo o mundo, a Festa Natalina costuma ser execrada por muitos "anticapitalistas" que veem nela incoerência, hipocrisia e absoluta contradição com a realidade condizente com quadros de miserabilidade.
Mesmo os não endinheirados, mas suficientemente estáveis para celebrar uma Ceia Natalina ou trocar presentes entre os seus, tende a receber feroz reprovação desses críticos em razão do que chamam de "Natal da desigualdade", justificada por indignações contra tais "consumismos e desperdícios".
Entre os inimigos do Natal por razões ideológicas encontram-se fanáticos, hipócritas, ignorantes, invejosos e sinceros. Dezesseis anos atrás eu me encaixaria ao menos num desses grupos citados, sendo ainda um jovem fã de Che Guevara.
Que todos tenham sua liberdade ideológica. Graças ao pluralismo, sigo no agnosticismo político. Cristão algum torne-se insensível à voz de Cristo no convite ao interesse pela salvação e bem-estar de outras pessoas (incluindo marginalizadas). Muito menos um "juiz-fiscal estraga ceias de natal", pois mesmo simulando justiça e bondade, moralismos ideológicos são eivados no mínimo de vaidade.
No primeiro bimestre de 2014, Braulia Ribeiro escreveu na ULTIMATO um artigo intitulado O pobre, esta grife de luxo. Nesse texto ela diz que "apesar de pretendermos gostar dos pobres, gostamos mais ainda da pobreza. Pobres são as pessoas, pobreza é o conceito. Conceitos são mais digestivos [...] A pobreza é nobre, mas o pobre é chato". Essa declaração de Braulia me fez lembrar o quanto muitos limitam-se a culpar governantes ou "burgueses "pela pobreza no mundo, usando o pobre como mero "alvo na arma do seu lucrativo negócio".
Apontar pessoas e grupos como pivôs da pobreza e desejar o confiscar de suas riquezas para distribuir entre os que nada têm parece virtude elevada — se o poder estatal é hipoteticamente investido de justiceiro socioeconômico ou árbitro compulsório contra magnatas.
Porém, atualmente, iniciativa individual voluntária como a dos primeiros cristãos (nada a ver com Comunismo) seria desafio para poucos. Afinal, não somente "abrir a carteira" e a mão ao que nada tem é desafiador, mas revolucionar e impactar multidões em sacrifício pessoal e silêncio abnegado do amor provou-se historicamente ação bem mais eficaz que fomentar ódio aos "culpados" pelos males do mundo.
Possivelmente muitas Ceias de Natal terão sobejos, enquanto mendigos dormirão sem agasalho no chão gelado, alimentando-se mal e tidos como invisíveis ou leprosos sociais. No entanto, deixar de celebrar uma festa natalina em família ou compartilhar presentes e cartões entre amigos só porque existem famintos e marginalizados seria a mesma coisa de deixar de comprar roupas, brinquedos e alimentos para os próprios filhos sob a justificativa de que existem crianças pobres e doentes em diferentes países.
Ninguém pode amar verdadeiramente o próximo sem amar primeiro os mais próximos. Ninguém pode perdoar até inimigos sem ter aprendido de Jesus Cristo. Portanto, saudáveis relacionamentos, ação social amorosa e autêntico altruísmo tornam-se possíveis se motivados por Jesus. Semelhantemente, perdendo-se de vista o real significado do Natal, o máximo que um "defensor dos pobres" e crítico gratuito de tal celebração conseguirá é ser inconveniente e fanático.
Porque escasseiam pessoas como Fritz Kreisler ou Toyohiko Kagawa é que sobram tantos anticapitalistas criticadores de natais. Porém, o próprio Deus esclareceu: "Nunca deixará de haver pobres na terra; é por esse motivo que te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, tanto para o pobre como para o necessitado de tua terra (Dt 15.11)!"
Críticos do Natal e indignados contra o "capitalismo" em detrimento dos pobres me fazem lembrar a censura feita por Judas Iscariotes a Maria de Betânia. A resposta de Jesus não deixou de ser cirúrgica: Quanto aos pobres, sempre os tendes ao vosso lado, e os podeis ajudar todas as vezes que o desejardes, todavia a mim nem sempre me tereis (Mc 14.7)
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