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Palavra do leitor

Planejar não é pecado

Em Mateus 10 encontramos Jesus enviando os doze discípulos para anunciarem o Reino de Deus. Esse envio não acontece de qualquer jeito. Jesus dá instruções claras de como eles deveriam se portar e as estratégias que deveriam adotar. Os discípulos são orientados quanto à mensagem que devem anunciar, o público que devem abordar e a maneira como deveriam cumprir a sua missão. Até na maneira como deveriam proceder diante das resistências Jesus fornece orientações. Jesus chama discípulos que vão dar continuidade ao anúncio do reino. E, nesse empreendimento Ele orienta para que a igreja seja prudente: "sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas" (Mt 10. 16). Poderíamos dizer que Jesus envia os doze com um "produto" a oferecer, um "público alvo" a quem abordar e uma "estratégia" que dizia como eles deveriam proceder. Eles sabiam o quê, a quem e como. 

Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Parte dessa semelhança está em nossa criatividade, em nossa capacidade e inteligência para planejar as coisas. Jesus mostrou-se simpatizante de um bom planejamento até mesmo ao falar do preço do discipulado: "Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la?"; "Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil?" (Lc 14.28 e 31). Verbos como assentar, calcular e pensar querem nos mostrar que não devemos nos precipitar. Nem mesmo Jesus que sabia todas as coisas e sendo o filho de Deus agiu sem pensar. Ele passava horas meditando e orando na presença do Pai.

Pouco depois, em Lucas 16, Jesus conta a parábola do administrador astuto. No verso 7 Jesus faz um elogio àquele administrador. Vejam que Jesus não elogia a sua desonestidade, mas, a sagacidade e sutileza com que agiu. Depois ainda acrescenta: "Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz" (Lc 16. 8). Quem são os filhos da luz? Jesus está chamando a atenção aqui para o fato de que muitas vezes a igreja age com menos sabedoria do que o mundo que ela deseja alcançar. Ao enviar os discípulos Jesus inclui nas orientações: "sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas" (Mt 10. 16). 

A falta de um planejamento sério e de projetos bem articulados é um dos entraves na missão da Igreja. Encontramos inclusive aqueles que chegam a considerar como pecado ou heresia grave falar em planejamento, estratégia e articulação nas comunidades cristãs. Porém, o próprio Cristo alertou sobre o que acontece quando agimos sem pensar e quando não temos clareza e planejamento para os objetivos: "se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele" (Lc 14.29). Nem Jesus e nem mesmo os discípulos querem ser motivo de chacota para o mundo. Porém, é isso que acontece quando agimos sem pensar. A Bíblia está repleta de exemplos de como Deus orientou o seu povo a planejar e agir com inteligência.

Algumas pessoas têm receio de planejar e fixar alvos por temerem o fracasso. Outras têm medo que dessa forma estariam fazendo o trabalho do Espírito Santo. No primeiro caso, falhamos por não confiarmos em Deus para fazer a sua obra. No segundo, falhamos por não compreendermos que Deus espera que colaboremos com a sua obra. 

O que a igreja tem para anunciar hoje? A quem nós somos enviados a anunciar? E, como pretendemos fazer isso? Você, o seu ministério e a sua igreja são capazes de responder a essas três perguntas?

rodomar.blogspot.com
Curitiba - PR
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