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Palavra do leitor

Pipoca, Coca-Cola e igreja

Em tempos de relativismo exacerbado, onde a banalização da verdade torna-se um fenômeno cultural, manter a consciência do Evangelho e a centralidade da vida em Cristo certamente torna-se um dos grandes desafios para qualquer discípulo de Jesus.

Cada vez mais a linha tenua que diferencia a Igreja de Jesus, daquelas que são subprodutos de articulações humanas, fica cada vez mais imperceptível.

É muito comum as pessoas confundirem empreendimento religioso com Reino de Deus, culto de ações de graças com culto show, adoração genuína com performance musical humana.

O objetivo não é tornar-se redundante na reflexão eclesiologia que apoia e incentiva a excelência em todos os níveis que envolva o serviço e o culto prestado a Deus. Excelência, bom gosto, arte, e tudo que envolva expressões genuínas relacionadas a vida são ingredientes característicos na missão da Igreja.

Porém, a resalva reside no aumento, e na valorização dos apetrechos performáticos característicos em muitas igrejas contemporâneas, enquanto que o substancial sempre relacionado com a doutrina bíblica, os frutos do Espírito, o arrependimento e a manifestação da graça salvadora cada vez mais cedem lugar para ambiências religiosas que no máximo geram as mesmas sensações, emoções, e impressões existentes em qualquer sala de cinema espalhadas pelo país (que normalmente são bem mais produzidos e elaborados que muitos cultos religiosos).

Comumente escuto pessoas comentarem “o culto foi maravilhoso, os assentos eram divinos, as musicas emocionantes, o sermão motivador, as luzes ludibriantes, a oração um show, só faltou a coca-cola e a pipoca”.

Qual tem sido a consciência de culto, adoração, serviço, e relacionamento com Deus que as pessoas têm quando se filiam as igrejas contemporâneas?

Em quais ambiências encontramos atualmente os verdadeiros quebrantamentos de corações compungidos pela eficácia da pregação e exposição das escrituras sagradas? O que as pessoas estão sentindo quando saem dos cultos pós-modernos – necessidade de aproximar-se de Deus, em oração, jejum, quebrantamento, santificação e submissão, ou estão voltando para seus lares embriagadas com o individualismo narcisista religioso disfarçado de sagrado?

Ainda que me tenham como redundante, a minha consciência permanece estabelecendo que (1) culto de adoração a Deus, não é exaltação a personalidade humana, (2) a palavra de Deus é absoluta e insubstituível, (3) arrependimento ainda é a manifestação da graça salvadora de Deus através de Cristo Jesus, (4) e a santificação deve continuar sendo a busca continua de cada cristão porque sem a qual ninguém verá a Deus.

De modo que, qualquer comunidade eclesiástica que substitua esses elementos (palavra, arrependimento, comunhão, quebrantamento, conversão), pelo show, pipoca, e circo, necessita urgentemente seguir o conselho de Jesus a Igreja de Laodicéia: “Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas”. Ap. 3.18

Que Deus nos ajude a repudiar os cultos de massagem ao ego, e a adoração simplesmente estética, e nos conduza a um tempo de arrependimento, devoção, obediência e relacionamento genuíno com Cristo Jesus!
Jacareí - SP
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