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Palavra do leitor

Pingos da Graça

Um dos caprichos da natureza que ocorrem na cidade de Brasília é o aparecimento dos ipês no no início da segunda metade do ano. O despertar desta que é símbolo do cerrado brasileiro embeleza as ruas e parques da capital federal. É impossível não apreciar a beleza destas árvores fortes que, em meio ao clima seco, se revezam em cores vibrantes e vívidas: branco, rosa, amarelo e roxo. Formando um belo jardim, elas pintam um magnífico quadro que impressiona o passageiro mais apressado. Um ar novo parece invadir a cidade. Um colorido que muda o horizonte diante de nossos olhos e traz leveza à cidade de concreto construída pelo ilustre mineiro de Diamantina Juscelino Kubitschek.

Contemplando esse cenário, me reporto a um dos maiores enigmas encontrados na história da redenção: a Graça. Já lemos e ouvimos muito sobre ela. Sempre ouvi que a graça seria um favor imerecido com o qual Deus resolveu nos presentear para que não fôssemos consumidos pela sua "ira santa" diante dos nossos pecados e delitos, com os quais jamais seríamos apresentados diante do Altíssimo. Como definir tal graça? Como entendê-la? A palavra graça faz parte do nosso vocabulário quase que diariamente. Usamos palavras e termos como: "isso é de graça ou sem graça; alguém é engraçado; aconteceu uma desgraça" etc. Porém, como não minimizar algo tão sublime que tem o condão de nos tornar justos e, portanto, aceitos por um Deus totalmente Santo?

Vivemos num mundo encharcado de sangue, um mundo "sem graça". E diante deste quadro, muitos já perderam a esperança e as forças e não acreditam mais na possibilidade de ver uma humanidade bem resolvida, justa e equilibrada. Os descompassos entre pessoas e nações parecem nos impor um abismo cada vez mais profundo e intransponível, um quadro paradoxal considerando o nível e a qualidade de comunicação que este século alcançou. Como quebrar este ciclo de morte e destruição e fazermos aquela que é a viagem mais curta e ao mesmo tempo mais longa que um ser humano pode fazer: a viagem ao coração?

Desde que viemos ao mundo somos ensinados a viver sob a meritocracia: ato de reconhecer os atributos de alguém e recompensá-lo por isso. Em tudo que fazemos somos orientados a sermos o melhor, a produzir o máximo, e assim, somos inseridos num mundo competitivo e cada vez mais exigente. Os fracos vão ficando para trás e somente os fortes conseguem um lugar ao sol e atingir os lugares mais altos da pirâmide social. E na ética dos relacionamentos quem falhar contra alguém deve ser punido e deixado à própria sorte. Nessa matemática desumana, muitos ficam de fora, muitos são deixados para trás. Todavia, em meio a esse cenário "des-graçado", surge a equação de Deus, surge uma lógica totalmente diferente: a lógica da graça. Enquanto uma cosmovisão hedonista diz que devemos sempre subir pela escada do poder, a escada da graça desce e diz: o maior é aquele que serve.

O cristianismo trouxe ao mundo greco-romano uma mudança de paradigma. Enquanto todas as religiões buscavam elevar o homem à divindade, agradar aos deuses e aplacar a ira destes, aquela pequena "seita" judaica composta de pescadores e donas de casa, agora empoderados por uma mensagem arrebatadora de "Cristos", o Ungido, e que transcendia os limites do império, anunciava que Deus havia visitado o mundo, adentrado na história, mergulhado no nosso oceano, invadido nossas muralhas. Isso é GRAÇA. Uma graça que nos alcança mesmo estando nós a milhares de anos-luz de um "Deus adsconditus" mas que se tornou "revelatus", para usar as palavras de Lutero. Graça que abre os braços do pai ao filho ingrato; que libera a mulher pega em pecado; que abre os olhos do perseguidor implacável; que visita a casa de um corrupto e a de um leproso; que chora a morte de um amigo; que alimenta a multidão com apenas poucos peixes e pães; que olha com perdão o discípulo que trai; que ama o algoz que dilacera seu corpo moribundo na via-sacra; que ama o ladrão e o salva no último minuto; que diz: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem. Graça que olha para o coração e não para a categoria ou o rótulo do próximo. Uma graça quase escandalosa de tão imerecida e tremenda que é. Como diz Philip Yancey: "enquanto a Lei simplesmente indicava a enfermidade; a graça realizou a cura". Enquanto a religião dizia: não toques o morto pois ficarás impuro, pela graça, Jesus o tocava e o morto voltava à vida. Na verdade, descobri que graça não se define, se sente, se recebe, se partilha, se distribui. A graça deve ser captada. A graça deve fluir.

Como os ipês de Brasília, a graça brota de onde menos se espera e nos convida a apreciar o que antes eram apenas galhos secos. Essa graça penetra nossos ossos e medulas como a chuva serôdia penetra a terra árida. Como os ipês, Deus, em Cristo Jesus, traz cor e vida, esperança e propósito a um mundo desfigurado da sua imagem e semelhança. Minha oração é que eu e você possamos olhar para esse mundo por meio de "lentes tingidas de graça".

Tony - faos.ead@gmail.com
Brasília - DF
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