Palavra do leitor
- 20 de março de 2022
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Picula, esconde-esconde e fuga impossível
Conta-se que certo homem ao andar pelas ruas de uma cidade deparou-se com um doente mental com aparência amedrontadora. Frente a frente com o homem e olhando firme em seus olhos, o rapaz com distúrbios mentais teria dito em tom intimidatório: vou pegar você! Desesperado, logo o homem tratou de correr o máximo que pôde, mas quanto mais olhava para trás, mais percebia sua falta de êxito. Temendo um possível dano, tentou fugir ou se esconder numa rua que não sabia que era sem saída, aumentando seu desespero. Acelerando o ritmo da disparada até o final da rua, a situação piora quando o adoidado o alcança. Ofegante, suado e quase exausto, toca no homem e em tom sisudo diz: peguei você! Agora é sua vez! E sai correndo...
Não tenho por hábito usar estorinhas para ilustrar verdades teológicas ou espirituais, mas o que me chama atenção nesse conto são os elementos imaginários presente na narrativa do drama e humor: medo, adrenalina, perigo, equívoco, alívio.
O homem corria do doente mental porque tinha uma percepção fundamentada nas evidências de que era a alternativa mais certa a se fazer. No entanto, aquele que ele imaginava como ameaça não queria fazer-lhe mal algum, apenas brincar de picula, pega-pega, corre-corre.
Homilética à parte, enquanto seres humanos caídos, somos especialistas em correr de Deus. Podemos não estar brincando de picula, mas uma das atividades mais antigas da humanidade pós-queda é a tentativa de se esconder do Criador. Quem já não escutou em aniversário infantil evangélico a canção "Não dá pra brincar de esconde-esconde com Deus..."?
Após não atenderem a advertência divina, sentindo-se desprotegidos e separados da presença de Deus, escondendo-se atrás das árvores do jardim edênico e tomados por medo, culpa e vergonha, O Eterno pergunta ao primeiro casal: Onde estás? Gen 3:9. Uma pergunta aparentemente ingênua e sem sentido feita por Alguém onisciente, porém relacionada não ao lugar geográfico, mas ao centro do coração das criaturas. Como escreveu Júlio S. Schwantes, Gênesis 3:9 bem que poderia ser um resumo de toda a Bíblia Sagrada.
Lendo as Santas Escrituras, vemos a iniciativa de um Deus que vai ao encontro das Suas criaturas com amor indescritível, a fim de propor um relacionamento de amor, perdão, salvação e restauração. Em Isaías 1:18, registra-se um dos mais belos convites divinos. Numa versão mais moderna do texto, é como se Deus dissesse: Venham, vamos discutir o caso de vocês. Seus pecados são vermelhos (pecados graves, crime de sangue, homicídio etc)? Há esperança. Eu perdoo e apago teus pecados. Você se tornará puro, limpo.
Outro exemplo da iniciativa de Deus em alcançar e salvar o "pecador fujão" está nas parábolas da ovelha errante, filho pródigo e dracma perdida (Lc 15).
No pastor que sente falta e vai atrás da única ovelha perdida, enquanto as outras noventa e nove estão seguras no aprisco; na figura da mulher que faz uma faxina doméstica em busca de apenas uma moeda de valor afetivo, apesar de já ter outras 9 em mãos, e encontrando-a faz grande festa com as amigas; ou aquele pai no portão todos os dias à espera ansiosa da volta do filho ingrato que partiu para uma terra distante (após pedir a parte da herança antecipadamente e gastar tudo, tornando-se mendigo), porém ao voltar maltrapilho, o pai avistando-o de longe corre para beijá-lo e perdoá-lo... Todas essas histórias ilustram um Deus amoroso com profundo interesse na vida particular de cada ser humano.
De formas diversas, é uma tendência contumaz do pecador querer fugir de Deus: negação de Sua existência (ateísmo), hedonismo, materialismo, conhecimento, realizações, consumismo etc. Tais coisas aqui citadas, embora não sejam todas negativas, pode se tornar uma tentativa humana impossível: esconder-se do seu Criador.
Nós, cristãos, também tentamos fugir de Deus sutilmente. Desde o simples acordar de manhã olhando em primeiro lugar as mensagens do celular (ou logo indo para o fogão ou geladeira) até ao hábito de substituir o momento da comunhão silenciosa de leitura atenta da Palavra e comunhão contemplativa pela prioridade da nossa própria mente barulhenta e inquieta querendo informação ou mesmo leitura de interesse egoísta, bem como nessas linhas que agora escrevo pode incorrer na fuga de Deus.
Contudo, é impossível fugir daquele que está em todo lugar (Salmo 139.7). Jonas, Adão, Eva e Paulo foram alguns dos personagens bíblicos que tentaram o impossível: esconder-se de Deus.
Deus nos procura porque nos ama. Muitos correm dEle porque se sentem pecadores imperdoáveis; outros por mera rebelião: gastam muita energia emocional negando raivosamente a existência de Quem "combatem" tentando driblar suas consciências relutantes. Outros, ainda estão paralisados por medo dAquele que vem aos seus encontros oferecendo-lhes salvação.
Ao pecar Adão e Eva, temeram e se esconderam, mas Deus não os destruiu. Pelo contrário, ofertando sua graça e misericórdia, fez uma pergunta que se estende a todos nós: Onde estás?
Não tenho por hábito usar estorinhas para ilustrar verdades teológicas ou espirituais, mas o que me chama atenção nesse conto são os elementos imaginários presente na narrativa do drama e humor: medo, adrenalina, perigo, equívoco, alívio.
O homem corria do doente mental porque tinha uma percepção fundamentada nas evidências de que era a alternativa mais certa a se fazer. No entanto, aquele que ele imaginava como ameaça não queria fazer-lhe mal algum, apenas brincar de picula, pega-pega, corre-corre.
Homilética à parte, enquanto seres humanos caídos, somos especialistas em correr de Deus. Podemos não estar brincando de picula, mas uma das atividades mais antigas da humanidade pós-queda é a tentativa de se esconder do Criador. Quem já não escutou em aniversário infantil evangélico a canção "Não dá pra brincar de esconde-esconde com Deus..."?
Após não atenderem a advertência divina, sentindo-se desprotegidos e separados da presença de Deus, escondendo-se atrás das árvores do jardim edênico e tomados por medo, culpa e vergonha, O Eterno pergunta ao primeiro casal: Onde estás? Gen 3:9. Uma pergunta aparentemente ingênua e sem sentido feita por Alguém onisciente, porém relacionada não ao lugar geográfico, mas ao centro do coração das criaturas. Como escreveu Júlio S. Schwantes, Gênesis 3:9 bem que poderia ser um resumo de toda a Bíblia Sagrada.
Lendo as Santas Escrituras, vemos a iniciativa de um Deus que vai ao encontro das Suas criaturas com amor indescritível, a fim de propor um relacionamento de amor, perdão, salvação e restauração. Em Isaías 1:18, registra-se um dos mais belos convites divinos. Numa versão mais moderna do texto, é como se Deus dissesse: Venham, vamos discutir o caso de vocês. Seus pecados são vermelhos (pecados graves, crime de sangue, homicídio etc)? Há esperança. Eu perdoo e apago teus pecados. Você se tornará puro, limpo.
Outro exemplo da iniciativa de Deus em alcançar e salvar o "pecador fujão" está nas parábolas da ovelha errante, filho pródigo e dracma perdida (Lc 15).
No pastor que sente falta e vai atrás da única ovelha perdida, enquanto as outras noventa e nove estão seguras no aprisco; na figura da mulher que faz uma faxina doméstica em busca de apenas uma moeda de valor afetivo, apesar de já ter outras 9 em mãos, e encontrando-a faz grande festa com as amigas; ou aquele pai no portão todos os dias à espera ansiosa da volta do filho ingrato que partiu para uma terra distante (após pedir a parte da herança antecipadamente e gastar tudo, tornando-se mendigo), porém ao voltar maltrapilho, o pai avistando-o de longe corre para beijá-lo e perdoá-lo... Todas essas histórias ilustram um Deus amoroso com profundo interesse na vida particular de cada ser humano.
De formas diversas, é uma tendência contumaz do pecador querer fugir de Deus: negação de Sua existência (ateísmo), hedonismo, materialismo, conhecimento, realizações, consumismo etc. Tais coisas aqui citadas, embora não sejam todas negativas, pode se tornar uma tentativa humana impossível: esconder-se do seu Criador.
Nós, cristãos, também tentamos fugir de Deus sutilmente. Desde o simples acordar de manhã olhando em primeiro lugar as mensagens do celular (ou logo indo para o fogão ou geladeira) até ao hábito de substituir o momento da comunhão silenciosa de leitura atenta da Palavra e comunhão contemplativa pela prioridade da nossa própria mente barulhenta e inquieta querendo informação ou mesmo leitura de interesse egoísta, bem como nessas linhas que agora escrevo pode incorrer na fuga de Deus.
Contudo, é impossível fugir daquele que está em todo lugar (Salmo 139.7). Jonas, Adão, Eva e Paulo foram alguns dos personagens bíblicos que tentaram o impossível: esconder-se de Deus.
Deus nos procura porque nos ama. Muitos correm dEle porque se sentem pecadores imperdoáveis; outros por mera rebelião: gastam muita energia emocional negando raivosamente a existência de Quem "combatem" tentando driblar suas consciências relutantes. Outros, ainda estão paralisados por medo dAquele que vem aos seus encontros oferecendo-lhes salvação.
Ao pecar Adão e Eva, temeram e se esconderam, mas Deus não os destruiu. Pelo contrário, ofertando sua graça e misericórdia, fez uma pergunta que se estende a todos nós: Onde estás?
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