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Palavra do leitor

Petrópolis – as tragédias: alguém perguntou a Deus?

"A liberdade de expressão tão em evidência, em projeção e em discussão, em nossos tempos, se estabelece como a base de todas as demais liberdades, tanto para que haja o seu fluir quanto o seu fruir, agora, sua mantença ocorre por permitir haver o espaço para a oposição, para a negação e, enfim, para a não concordância, logo, quando nos deparamos com ideias absurdas, caso do evento a qual envolveu personalidades, com um enfoque de permissividade para o estabelecer de um partido nacionalista, leva-nos a reconhecer ser viável, inclusive tais abordagens, por causa da liberdade de expressão e, em contrapartida, isto não quer dizer que não podemos nos opor e, mesmo assim, abre-se a questão até que ponto deve haver um não para não surgir correspondentes posições e não representa as defender, as validar e as endossar’’.

1 Reis 19.11-12

A tragédia ocorrida no município de Petrópolis, situado no Rio de Janeiro, com uma devastação colossal, além de vidas abruptamente atingidas e suas famílias, leva-me e, talvez, outros a perguntar por Deus, correto ou não? As cenas gravadas pelos celulares demonstraram pessoas levadas pelo afã ou pelo ímpeto das águas, sem nem conseguirem um meio de se salvarem. Não por menos, vira e mexe, com o advento dos meandros ou dos enredos das redes digitais, percebe-se toda uma pletora ou abundância de interpretações sobre o evento e com a constatação de uma outorga de Deus por permitir tamanha catástrofe e calamidade, com o desembocar num estado de caos ou desordem, como um aviso, uma punição, um castigo, um alerta. Os comentários de que Deus já havia falado, a colocação de cânticos como olha, está vendo, Deus avisou saltam como pipocas e, sincera e seriamente, questiono o por qual motivo dessa porfiosa ou teimosa inclinação de muitas pessoas, com a finalidade de justificar as desgraças? Até parece haver um consolo, como se as pessoas atingidas tivessem cumprido seus papeis e suas incumbências. Sem sombra de dúvida, o texto de 1 Reis 19.11-12 bate de frente, como já dissertei em outros encontros sobre o fato categórico de não sermos marionetes, bonecos adestrados, jogadas para lá e cá, segundo os anseios de um Criador confuso e temerário, como se hoje, acordo bem, vou poupar uns e outros não. É bem verdade, caso assim fosse, não seríamos dotados de liberdade de escolha, de uma consciência de moralidade, por fazer o que é certo e estaríamos reduzidos a sermos seres de instintos programados e nada mais. Não e não, somos impelidos por essa dádiva e sina, ou seja, efetuarmos escolhas decisórias, de irmos além de atender nossos apetites. Vale anotar, nossas escolhas tem peso e relevância, por trazermos ou sermos portadores da certeza da morte, algo não presente nos animais. Deve ser dito, a natureza não segue nossos arcabouços ou estruturas de moralidade, do certo e do errado, do bom e do mal, do justo e do iníquo, inexoravelmente ou implacavelmente, age.

Muitos podem negar de que os desígnios de DEUS são maiores e perfeitos, entretanto, não me refiro a correlacionadas questões. Diametralmente oposto, pontuei em outros situações, afastei-me do evangelho de somente me fazer bem, como também do evangelho enredado por discussões para provar a natureza de Deus, do seu ser, das suas propriedades e prossigo a caminhar pela espiritualidade das notícias boas, com a qual me ajuda a ser aquilo que posso ser (em solidariedade para estender as mãos, em favor dos dilacerados pelos acontecimentos em Petrópolis, em agir com a fé de não ficar de braços cruzados e servir).

Acredito, piamente, no Deus ser humano Jesus Cristo, no kairos para todos (no tempo de inovação e recomeços), no Logos Preexistente (porque precede a Abraão, a Isaque, a Jacó, aos profetas, aos discípulos, aos apóstolos e seu jornada procurou e procura todos, em suas idiossincrasias e nuances ou, sendo mais claro, em suas particularidades e peculiaridades de negros, de brancos, de homens, de mulheres, de fortes, de fracos, de doutos, de simplórios, do todo com suas diferenças de raças, de sexos, de idades, de condições e por ai vai). Decerto, a tragédia em questão entrelaça toda uma série de situações, não há como negar, e imputar ou atribuir culpados e carrascos seria uma indecência. Além do mais, afasto-me de um Deus ogro ou maquiavélico para caminhar sobre as pegadas da esperança libertadora que me faz ir adiante.

Baruch Há Shem!
São Paulo - SP
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