Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

Pescadores de homens ou criadores de cativeiro?

Eu sei e qualquer um ainda sabe o que significa ser pescador, aquele profissional que se forma pela experiência vivida, passada de pai para filho ou pelos mais experientes de uma comunidade praieira. Convivi aproximadamente 20 anos com uma comunidade de pescadores no litoral de Alagoas, onde tive uma casa de veraneio, e ouvia suas histórias, comprava seus produtos ou passeava de jangada sob o comando de algum deles.

O ritual de formação do pescador não tem sala de aulas, nem livros, nem professores. O que existe é uma passagem de conhecimento muito natural do pai para o filho que o acompanha em suas saídas para o mar, ou mesmo de um pescador mais experiente que permite a ida do pimpolho na companhia dos adultos. Nessas incursões, ele apreende tudo: a se orientar pelo vento, pelas estrelas, descobrem onde se encontra o quê, vendo, ouvindo ou praticando, até que seja capaz de adentrar sozinho, o que acontece cedo.

Dizem, e eu acredito, que eles sabem mais sobre o mar do que qualquer comandante de um grande navio, que não saberia, sem os seus instrumentos de navegação, se orientar pelos sinais da natureza para conduzir sua embarcação. O resultado é que todos são emancipados num determinado momento e passam a trabalhar sozinhos ou em grupos por afinidades. Trabalho e lazer são uma coisa só. Tudo o que trazem para a terra serve a comunidade, vendem seus peixes por preços que todos possam pagar e faturam apenas o suficiente para sobrevivência sua e da família naquele dia. Não há comandantes, só os mais experientes na prática. São comunidades harmônicas que vivem solidariamente. Infelizmente estão em extinção.

À medida que os homens começam a vislumbrar a possibilidade do lucro e da riqueza, começam a perder o sentido da própria vida e a destruí-la. A pesca agora é industrial e predatória. E para solucionar o problema da escassez que geram, eles passam a investir na criação em cativeiro. Aí a especialização, as salas de aulas, os professores e as teorias começam a ser necessárias para o sucesso. Surgem os opressores que escravizam os mais fracos para deles tirar o seu rendimento sem limites, quanto mais melhor. Esse parece ser o movimento do homem. Aos poucos eles desembaraçam-se da natureza e propõem soluções tamponadas para os seus erros.

E não é diferente com a religião. A dica de Jesus quando convoca os seus discípulos a segui-lo é: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.”
Isso nos diz que o conhecimento/contato de Deus deveria ser passado, naturalmente, de pai para filho ou pelos anciãos mais experientes de uma comunidade pela prática no dia-a-dia, até que a criança já pudesse se conduzir sozinha e passar a contribuir para a comunidade com os seus frutos, os do espírito. Era a proposta inicial do Senhor, uma transmissão de valores, os dele. O processo de extinção se anuncia também aqui.

Agora essa pesca tornou-se industrializada e predatória; a frente estão o volume, o lucro e a riqueza. A solução para essa ação tão geradora de escassez passa a ser a criação de homens, em cativeiro. De novo precisam das salas de aulas, dos livros, dos professores e das especializações para tal atividade. Opressores mantêm cativos os fracos e oprimidos para assegurarem o rendimento do seu negócio. Claro está, pelo menos para alguns, que os peixes não são mais os mesmos. Não se produz mais os Noés, os Abrãaos, os Isaques, os Jacós, os Moisés, os Davis, nem os Pedros ou os Joãos da vida. Os clones não sabem que existe Vida além do aquário. Os originais de Deus continuam espalhados nas águas do mundo, sendo perseguidos pela indústria da “pesca” ou marginalizados pelos doutores da fé. Isso é bom ou é ruim? Ando a me perguntar...
Recife - PE
Textos publicados: 31 [ver]

Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.