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Palavra do leitor

Pés na Terra

"Assim diz o senhor dos exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia: Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomem esposas para vossos filhos e daí vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas multiplicai-vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao senhor, porque na sua paz vós tereis paz".(Jr 29.4-9).

Nesses últimos dias, tenho pensado sobre como ser na vida. Tenho olhado o mundo em suas prioridades desajustadas, o egoísmo, a individualidade e as cavernas em que o sistema nos coloca. Também tenho me entristecido com uma igreja que leva os seus fiéis ou associados a se encantarem com um mundo no além vida, que leva o “Corpo do Cristo” a viver na surrealidade, se esquecendo que não fomos retirados da terra. Parei para dialogar com essa tal espiritualidade pregada em nossas igrejas. Espiritualidade que anula a situação de estar no mundo, que se “explode” com um poder, mas se esquece de repartir a graça com o outro e com o cosmo. Para entender essa situação e para orientar as nossas comunidades, passei a estudar o texto de Jeremias 29, buscando novos caminhos.

Nesse texto, Deus exorta os exilados a terem uma nova atitude frente à situação de exílio. A Elite de Jerusalém foi levada cativa para a Babilônia. Orientados pelos falsos profetas, passaram a apenas esperar o fim da situação de escravidão, se rendendo ao saudosismo e ao futurismo, mas se esqueceram dos 70 anos que Deus ordenara como tempo de servidão. O povo cativo passou a planejar e buscar uma nova Jerusalém, não se interessando em constituir famílias, nem plantar. Porém, Deus diz, através do profeta Jeremias, que não deveria ser assim, o povo deveria colocar os pés na terra e saber que eram sete décadas de exílio. Dessa maneira, a população exilada deveria viver, plantar, criar famílias, amar e buscar a paz. Nessa situação, com as suas devidas contextualizações, eu também vejo as nossas comunidades.

Em nossas igrejas as pessoas vivem em um dualismo céu e terra. Pensam apenas na Nova Jerusalém, nas lagrimas enxugadas e no fim da dor, se esquecendo que isso também deve ocorrer aqui, “Busquem a paz da cidade”. Muitos fiéis anulam a vida abundante prometida por Jesus para a terra. Anulam a vida em plenitude, que de maneira alguma é riqueza e carros importados, como muitos ensinam.

Essa vida é se encantar com os pequenos momentos da existência. É brincar com os filhos e netos nos parques, é contemplar e enxergar Deus na natureza. É se encantar com o belo. É se alegrar e andar no caminho da alegria, mesmo em meio às adversidades e lutas desse mundo injusto. É levar vida para onde existe sinal de morte, buscando igualdade e justiça social.

Ter o pé na terra é viver em entrega ao outro, o significando e respondendo a pergunta dos sofridos: “Onde está Deus em meio ao meu sofrimento?”. Agindo como Cristo agiu, como fez com a mulher samaritana, com a mulher adúltera. Ter o pé na terra me leva a entender que eu não existo sem o outro, eu co-existo com ele. Ter o pé na terra me leva a defender uma vida antes da morte e não depois dela.

Além disso, ter o pé na terra é buscar a paz. Que não é encontrada com atos proféticos, ou marchas para Jesus, mas sim com ações reais que destroem a opressão e a exploração, assim teremos paz.

Pisar na terra também me leva a viver em amor, como diz Merleau Ponty: “o amor é a melhor música na partitura da vida, sem ela você será um eterno desafinado no imenso coral da humanidade”. O amor que o Cristo libertador nos ensina a viver, o amor que nos faz ser entrega, que nos faz amigos e irmãos uns dos outros.

Não nego aqui a existência do céu, mas entendo que devemos tirar os pés do outro mundo, da “Jerusalém Celestial”, e passemos a viver a nossa realidade, amando os nossos familiares, saboreando a vida, lutando pelos oprimidos, preservando a natureza.

Que venhamos trazer reflexos do reino de Deus: enxugando lágrimas de sofridos. Consolando aflitos, acabando com a dor do medo de crianças abusadas pelos pais. Destruindo o luto da morte dos sonhos e da esperança de uma mãe que não vê perspectivas para o seu filho. Onde isso ocorrer, ai estará Deus, um Deus que também é, como diz Boff, imanente.

Entendamos que existem “70 anos no exílio”, vivamos essas “sete décadas” de amor, de encanto e de vida plena, livre da opressão social. Saibamos que o viver é hoje, e ser na vida é andar em um novo caminho, o da felicidade e no romance mágico do amor, mesmo tendo flores destruídas, venhamos a curtir a primavera.
São Bernardo Do Campo - SP
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