Palavra do leitor
- 24 de julho de 2017
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Perder sem se perder
Perder sem se perder
‘’A bíblia não pode ser vista, até, acredito, cada vez mais, que não é, um jogo de cartas marcadas, um caminho que não nos esconde de nossas faces sombrias e sem deixar no esquecimento nossas faces de vida. ’’
Texto Aureo: Rute 1.19-22
A palavra perda vem carregada com uma conotação, com um significado, com um carga negativa, ao qual incomoda e muitos, se pudessem, queriam a retirar desse mundo. Agora, será mesmo, um fardo a ser suportado, por ser inevitável?
É bem verdade, sem ilusão, ninguém aprecia perder, porque, aqui, ressoa como ser incompetente, inútil, imprestável, impotente e dentro de uma realidade marcada pelo discurso de ser sempre feliz, alegre, disposto, avante, produtivo, criativo, expansivo e resiliente (termo do momento, como sinônimo de ser uma pessoa conectada aos avanços, aos progressos, as conquistas do presente século).
Mesmo diante de uma cultura sem tempo, sem cadência, sem pausa, sem silêncio, sem pontuação, por onde a jovialidade recebe todos os elogios, enquanto ser maduro e velho configura – se como paradigmas de algo ultrapassado, em desuso, em anacronismo. Sinceramente, devemos rever o script e compreender o quanto o mover e movimentar, a dinâmica da vida, com suas alternâncias e mudanças, envolve perdas inafastáveis.
Afinal de contas, caso depois dos nove meses, faz – se necessário a gestação chegar ao seu fim e, por tal modo, todos os ciclos de gestação, numa forma de analogia, com todas as fases da nossa existência. A questão fundamental se pauta em perdas que nos levam a um estado de profunda solidão, de um demasiado processo de descrença e desesperança, com uma repulsa a toda e qualquer possibilidade de ser reinventar, de se renovar, de se abrir para novas oportunidades e desafios.
Sem hesitar, isso me remete ao livro de Rute e a saga ora vivenciada por Noemi, uma personagem envolta num emaranhado de perdas que a lançaram numa dimensão de revoltas, de inquietudes, de situações que a roíam e corroíam. Os enredos de cada parte do livro de Rute apontam para os mosaicos de uma Noemi, de repente, sem chão, sem eira nem beira (sem o companheiro e os filhos), atordoada pelas possíveis causas (quem sabe, um ato de desobediência por ter deixado seu povo, por não ter ouvido a Deus, por sua incredulidade, por sua perda de identidade com o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó e sei lá mais quais vieses poderia me valer).
Deveras, no despir dos acontecimentos, Noemi se comparava a trilhar por uma vida amarga, diluída nos escaninhos da culpa e da condenação. Presumidamente, os enredos da narrativa histórica de Noemi não nos oferece nenhum antídoto, nenhuma formula mágica, nenhuma campanha mirabolante; simplesmente, inicia com uma afirmativa obvia, ao qual se encontra na necessidade de deixar e permitir a fúria, as lágrimas seguirem seu curso e as questões não serão postas embaixo tapete.
Tristemente, a conduta de Noemi, em parte, devido a toda uma cultura voltado ao destino, a tudo já, previamente, escrito nas estrelas, com um Deus brincando de bem me quer e mal me quer, de se apequenar, de se rebaixar, de se vilipendiar, de trazer para si toda uma sina de maldições, de culpas, de condenações, torna – se compreensível, todavia, sua não mantença em tal contexto, através da aceitação de mãos estendidas e ouvidos inclinados, por parte de Rute, provocou uma leitura diferenciada da vida, sem apagar o passado, encarar as cicatrizes e ir adiante.
Vou adiante, tão somente, vínculos afetivos profundos e não perfeitos, sensíveis aos conflitos e aos recomeços, construídos por gente e não anjos, seres sobrenaturais, mitos, arquétipos podem nos ajudar a sair dos casulos, dos claustros, dos mosteiros da comiseração, das espiritualidades conspiratórias (ou das maldições hereditárias).
Não por menos, abro um enfoque para pessoas que se convertem, como se ir a Cristo estivesse condicionado a levantar as mãos, ir a frente e repetir algumas palavras, e, expressamente, se perdem (perdem sua humanidade, sua capacidade de olhar para outro com dignidade, sua esperança de não arredar o pé da vida, suas inter – relações com pessoas próximas, sua sensibilidade, sua criatividade, sua paixão e por ai vai). De modo semelhante, a Graça desenvergonhada do Deus ser humano Jesus Cristo se estende, se inclina e leva faces para muitos impactados pelas perdas e que ser perderam , como também aqueles que especulam terem vivenciado perdas positivas, mas os tornaram perdidos.
Enfim, tanto de um quanto de outro, há perdas que precisam ser enfrentadas e confrontadas e, talvez, seja indispensável o olhar amigo, as mãos companheiras e ouvidos tolerantes, com o ensejo de pouco ou nada justificar, mas se colocar a disposição.
‘’A bíblia não pode ser vista, até, acredito, cada vez mais, que não é, um jogo de cartas marcadas, um caminho que não nos esconde de nossas faces sombrias e sem deixar no esquecimento nossas faces de vida. ’’
Texto Aureo: Rute 1.19-22
A palavra perda vem carregada com uma conotação, com um significado, com um carga negativa, ao qual incomoda e muitos, se pudessem, queriam a retirar desse mundo. Agora, será mesmo, um fardo a ser suportado, por ser inevitável?
É bem verdade, sem ilusão, ninguém aprecia perder, porque, aqui, ressoa como ser incompetente, inútil, imprestável, impotente e dentro de uma realidade marcada pelo discurso de ser sempre feliz, alegre, disposto, avante, produtivo, criativo, expansivo e resiliente (termo do momento, como sinônimo de ser uma pessoa conectada aos avanços, aos progressos, as conquistas do presente século).
Mesmo diante de uma cultura sem tempo, sem cadência, sem pausa, sem silêncio, sem pontuação, por onde a jovialidade recebe todos os elogios, enquanto ser maduro e velho configura – se como paradigmas de algo ultrapassado, em desuso, em anacronismo. Sinceramente, devemos rever o script e compreender o quanto o mover e movimentar, a dinâmica da vida, com suas alternâncias e mudanças, envolve perdas inafastáveis.
Afinal de contas, caso depois dos nove meses, faz – se necessário a gestação chegar ao seu fim e, por tal modo, todos os ciclos de gestação, numa forma de analogia, com todas as fases da nossa existência. A questão fundamental se pauta em perdas que nos levam a um estado de profunda solidão, de um demasiado processo de descrença e desesperança, com uma repulsa a toda e qualquer possibilidade de ser reinventar, de se renovar, de se abrir para novas oportunidades e desafios.
Sem hesitar, isso me remete ao livro de Rute e a saga ora vivenciada por Noemi, uma personagem envolta num emaranhado de perdas que a lançaram numa dimensão de revoltas, de inquietudes, de situações que a roíam e corroíam. Os enredos de cada parte do livro de Rute apontam para os mosaicos de uma Noemi, de repente, sem chão, sem eira nem beira (sem o companheiro e os filhos), atordoada pelas possíveis causas (quem sabe, um ato de desobediência por ter deixado seu povo, por não ter ouvido a Deus, por sua incredulidade, por sua perda de identidade com o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó e sei lá mais quais vieses poderia me valer).
Deveras, no despir dos acontecimentos, Noemi se comparava a trilhar por uma vida amarga, diluída nos escaninhos da culpa e da condenação. Presumidamente, os enredos da narrativa histórica de Noemi não nos oferece nenhum antídoto, nenhuma formula mágica, nenhuma campanha mirabolante; simplesmente, inicia com uma afirmativa obvia, ao qual se encontra na necessidade de deixar e permitir a fúria, as lágrimas seguirem seu curso e as questões não serão postas embaixo tapete.
Tristemente, a conduta de Noemi, em parte, devido a toda uma cultura voltado ao destino, a tudo já, previamente, escrito nas estrelas, com um Deus brincando de bem me quer e mal me quer, de se apequenar, de se rebaixar, de se vilipendiar, de trazer para si toda uma sina de maldições, de culpas, de condenações, torna – se compreensível, todavia, sua não mantença em tal contexto, através da aceitação de mãos estendidas e ouvidos inclinados, por parte de Rute, provocou uma leitura diferenciada da vida, sem apagar o passado, encarar as cicatrizes e ir adiante.
Vou adiante, tão somente, vínculos afetivos profundos e não perfeitos, sensíveis aos conflitos e aos recomeços, construídos por gente e não anjos, seres sobrenaturais, mitos, arquétipos podem nos ajudar a sair dos casulos, dos claustros, dos mosteiros da comiseração, das espiritualidades conspiratórias (ou das maldições hereditárias).
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