Palavra do leitor
- 10 de setembro de 2017
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Perder a fé, para encontrar a fé
‘’Quando o próximo passa a ser apenas uma letra, como consta na bíblia, no conhecido - o amor ao próximo coma a ti mesmo, a maldade, a injustiça, a desolação e tudo aquilo que o desumaniza e o atinge não nos incomoda.’’
A religião apresenta – se como um assunto acarretador das mais variadas interpretações e posições. Ainda somos marcados pelas faces dela, embora sejamos uma geração profundamente envoltos pelo relativismo, pela vida sobre pontos de vista, com seus repertórios de rituais, de crenças, de atos cerimoniais, de penitências e demais práticas.
Muitos a repudiam, terminantemente, outros a reconhecem, mas sem aquela visão de definir os rumos da vida. Em resumidas palavras, ouso lançar a religião proposta por Jesus, pelo qual tem a incumbência de ligar e religar as pessoas, fazer – nos compreender o quanto o compromisso com o próximo se estabelece numa mudança radical, na maneira como lidamos com a vida. Parto dessas afirmativas e me assento nos comentários do sociólogo Emile Durkheim, neto de um rabino ortodoxo, quando esteve em comunidades primitivas e chegou a conclusão de a religião, ali, se comprometia menos sobre a relação entre Deus e o homem, mas sim, essa ligação, esse vínculo, essa responsabilidade entre as pessoas.
Ora, isso me fez parar e reler a urgência de, talvez, porque não posso decidir por você, perder a fé para encontrar a fé. Sem sombra de dúvida, caminhamos, com maior ênfase, aqueles moldados a uma cultura de fé inatingivel, por onde formos educados na visão de um Deus que, no fim de tudo, dá um jeito, ajeitar as coisas. Agora, sejamos sinceros e sérios, sem a intenção de insuflar ninguém com enganos, a vida reflete situações de injustiças, as guerras não acabaram, as marginalizações idem, a escravidão ocorre de outras formas, as indiferenças submetem refugiados, como se fossem portadores de pestilências.
Não por menos, diante dos cenários dessa vida, nem sempre os bons são reconhecidos, pessoas íntegras perdem suas vidas, crianças vitimadas por doenças incuráveis, jovens ceifados pela imprudência de outros, idosos abandonados por seus familiares e por ai vai. Faz – se observar, ouvimos uma fé retumbante, de um Deus interventor e municiado de promessas para dar um jeito nessa bagunça cósmica, nessa fria de cada dia. Tristemente, quantos se encontram submersos no descrédito, em função de uma narrativa de uma fé mais parecida a cartola de um mágico?
Então, onde quero, efetivamente chegar? Presumidamente, vou ao texto de Gênesis 28 e volto a falar de Hagar e Ismael, banidos, devido a cólera de Sara, somente com um pouco de água e pão, ao deserto, sem eira nem beira, e, o mais drástico e triste, respectivo ato feito pelo denominado pai da fé, Abraão. Por ora, não vem ao caso e muito menos se trata na questão a ser ponderada, todavia, não estavam no contexto de um Deus de feitos notórios ou não? Mesmo assim, Hagar, mediante a intervenção de um anjo, visualiza uma fonte de água, ou seja, adquire uma leitura específica, ao qual não os tiraram do deserto e, em direção oposta, os ajudaram a caminhar, ir adiante e recomeçar suas histórias e biografias. Eis a minha insistência parar mostrar a fé que não tem a intenção prioritária de remover os enredos tensos e contraditórios da vida, mas nos levar a enfrentar as situações e extrair a esperança indispensável para realinharmos nossas trajetórias. O livro de Salmos também aponta para uma abundância de retratos de gente, com suas inquietudes, com suas revoltas, com suas decepções, com suas redescobertas da fé, de Deus, de si mesmo, de uma perda daquela fé mimada, covarde, hipócrita, ancorada num eu egoísta e que não nos remete ao próximo.
Vou adiante, perder a fé, para encontrar fé procura mostra um chamado para uma relação simples e aberta com a vida, rompe e irrompe, tira de cena tantos aflições e busca tolas por uma perfeição, mais assemelhado a tentativas ingênuas de agradar a Deus, por meio de sistemas de crenças. O ponto regente dessa perda, sim e sim, objetiva nos ligar e religar com nossa humanidade, nossa dignidade, nossa espiritualidade e afetuosidade, num direto reencontro com o próximo. É bem verdade, como trazer essa fé para uma realidade anestesiada pelo individualismo, por uma realidade líquida, rasa, na superfície, conforme o filósofo Bautman se vale dessas expressões?
Aliás, mais grave ainda, ao observarmos uma fé mais parecida a uma chave capaz de acionar forças divinas para nos isentar das ambuiguidades, dos conflitos, dos confrontos e dos não (s) da vida? Por isso, sem apresentar fórmulas mirabolantes, perda essa fé torturante, abre-nos oportundiades para a fé da ligação e religação, de perceber haver um compromisso com o próximo, de aprender a ler uma Graça que não nos tira do caminho, mas nos ajuda a prosseguir, pode ser um dos antídotos para notar como esse mundo, por mais desordenado possa ser, ainda nos diz respeito.
A religião apresenta – se como um assunto acarretador das mais variadas interpretações e posições. Ainda somos marcados pelas faces dela, embora sejamos uma geração profundamente envoltos pelo relativismo, pela vida sobre pontos de vista, com seus repertórios de rituais, de crenças, de atos cerimoniais, de penitências e demais práticas.
Muitos a repudiam, terminantemente, outros a reconhecem, mas sem aquela visão de definir os rumos da vida. Em resumidas palavras, ouso lançar a religião proposta por Jesus, pelo qual tem a incumbência de ligar e religar as pessoas, fazer – nos compreender o quanto o compromisso com o próximo se estabelece numa mudança radical, na maneira como lidamos com a vida. Parto dessas afirmativas e me assento nos comentários do sociólogo Emile Durkheim, neto de um rabino ortodoxo, quando esteve em comunidades primitivas e chegou a conclusão de a religião, ali, se comprometia menos sobre a relação entre Deus e o homem, mas sim, essa ligação, esse vínculo, essa responsabilidade entre as pessoas.
Ora, isso me fez parar e reler a urgência de, talvez, porque não posso decidir por você, perder a fé para encontrar a fé. Sem sombra de dúvida, caminhamos, com maior ênfase, aqueles moldados a uma cultura de fé inatingivel, por onde formos educados na visão de um Deus que, no fim de tudo, dá um jeito, ajeitar as coisas. Agora, sejamos sinceros e sérios, sem a intenção de insuflar ninguém com enganos, a vida reflete situações de injustiças, as guerras não acabaram, as marginalizações idem, a escravidão ocorre de outras formas, as indiferenças submetem refugiados, como se fossem portadores de pestilências.
Não por menos, diante dos cenários dessa vida, nem sempre os bons são reconhecidos, pessoas íntegras perdem suas vidas, crianças vitimadas por doenças incuráveis, jovens ceifados pela imprudência de outros, idosos abandonados por seus familiares e por ai vai. Faz – se observar, ouvimos uma fé retumbante, de um Deus interventor e municiado de promessas para dar um jeito nessa bagunça cósmica, nessa fria de cada dia. Tristemente, quantos se encontram submersos no descrédito, em função de uma narrativa de uma fé mais parecida a cartola de um mágico?
Então, onde quero, efetivamente chegar? Presumidamente, vou ao texto de Gênesis 28 e volto a falar de Hagar e Ismael, banidos, devido a cólera de Sara, somente com um pouco de água e pão, ao deserto, sem eira nem beira, e, o mais drástico e triste, respectivo ato feito pelo denominado pai da fé, Abraão. Por ora, não vem ao caso e muito menos se trata na questão a ser ponderada, todavia, não estavam no contexto de um Deus de feitos notórios ou não? Mesmo assim, Hagar, mediante a intervenção de um anjo, visualiza uma fonte de água, ou seja, adquire uma leitura específica, ao qual não os tiraram do deserto e, em direção oposta, os ajudaram a caminhar, ir adiante e recomeçar suas histórias e biografias. Eis a minha insistência parar mostrar a fé que não tem a intenção prioritária de remover os enredos tensos e contraditórios da vida, mas nos levar a enfrentar as situações e extrair a esperança indispensável para realinharmos nossas trajetórias. O livro de Salmos também aponta para uma abundância de retratos de gente, com suas inquietudes, com suas revoltas, com suas decepções, com suas redescobertas da fé, de Deus, de si mesmo, de uma perda daquela fé mimada, covarde, hipócrita, ancorada num eu egoísta e que não nos remete ao próximo.
Vou adiante, perder a fé, para encontrar fé procura mostra um chamado para uma relação simples e aberta com a vida, rompe e irrompe, tira de cena tantos aflições e busca tolas por uma perfeição, mais assemelhado a tentativas ingênuas de agradar a Deus, por meio de sistemas de crenças. O ponto regente dessa perda, sim e sim, objetiva nos ligar e religar com nossa humanidade, nossa dignidade, nossa espiritualidade e afetuosidade, num direto reencontro com o próximo. É bem verdade, como trazer essa fé para uma realidade anestesiada pelo individualismo, por uma realidade líquida, rasa, na superfície, conforme o filósofo Bautman se vale dessas expressões?
Aliás, mais grave ainda, ao observarmos uma fé mais parecida a uma chave capaz de acionar forças divinas para nos isentar das ambuiguidades, dos conflitos, dos confrontos e dos não (s) da vida? Por isso, sem apresentar fórmulas mirabolantes, perda essa fé torturante, abre-nos oportundiades para a fé da ligação e religação, de perceber haver um compromisso com o próximo, de aprender a ler uma Graça que não nos tira do caminho, mas nos ajuda a prosseguir, pode ser um dos antídotos para notar como esse mundo, por mais desordenado possa ser, ainda nos diz respeito.
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