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Palavra do leitor

Paulo, um homem a ser imitado

Passos lentos aproximaram-no do exato local da sua execução. Ainda se podia sentir no ar o cheiro da fumaça dos incêndios noturnos. As correntes tornavam seu movimento mais lento e cadenciado. O sol forte do meio-dia castigava sua pele já inflamada pelas feridas oriundas das chicotadas que cortaram sua pele. A vista cansada e turva depois de meses numa prisão escura e fria. As roupas sujas e rasgadas davam-lhe uma aparência de mendigo.

Uma figura totalmente diferente daquele outrora fariseu chamado Saulo, arrogante, destemido, impetuoso e justiceiro que andava perseguindo aqueles do Caminho, como eram chamados os seguidores de Jesus. Lucas, o médico amigo, acompanha seus últimos movimentos. A postura firme e destemida do apóstolo encanta o amigo historiador. Como havia predito um pouco antes escrevendo para seu discípulo Timóteo, seu fim era chegado. Este é o cenário fictício mostrado no filme intitulado ‘Paulo, o Apóstolo de Cristo’.

"Não sou eu, é o próprio Cristo que olha para você e estilhaça suas defesas e nesse momento você entenderá que é totalmente conhecido de Deus e se sentirá completamente amado". Neste trecho da conversa final que Paulo tem com seu carrasco romano responsável pela sua prisão e morte, observamos uma ironia: de um lado, um homem empoderado pelo maior império da História capaz de condenar à morte quem ele bem quisesse, porém, sem esperanças no porvir, escravo de falsos deuses e servo da loucura romana; do outro lado, um homem acorrentado, abandonado e prestes a ser decapitado, condenado por liderar um suposto grupo inimigo do Estado que ousava não adorar o imperador, mas somente o Cristo ressureto. Um homem totalmente livre e consciente para onde estava prosseguindo após ter combatido o bom combate. Este, preso, todavia livre; aquele, livre, contudo preso.

Eis um homem totalmente quebrantado, desarmado, embebido de Deus, entregue ao seu Senhor, esvaziado de si mesmo, encharcado da graça. Quando lemos as cartas paulinas é isso que vemos. Um vaso que fora quebrado e refeito para ser receptáculo de um vinho totalmente novo. Vemos um homem que perdeu tudo que havia construído ao longo da vida para ganhar tudo aquilo que somente Deus poderia proporcionar.

A quem eu vejo quando olho para Paulo? Vejo todo aquele que insiste em autojustificar-se, aquele que constrói seu castelo sob a areia, aquele que observa no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho (Mt 7.3), vejo aquele que ainda pensa que será visto e recompensado por suas moribundas obras. Vejo um inquisidor. Mas vejo também alguém renascido, refeito, lavado, purificado, repaginado, transfigurado, e sabedor de que esta obra só poderia ser executada por aquele que deu a si mesmo, que esvaziou-se de sua divindade e, voluntariamente, foi para o lugar que seria meu e seu: a rude cruz, maldita e bendita.

A história de homens como Paulo de Tarso faz-me entender um pouco mais sobre a natureza humana e todas as suas excentricidades, mas também um pouco mais de um Deus insistentemente gracioso, obstinado a buscar e amar aquele que está alienado do propósito para o qual fora criado, perdido em si mesmo. Um Deus que não considera o nosso pano de fundo, o histórico daquele a ser alcançado. Francis Shaeffer fala-nos, com muita propriedade, que cada ser humano vive sob um telhado criado e mantido para dar-lhe segurança e significado. Porém, quando a boa notícia, que é o Evangelho, é-lhe anunciada, a falsa segurança é revelada mostrando o grande abismo existente entre seu morador e o Eterno. O anúncio, agora disponibilizado por aquele que é tanto o mensageiro como a própria mensagem, tem o condão de trazer um novo sentido e uma nova direção à existência, como aconteceu com o velho apóstolo dos gentios, autor da célebre sentença: "para mim viver é Cristo e o morrer é lucro" (Fl 1.21). Quando abadonamos a pretensa segurança do nosso telhado e passamos a habitar no abrigo do Altíssimo, podemos declarar como o salmista: Tu és o meu refúgio e minha fortaleza (Sl 91).

O filme citado acima nos mostra um homem totalmente convicto de sua missão e de seu destino, mesmo tendo sofrido ao longo da vida com um "espinho na carne" (terá sido a lembrança diária da perseguição e morte que liderou sobre tantos cristãos inocentes?). Um homem que tinha tudo que alguém poderia desejar: fama, conhecimento, respeito, carreira. Porém, aquela luz e aquela voz na estrada de Damasco foram mais poderosas que qualquer outra força humana, fazendo com que o apóstolo de Tarso mudasse toda sua agenda e todos os seus planos.

O mundo conhecido de então seria seu púlpito, até chegar à grande Roma e ao seu martírio que o levaria ao encontro dos que havia perseguido e aos braços do seu redentor. O mundo de hoje é o palco onde cada seguidor de Jesus deve anunciá-lo, com intrepidez e urgência, como fez Paulo, um homem digno de ser imitado por todos nós.

Tony - faos.ead@gmail.com
Brasília - DF
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