Palavra do leitor
- 08 de março de 2007
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Pátria amada idolatrada, Brasil
Vocês sabiam que na Europa já existem várias igreja brasileiras? Ouvi dizer que só em Londres são umas 70. Também fiquei surpreso com a pulverização das igrejas brasileiras nos países desenvolvidos. Contudo, as inimizades que surgem, as gafes culturais e o afã do crescimento numérico (entre os imigrantes) não deixa muito espaço para uma semeadura eficaz neste solo tão féritl e necessitado.
Ninguém sabe ao certo quantos brasileiros vivem hoje em Londres, uma cidade com 7,3 milhões de habitantes oficiais, sendo um terço de estrangeiros. Oficialmente, apenas 25 mil são brasileiros, segundo uma reportagem da BBC. Mas outras estatísticas apontam que este número é de cerca de 120 mil, entre legais e ilegais. Um relatório recente elaborado a pedido da Igreja Católica mostrou que 40% dos imigrantes latino-americanos estão em situação ilegal.
O trabalho ilegal não é nada novo, nem no Brasil nem na Europa. O problema está na sonegação de impostos e nos abusos que o empregador pode exercer sobre o empregado, como sobrecarga ou má remuneração.
Como os imigrantes não tem mais o apoio da família nem de ninguém em um país onde não entendem nem sequer a língua, as igrejas evangélicas exercem um papel fundamental oferecendo calor humano dos conterrâneos e, principalmente, ajuda para conseguir se estabelecer. Todavia, isso pode causar abusos lamentáveis devido à relação de dependência e interesses não muito santos que surgem nos países do euro, do dólar e da libra.
Apesar de nossas mazelas e das vantagens do primeiro mundo, o Brasil continua sendo a nossa pátria amada “idolatrada”, Brasil (idolatrada é um óbvio exagero poético dos compositores do nosso hino nacional). Mas com as saudades de casa e o choque cultural, o “mister imigrante” tende a colocar sua nação e cultura num altar. Ele se fecha em uma panela de pressão nacional. Nas igrejas esta pressão aumenta ainda mais.
Geralmente o círculo de relacionamentos de um membro de igreja evangélica no exterior é de segunda a domingo um só, as pessoas com quem moram, trabalham e vão à igreja. Ali normalmente se misturam também as diversas origens de norte a sul do Brasil, incrementada com os irmãos portugueses, angolanos e moçambicanos. Isso é bom pois dificulta muito o esquecimento da própria língua materna, mas torna quase impossível o aprendizado da estrangeira. Aliás, essa é normalmente a razão formal de se estar ali: o aprendizado de um novo idioma.
Aquilo que se diz é o que importa na Europa. Isso é uma característica cultural diferente da nossa. A lógica, a argumentação e a racionalidade fazem parte do jogo relacional na sociedade. Daí o rótulo de que o europeu é frio, pois ele não se entrega facilmente às ilusões daquilo que é aparente. Ele sempre busca primeiro as razões objetivas daquilo que se prega ou vive. Normalmente ninguém na Europa precisará de um “desconfiômetro”, tudo será dito de forma direta e clara. Este tipo de comportamento choca o brasileiro que está tão acostumado a falar com indiretas. Exige dele também um esforço extra para, em uma língua estrangeira, fazer aquilo que nem na materna ele aprendeu: dizer abertamente aquilo que realmente pensa ou acredita. Ao contrário do europeu, nós brasileiros, damos muito valor ao contexto, às emoções, às aparências como roupas, ambiente, tonalidade da fala, do som do riso ou do choro. É assim que nos entendemos e nos relacionamos, ainda que muita coisa esteja tão fora da lógica nesse nosso Brasil.
As regras aqui são outras e geralmente são para serem respeitadas. Infelizmente os líderes destas igrejas brasileiras na Europa (creio que nos EUA acontece de forma semelhante) fazem vista grossa e não tocam nesse nervo tão sensível. Entretando para que se dê um testemunho eficaz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo no velho continente faz-se necessário dar especial atenção para estas questões de integração cultural e legalidade. Enquanto eles não fazem isso nos resta continuar pedindo ao Senhor da seara que ele mande mais trabalhadores e torcer para que o serviço de imigração consiga barrar os oportunistas.
Ninguém sabe ao certo quantos brasileiros vivem hoje em Londres, uma cidade com 7,3 milhões de habitantes oficiais, sendo um terço de estrangeiros. Oficialmente, apenas 25 mil são brasileiros, segundo uma reportagem da BBC. Mas outras estatísticas apontam que este número é de cerca de 120 mil, entre legais e ilegais. Um relatório recente elaborado a pedido da Igreja Católica mostrou que 40% dos imigrantes latino-americanos estão em situação ilegal.
O trabalho ilegal não é nada novo, nem no Brasil nem na Europa. O problema está na sonegação de impostos e nos abusos que o empregador pode exercer sobre o empregado, como sobrecarga ou má remuneração.
Como os imigrantes não tem mais o apoio da família nem de ninguém em um país onde não entendem nem sequer a língua, as igrejas evangélicas exercem um papel fundamental oferecendo calor humano dos conterrâneos e, principalmente, ajuda para conseguir se estabelecer. Todavia, isso pode causar abusos lamentáveis devido à relação de dependência e interesses não muito santos que surgem nos países do euro, do dólar e da libra.
Apesar de nossas mazelas e das vantagens do primeiro mundo, o Brasil continua sendo a nossa pátria amada “idolatrada”, Brasil (idolatrada é um óbvio exagero poético dos compositores do nosso hino nacional). Mas com as saudades de casa e o choque cultural, o “mister imigrante” tende a colocar sua nação e cultura num altar. Ele se fecha em uma panela de pressão nacional. Nas igrejas esta pressão aumenta ainda mais.
Geralmente o círculo de relacionamentos de um membro de igreja evangélica no exterior é de segunda a domingo um só, as pessoas com quem moram, trabalham e vão à igreja. Ali normalmente se misturam também as diversas origens de norte a sul do Brasil, incrementada com os irmãos portugueses, angolanos e moçambicanos. Isso é bom pois dificulta muito o esquecimento da própria língua materna, mas torna quase impossível o aprendizado da estrangeira. Aliás, essa é normalmente a razão formal de se estar ali: o aprendizado de um novo idioma.
Aquilo que se diz é o que importa na Europa. Isso é uma característica cultural diferente da nossa. A lógica, a argumentação e a racionalidade fazem parte do jogo relacional na sociedade. Daí o rótulo de que o europeu é frio, pois ele não se entrega facilmente às ilusões daquilo que é aparente. Ele sempre busca primeiro as razões objetivas daquilo que se prega ou vive. Normalmente ninguém na Europa precisará de um “desconfiômetro”, tudo será dito de forma direta e clara. Este tipo de comportamento choca o brasileiro que está tão acostumado a falar com indiretas. Exige dele também um esforço extra para, em uma língua estrangeira, fazer aquilo que nem na materna ele aprendeu: dizer abertamente aquilo que realmente pensa ou acredita. Ao contrário do europeu, nós brasileiros, damos muito valor ao contexto, às emoções, às aparências como roupas, ambiente, tonalidade da fala, do som do riso ou do choro. É assim que nos entendemos e nos relacionamos, ainda que muita coisa esteja tão fora da lógica nesse nosso Brasil.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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