Palavra do leitor
- 10 de fevereiro de 2010
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Pastores não são descartáveis
Era o primeiro domingo de 2010. Eu e meu marido, em férias no litoral do Espírito Santo, decidimos procurar uma igreja para colocar na presença de Deus nossos planos para o ano que se iniciava. Encontramos uma pequena congregação, poucos irmãos, muita receptividade, um pastor de cabelos brancos que, na ausência de alguém de tocasse instrumentos ou dirigisse a liturgia, conduziu todo o culto de forma singela e sincera. Ao final, ele informou à comunidade que entraria em férias já que aquela seria sua última oportunidade. Ele havia sido aposentado, não possuía recursos ou bens e precisava ir à Ouro Preto pedir socorro a seus filhos que lá residiam.
A luta enfrentada por esse pastor não é a primeira na história da igreja e infelizmente não será a última. Na sociedade em que vivemos a palavra de ordem é "Ame as coisas, use as pessoas" e, ao que parece, estruturas e irmãos têm se acomodado neste modo de vida. Muitos são os pastores que, ao chegarem à maturidade, são considerados arcaicos, ultrapassados, descartáveis. Poucos são os que se lembram da condição humana do pastor, de sua família, de seus anos de dedicação ao ministério, que muitas vezes o impediram de construir um pé de meia para sua velhice.
A Palavra de Deus, na carta aos Hebreus, capítulo 13:17 diz que devemos obedecer nossos guias e sermos submissos a eles, "pois velam por nossas almas como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo". Mas a igreja está cheia de ovelhas rebeldes, arredias aos conselhos do pastor, voltadas para suas próprias necessidades, cegas ao amor ao próximo. A própria estrutura da igreja não deixa por menos! Algumas até mesmo exigem metas de crescimento de membros e dízimos. Os que não se enquadram no sistema não têm espaço para exercerem o ministério para o qual foram chamados por Deus. Não são poucos os que adoecem, entram em crise, são abandonados à sua própria sorte.
É preciso deixar de lado a idéia de que fórmulas empresariais se aplicam à igreja. Elas transformam pessoas em peças de xadrez a serem sacrificadas em prol de um objetivo. O Senhor criou os seres humanos para serem amados, não usados ou negociados. A comunidade ideal não é aquela inchada, cheia de personalismos e salários milionários (se assim fosse, Jesus não teria sido tomado pela revolta ao encontrar comércio no templo de Jerusalém). A igreja de Cristo tem espaço para todos, os mais simples são exaltados, os mais velhos honrados. E muitas são as ovelhas e pastores que já chegaram a essa conclusão, mas a guardam para si. Para estes irmãos, deixo as palavras do Pastor Martin Luther King: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
____________________
Jornalista e professora universitária. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Atualmente membra da igreja Metodista Santa Efigênia, em Belo Horizonte, MG.
A luta enfrentada por esse pastor não é a primeira na história da igreja e infelizmente não será a última. Na sociedade em que vivemos a palavra de ordem é "Ame as coisas, use as pessoas" e, ao que parece, estruturas e irmãos têm se acomodado neste modo de vida. Muitos são os pastores que, ao chegarem à maturidade, são considerados arcaicos, ultrapassados, descartáveis. Poucos são os que se lembram da condição humana do pastor, de sua família, de seus anos de dedicação ao ministério, que muitas vezes o impediram de construir um pé de meia para sua velhice.
A Palavra de Deus, na carta aos Hebreus, capítulo 13:17 diz que devemos obedecer nossos guias e sermos submissos a eles, "pois velam por nossas almas como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo". Mas a igreja está cheia de ovelhas rebeldes, arredias aos conselhos do pastor, voltadas para suas próprias necessidades, cegas ao amor ao próximo. A própria estrutura da igreja não deixa por menos! Algumas até mesmo exigem metas de crescimento de membros e dízimos. Os que não se enquadram no sistema não têm espaço para exercerem o ministério para o qual foram chamados por Deus. Não são poucos os que adoecem, entram em crise, são abandonados à sua própria sorte.
É preciso deixar de lado a idéia de que fórmulas empresariais se aplicam à igreja. Elas transformam pessoas em peças de xadrez a serem sacrificadas em prol de um objetivo. O Senhor criou os seres humanos para serem amados, não usados ou negociados. A comunidade ideal não é aquela inchada, cheia de personalismos e salários milionários (se assim fosse, Jesus não teria sido tomado pela revolta ao encontrar comércio no templo de Jerusalém). A igreja de Cristo tem espaço para todos, os mais simples são exaltados, os mais velhos honrados. E muitas são as ovelhas e pastores que já chegaram a essa conclusão, mas a guardam para si. Para estes irmãos, deixo as palavras do Pastor Martin Luther King: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
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Jornalista e professora universitária. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Atualmente membra da igreja Metodista Santa Efigênia, em Belo Horizonte, MG.
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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