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Palavra do leitor

Parábola do dente estragado

Como na música de Chico Buarque, o meu pai era gaúcho, minha mãe pernambucana, de Caruarú. Nessa cidade há uma famosa feira. Quando criança, morando no interior da Bahia, lembro-me de ver meu pai trazer de lá uma uma peça de artesanato em argila.

A peça tinha a seguinte cena. Um paciente assentado em uma cadeira de dentista. O dentista com um pé no chão e o outro no peito do paciente. Segurava com as duas mãos um alicate preso no dente do paciente, e puxava. Era engraçado observar a cena do dentista tentando arrancar aquele dente.

Há alguns anos atrás, no Brasil a odontologia não era muito evoluída. Os dentistas eram "práticos". Acho que só arrancavam dentes, faziam dentaduras para os banguelas cujos dentes arrancaram e, os melhores, usavam um motorzinho para retirar cáries. Tapavam o buraco feito colando uma massinha. Essa, costumava sair na primeira bala chita que o paciente mastigava.

Em minha igreja tinha um desses dentistas. Um belo dia, sentindo uma dor de dente horrível, precisei visitá-lo. Sem titubear ele dá o diagnóstico: arrancar ou, obturar. Nesse momento lembrei-me da dentadura do meu pai no copo de massa de tomate com água, ao lado da cama, sorridente como o Curinga (inimigo do Batman). Não pretendia usar uma daquelas tão cedo. Se arrancasse o primeiro dente seria uma questão de tempo até ter perdido todos. Pensar na possibilidade era terrível. Imagine, por exemplo, namorar nessa condição?

Assim, mesmo com medo do infernal zunido do motorzinho, obturei o dente. Pouco tempo depois à obturação caiu. Não tendo condição para colocar outra, fui curtindo a panelinha.

A odontologia evoluiu (pena que os odontólogos herdaram o malfadado nome dos seus antecessores). Eles se tornaram verdadeiros médicos bucais. Neste novo estágio, extrair dente para eles, seria como perder o paciente em uma cirurgia do coração para os cardiologistas.

Nesse interregno, do meu dente, restara somente uns caquinhos pretos que exalavam um horrível cheiro. Só podia sorrir com a metade da boca e conversar de forma gutural para não passar vergonha.

Fui visitar o odontólogo. Antes do diagnóstico, foi-me solicitado um raio-x. A situação não era boa: teria de fazer um canal. Após algumas sessões, o habilidoso doutor fez um verdadeiro malabarismo em minha boca, e o dente foi reconstituído. Obra digna de um artífice.

Agora sim, o dente havia sido tratado desde a raiz. Ficou novinho em folha. O doutor fez a parte que lhe competia, eu precisava fazer a minha: manter o dente bem escovado. Não pretendia repetir a dose.

Nesse período fiquei às voltas com a seguinte questão bíblica. Se Jesus morreu em meu lugar, levou sobre si todas as minhas transgressões. Se, pela fé, eu fui justificado por Deus, porque preciso confessar diariamente meus pecados em busca de perdão?

"Justificação é uma declaração de Deus de que Ele cuidou plenamente de nossos pecados, na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Incluindo os pecados que já cometemos e os que ainda vamos cometer, tendo-nos imputado à retidão do Senhor Jesus Cristo. Considerando-nos e declarando-nos justos, porque estamos em Cristo."

A história do dente ajudou-me a entender a diferença entre a justificação dos pecados (o ato que ocorre uma vez por todas), e o perdão diário (o processo contínuo).

O dente estragado representa o pecador. Como um "odontólogo", Deus trata dos nossos pecados. Este é um ato único, e independe de quaisquer méritos. Tem como base de justiça o sacrifício vicário de Jesus. A única condição é a fé (Rm 5:1). O dente restaurado representa o homem salvo. Precisa ser escovado diariamente para manter-se saudável. Ainda que sua estrutura interna esteja intacta e perfeita, externamente irá se sujar.

A restauração só pode ser feita pelo "odontólogo". A manutenção, pelo dono do dente, que não vai precisar de uma nova cirurgia cada vez que seu dente se sujar. Este evento contém: uma cirurgia; várias escovações.

Assim ocorre com quem foi regenerado por Deus. Teve todos os pecados tratados na justificação (o ato), mas precisa manter a sua saúde espiritual, limpar a sujeira que se apega a ele enquanto caminha nesse mundo (o processo).

Uma vez justificados, o perdão para as nossas falhas e fracassos diários será para manter um relacionamento de comunhão com Deus. Como expressou Chafer: "Quando ele foi salvo, foi perdoado porque creu, e, sendo salvo, será perdoado porque confessou".

Perdoem-me os dentistas e artesãos pela comparação que farei. O "dentista" representado na peça de argila é o diabo. Tudo o que ele sabe fazer é arrancar e destruir. Jesus Cristo é o "odontólogo". Para ele, mesmo a mais trágica situação dispensa esta alternativa. Ele "é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham" procurá-lo na clínica (2 Pd 3:9b).

Porque o trabalho do "odontólogo" Filho do homem é salvar o "dente" que tinha sido considerado perdido. (Mt 18:11)

Amigo, você já foi visitar a clínica do doutor Jesus?
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Belo Horizonte - MG
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