Palavra do leitor
- 30 de janeiro de 2008
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Pai, afasta de mim esse cálice!
Das muitas dores que sentimos nesta vida, a perda de um ente querido certamente é das mais terríveis, porém o vazio que num primeiro momento nos parece abissal, aos poucos é preenchido pela compreensão de que a morte é a única certeza de nossa existência e que "tudo tem o seu tempo determinado e há sempre tempo para todo propósito debaixo do céu" (Ec 3.1).
Quer seja pelo olhar do próprio tempo, ou pelo olhar da fé, aos poucos aquele abismo se transforma numa planície, onde as flores das boas recordações são embaladas pela suave brisa da saudade. E já não há dor.
Porém, acima dessa perda física, material, considero ainda mais avassaladora a dor que não nos lacera apenas uma vez, mas que se repete numa constância permanente.
Quantos de nós, pais que somos, explicamos, aconselhamos, orientamos nossos filhos com o mais extremado amor e cuidado, e os vemos, ainda assim, optando por caminhos obscuros e tortuosos? Uma vez, duas vezes... E temos a alma açoitada, esfrangalhada. Mas seguimos tentando, nos desdobramos, penetramos no reino do impossível, movemos o céu e a terra, e tornamos a fazê-lo ainda quantas vezes nosso coração for magoado, tantas vezes nossa esperança for crucificada – para sempre ressuscitar, apesar de saber que outra cruz a espera.
Os filhos, muitas vezes, sabem ser tão difíceis, tão ingratos... E nos é tão amargo beber o conteúdo do cálice que nos destinam!
É sob esse enfoque que entendo o drama vivido por Jesus no Getsêmani: "Pai, se queres, passa de mim esse cálice!". Porquê Ele abriu mão da sua divindade para humanamente nos resgatar com seu sangue, numa sofrida entrega que já conhecia de antemão e que não O assustava, mas certamente tinha a esperança de que Seu sacrifício não fosse vão.
E tentou, explicou, demonstrou, se desfez em exemplo; "mas os seus não O compreenderam".
Aba, Pai, afasta de mim esse cálice de incompreensão, de desamor, de orgulho, de prepotência. Que não surja em mim a desesperança, que eu ainda tenha razões parar crer nessa “geração incrédula e perversa” (Mt 17.17). Se for da tua vontade, afasta!
Sempre que penso naquele momento, uma profunda tristeza me invade. Porque ante toda a barbárie que reina no mundo, e apesar de ser imolado no Gólgota, por você e por mim, dia após dia Jesus segue sorvendo o cálice da amargura.
Até quando?
Quando todos nós, que nos dizemos cristãos evangélicos, buscaremos verdadeiramente a nossa transformação interior e poremos nossos joelhos em terra, em jejum e oração, rogando ao Senhor que Seu Divino Espírito adentre todos os corações, para que povos e nações sejam avivados e, com a presença de Deus entre nós, Jesus finalmente possa sentir o sabor do leite e do mel?
Porque só compete a nós atender o pedido e afastar, por todo o sempre, esse cálice de fel que nos subjuga há mais de 2000 anos.
Quer seja pelo olhar do próprio tempo, ou pelo olhar da fé, aos poucos aquele abismo se transforma numa planície, onde as flores das boas recordações são embaladas pela suave brisa da saudade. E já não há dor.
Porém, acima dessa perda física, material, considero ainda mais avassaladora a dor que não nos lacera apenas uma vez, mas que se repete numa constância permanente.
Quantos de nós, pais que somos, explicamos, aconselhamos, orientamos nossos filhos com o mais extremado amor e cuidado, e os vemos, ainda assim, optando por caminhos obscuros e tortuosos? Uma vez, duas vezes... E temos a alma açoitada, esfrangalhada. Mas seguimos tentando, nos desdobramos, penetramos no reino do impossível, movemos o céu e a terra, e tornamos a fazê-lo ainda quantas vezes nosso coração for magoado, tantas vezes nossa esperança for crucificada – para sempre ressuscitar, apesar de saber que outra cruz a espera.
Os filhos, muitas vezes, sabem ser tão difíceis, tão ingratos... E nos é tão amargo beber o conteúdo do cálice que nos destinam!
É sob esse enfoque que entendo o drama vivido por Jesus no Getsêmani: "Pai, se queres, passa de mim esse cálice!". Porquê Ele abriu mão da sua divindade para humanamente nos resgatar com seu sangue, numa sofrida entrega que já conhecia de antemão e que não O assustava, mas certamente tinha a esperança de que Seu sacrifício não fosse vão.
E tentou, explicou, demonstrou, se desfez em exemplo; "mas os seus não O compreenderam".
Aba, Pai, afasta de mim esse cálice de incompreensão, de desamor, de orgulho, de prepotência. Que não surja em mim a desesperança, que eu ainda tenha razões parar crer nessa “geração incrédula e perversa” (Mt 17.17). Se for da tua vontade, afasta!
Sempre que penso naquele momento, uma profunda tristeza me invade. Porque ante toda a barbárie que reina no mundo, e apesar de ser imolado no Gólgota, por você e por mim, dia após dia Jesus segue sorvendo o cálice da amargura.
Até quando?
Quando todos nós, que nos dizemos cristãos evangélicos, buscaremos verdadeiramente a nossa transformação interior e poremos nossos joelhos em terra, em jejum e oração, rogando ao Senhor que Seu Divino Espírito adentre todos os corações, para que povos e nações sejam avivados e, com a presença de Deus entre nós, Jesus finalmente possa sentir o sabor do leite e do mel?
Porque só compete a nós atender o pedido e afastar, por todo o sempre, esse cálice de fel que nos subjuga há mais de 2000 anos.
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