Padre Marcelo e Kaká: jogos e bebidas no reino do futebol

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"Há algo de podre no reino da Dinamarca". William Shakespeare descreve através do personagem de Hamlet a realidade do reino em que este vivia. Hamlet finge-se de louco a fim de sobreviver no Palácio e alimentar o plano de vingança para aniquilar seu inimigo, o que consegue; porém, acaba morto.

Como o mundo jaz no maligno, (I João 5.19), também existe algo de podre no reino do futebol.

O jovem Ricardo se tornou o ícone pop star gospel Kaká. Defende sua fé e valores morais diante dos holofotes e câmeras, resguardando seu testemunho. Mesmo em meio às acusações feitas aos líderes de sua Igreja, continua firme em sua denominação, sendo consagrado ao presbitério e fazendo contribuições (www.estadao.com.br/cidades/not_cid324950,0.htm) E como é difícil fazer brilhar a luz de cristo neste meio.

Quando de sua transferência do Milan para o Real Madrid, sua esposa testemunhou na Igreja o milagre da negociação de cerca de 65 milhões de euros, em meio à plena crise econômica. Coisa de Deus? Estratégia de Marketing?

Na verdade a contratação do Kaká gera milhões de retorno. As vendas de camisas do time são uma grande fonte de dividendo. O curioso é que a camisa estampa o BWIN, patrocinador oficial do clube madrilenho desde 2007 e até 2013. Para quem não sabe, o bwin é nada mais nada menos que um cassino virtual, conforme seu próprio site afirma: “bwin – o maior site de jogo online do mundo” e convida: “Por que escolher a bwin? Temos mais de 30.000 apostas online todos os dias em mais de 90 modalidades diferentes, mais de 40.000 adversários à sua espera nas nossas mesas de poker, um cassino que nunca fecha as suas portas e cinco diferentes categorias de games? Está na altura de nos mostrar o que vale!” (www.bwin.com/pt/Default.aspx)

Enquanto o caixa do Real engorda fazendo sua fé no patrocínio da jogatina milionária e a conta do Kaká se mantém acima dos seis zeros, milhares de sonhadores do mundo inteiro fazem sua fezinha no varejo das apostas do cassino virtual.

Semana passada, outro pop star da cultura religiosa, padre Marcelo Rossi, aparece em campanha de lançamento de um novo movimento. G 12 é coisa do passado: o negócio agora é G4, consórcio dos quatro principais clubes de futebol de São Paulo para faturarem mais. O padre Marcelo que tinha diminuído sua exposição na mídia, agora se torna garoto propaganda da campanha, tomando refrigerante e vestindo camiseta do patrocinador com propaganda de cerveja. “Questionado sobre a Igreja Católica encampar uma ideia patrocinada por bebidas alcoolicas, o Padre Marcelo Rossi disse que ele faz parte de uma instituição que une e é diversa. Segundo ele, parte do lucro será revertido a entidades carentes.” (www.vooz.com.br/noticias/unindo-cerveja-e-igreja-pe-marcelo-rossi-veste-a-camisa-24667.html)

Realmente existe algo de podre no Reino do futebol. Os milhões da jogatina patrocinam clubes; a indústria da cerveja também. Por que será então que foi proibida a venda de bebidas nos estádios brasileiros? As cenas de violência não são suficientes? Por que se prega nos púlpitos contra os perigos dos vícios dos jogos de azar? Quantos não levaram suas famílias à miséria sentados em mesas de jogos gastando tudo o que tinham? Quantos lares não foram destruídos pelo alcoolismo? Realmente o mundo jaz no maligno.

Só nos resta pedir a Deus que os Hamlets religiosos pós modernos possam vencer os inimigos em seus próprios castelos, convivendo com o perigo, e que não sejam feridos à morte por uma espada; Que escapem ilesos, bem como os demais pebleus. Amém.

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Opinião do leitor