Palavra do leitor
- 15 de agosto de 2008
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Ovelhas no meio de lobos
Tenho me preocupado muito com a Igreja evangélica brasileira, caracterizada, em linhas gerais, pelo apreço aos modismos. Com prestigiosas exceções, sinto que as igrejas têm se deixado conduzir pela ambição, pela cobiça de dinheiro, poder, fama, glória e honra. Essa busca as induz a distorções doutrinárias a fim de obterem crescimento numérico e satisfação de egos absurdos, criando-se "ministérios", "comunidades" e "igrejas" centradas no culto à personalidade.
Diante disso, ficam muitos servos e servas de Deus que não têm voz, anônimos, sem nenhum poder de decisão, ainda que eventualmente ostentem um título de pastor. São homens e mulheres que não se conformam com a adoração a Mamom (Mt 6.24) nem com a politicagem dentro da igreja; pessoas que geralmente são freqüentes à escola dominical ou instituição que o valha, e que demonstram maturidade cristã e conhecimento das bases de Fé. Às vezes, são vocacionadas ao ofício eclesiástico, mas ficam de fora do "ministério" porque não cumprem os requisitos que os líderes julgam importantes, ou porque não querem transigir com princípios que lhes são caros.
De fato, acredito que muitos líderes em potencial estão deixados de lado, enquanto os que ocupam o status quo vêm lhes dizer para ter paciência e confiar em Deus, aguardando o tempo...
Em minha (quase) solidão, pergunto: quanto tempo deveremos esperar? Levaremos quantos anos sofrendo a duras penas o peso do pecado na liderança, que explora e castiga um povo inteiro?
Será que paciência, como aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22), consiste em me acomodar esperando que um dia lembrem do meu nome e me dêem a destra de comunhão para eu me inserir no sistema? Paciência é o mesmo que leniência e covardia? Será que eu nada tenho que ver com o que se diz e faz em minha igreja, só porque cada um dará contas de si a Deus? Será que esse discurso conformista não resultará em manutenção do domínio por parte de líderes como os fariseus e escribas de Israel?
Agora, vale recordar da predição do Senhor Jesus Cristo quando disse em Mc 7.15: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores".
Em At 20.29, o apóstolo Paulo reforçou essa realidade: "Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho".
Está claro que os lobos devoradores se vestiriam como ovelhas, e que os lobos vorazes se intrometeriam entre nós. Jesus e Paulo não estavam se referindo a matilhas que permanecem de fora, mas àquelas que adentram o rebanho por um disfarce. Esses lobos, querido leitor, habitam entre nós.
Se meu argumento parece terrorista e demasiado negativo, gostaria de dizer que esse diagnóstico do problema é necessário para que se busquem soluções. Se não ajudo muito com um texto sobre o assunto, ao menos expresso minha indignação. Creio que só existe esperança para um homem ou uma mulher quando há capacidade de se indignar com o pecado.
Tenho certeza de que respostas prontas não existem, embora queiram me oferecer de vez em quando. Também sei que a solução não reside no coração dos conformados. Entendo que toda resposta bíblica para os conflitos na Igreja deve ser enxergada como um processo, e que atitudes veementes podem ser tomadas por pessoas que não fazem parte da cúpula, mas que exercem o sacerdócio universal (I Pe 2.9).
Diante disso, ficam muitos servos e servas de Deus que não têm voz, anônimos, sem nenhum poder de decisão, ainda que eventualmente ostentem um título de pastor. São homens e mulheres que não se conformam com a adoração a Mamom (Mt 6.24) nem com a politicagem dentro da igreja; pessoas que geralmente são freqüentes à escola dominical ou instituição que o valha, e que demonstram maturidade cristã e conhecimento das bases de Fé. Às vezes, são vocacionadas ao ofício eclesiástico, mas ficam de fora do "ministério" porque não cumprem os requisitos que os líderes julgam importantes, ou porque não querem transigir com princípios que lhes são caros.
De fato, acredito que muitos líderes em potencial estão deixados de lado, enquanto os que ocupam o status quo vêm lhes dizer para ter paciência e confiar em Deus, aguardando o tempo...
Em minha (quase) solidão, pergunto: quanto tempo deveremos esperar? Levaremos quantos anos sofrendo a duras penas o peso do pecado na liderança, que explora e castiga um povo inteiro?
Será que paciência, como aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22), consiste em me acomodar esperando que um dia lembrem do meu nome e me dêem a destra de comunhão para eu me inserir no sistema? Paciência é o mesmo que leniência e covardia? Será que eu nada tenho que ver com o que se diz e faz em minha igreja, só porque cada um dará contas de si a Deus? Será que esse discurso conformista não resultará em manutenção do domínio por parte de líderes como os fariseus e escribas de Israel?
Agora, vale recordar da predição do Senhor Jesus Cristo quando disse em Mc 7.15: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores".
Em At 20.29, o apóstolo Paulo reforçou essa realidade: "Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho".
Está claro que os lobos devoradores se vestiriam como ovelhas, e que os lobos vorazes se intrometeriam entre nós. Jesus e Paulo não estavam se referindo a matilhas que permanecem de fora, mas àquelas que adentram o rebanho por um disfarce. Esses lobos, querido leitor, habitam entre nós.
Se meu argumento parece terrorista e demasiado negativo, gostaria de dizer que esse diagnóstico do problema é necessário para que se busquem soluções. Se não ajudo muito com um texto sobre o assunto, ao menos expresso minha indignação. Creio que só existe esperança para um homem ou uma mulher quando há capacidade de se indignar com o pecado.
Tenho certeza de que respostas prontas não existem, embora queiram me oferecer de vez em quando. Também sei que a solução não reside no coração dos conformados. Entendo que toda resposta bíblica para os conflitos na Igreja deve ser enxergada como um processo, e que atitudes veementes podem ser tomadas por pessoas que não fazem parte da cúpula, mas que exercem o sacerdócio universal (I Pe 2.9).
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dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.
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