Apoie com um cafezinho
Olá visitante!
Cadastre-se

Esqueci minha senha

  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras

    Sua sacola de compras está vazia.

Palavra do leitor

Os profetas e a política

O movimento profético começa antes mesmo de o denominarmos como tal. Isso é tão verdade que Moisés é chamado de profeta. O profetismo, portanto, não pode ser reduzido aos tradicionais profetas maiores e menores. Gosto da divisão a Bíblia Hebraica que classifica os profetas como anteriores e posteriores. Outro equívoco é designar os profetas como videntes. Ao contrário do que se pensa, os profetas falavam mais do presente do que do futuro. Nesse sentido, eles atuavam como porta-vozes de Deus capaz de denunciar e anunciar. Anunciavam o compromisso com a implantação do reino e a fidelidade a Aliança com Deus. Em nome do Reino e da Aliança denunciavam todo tipo de pecado dos reis, dos sacerdotes e de outros profetas que desvirtuasse o povo do propósito original de Deus. Por essa razão, eles eram "os do contra" ou "perturbadores da ordem" (como foi apelidado o profeta Elias pelo rei Acabe e a rainha Jezabel).

Mas devemos entender que aqui há um paradoxo. Eles eram contra algumas coisas, porque era a favor de outras. É inevitável. Eram contra a morte, porque eram a favor da vida, eram contra o pecado, pois defendiam a santidade de Deus e de seu povo, eram contra injustiça, seja ela pessoal ou social, porque acreditavam na justiça de Deus (muitos dessas falas poderiam muito bem hoje ser rotuladas de discurso de ódio). Tendo esses valores e princípios em mente, eles atuavam como profeta, seja dentro do sistema (Daniel na Babilônia e Neemias na Pérsia) ou fora dele (João, o Batista; e o Elias, o tesbita).

Dentro ou fora do sistema, os profetas não desistiam de proclamar a Palavra de Deus e, por causa desse compromisso, denunciavam pecados pessoais (como é caso o de Natã em relação ao adultério de Davi e João Batista referente ao adultério de Herodes) e pecados sociais (como fizeram os profetas Isaías, Miquéias, Oséias e Amós). Além de atuarem como profeta no âmbito nacional, não se eximiam de falar da política internacional quando essa estava correlacionada com a História da Salvação (como se percebe nas diversas secções proféticas dos "oráculos das nações").

Apesar de todo esse envolvimento dos profetas na política, eles estabeleceram alguns limites: 1) Não é papel do Estado realizar serviços religiosos, como quis fazer o rei Saul ao tentar sacrificar no lugar do sacerdote, ao que respondeu o profeta: "É melhor obedecer do que sacrificar"; 2) O Estado é ministro de Deus para promover a justiça, a paz e a segurança, entretanto, ele não pode interferir na liberdade religiosa dos seus cidadãos (como está acontecendo na Nicarágua), pois Jesus disse: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". O Estado é laico, ou seja, não tem nenhuma religião oficial, o que possibilita, cada um, como cidadão, professar sua fé sem constrangimento ou perseguição (inclusive pastores, padres, líderes religiosos e o próprio Presidente da República, enquanto cidadão que é). 3) O Estado deve elaborar e promulgar leis e julgar com justiça, mas sabemos que juízes e parlamentares podem se corromper como denuncia o profeta Isaías: "Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que prescrevem opressão. Para desviarem os pobres do seu direito, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos! (Is.10:1,2). 3) O Estado tem poder e é uma autoridade divina (Rm.13), mas isso não significa que Deus chancela todo abuso de poder e autoritarismo. O Estado pode se tornar autoritário, totalitário, bestial e monstruoso como nos descreve o profeta João no livro de Apocalipse 13. Cabe aqui uma desobediência civil respeitosa e sem violência como fizeram Pedro diante do Sinédrio ("Mas importa obedecer a Deus do que aos homens"), ou Martin Luther King Jr. (1929-1968) contra o racismo nos Estados Unidos. Diante do exposto, percebe-se que a prática pastoral-profética é uma difícil tarefa e vocação de atuar na fronteira entre o pessoal e social, entre privado e o público, entre a dimensão histórica e a metafísica. A nossa luta é espiritual, mas ela tem contornos políticos, econômicos, sociais e culturais.

Pr. Isaac Vieira.
Campos Dos Goytacazes - RJ
Textos publicados: 12 [ver]
Os artigos e comentários publicados na seção Palavra do Leitor são de única e exclusiva responsabilidade
dos seus autores e não representam a opinião da Editora ULTIMATO.

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.

Ultimato quer falar com você.

A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Opinião do leitor

Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.