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Palavra do leitor

Os paradoxos do casamento cristão

Eu não sei como é o casamento em outras religiões, mas na religião cristã é confuso e cada igreja segue uma forma de pensar ou de interpretar a Bíblia. As exigências, supostamente baseadas na Bíblia e nas leis do País, acabam criando mais confusões do que soluções.

É claro que o brasileiro arruma um jeitinho para tudo, mas esse jeitinho às vezes prejudica a vida de muitas pessoas na igreja, principalmente se ela fizer parte do ministério. A pessoa que por algum motivo precisa se separar continua como membro ativo da igreja, mas nunca é como era antes. Segundo alguns pastores, não existe divórcio, ou só existe em caso de quebra dos votos, ou traição, como alguns costumam chamar, mas isto no mundo de hoje é difícil provar, além do mais, é preciso saber exatamente o que é "adultério", pois Jesus disse que aquele que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela. (Mateus 5.28) ou seja, neste caso a igreja está cheia de adúlteros e adúlteras.

A confusão não para por aí. No caso de separação, a lei do País apoia e corrobora, mas a lei da igreja não. Na igreja católica o casamento é indissolúvel. Na igreja evangélica também era, mas com as últimas mudanças hoje se aceita até divórcio de pastores desde que haja um "motivo justo". Antigamente, a pessoa só podia se casar quando ficasse viúvo(a). Na igreja católica, teoricamente, ainda é assim. Mas a teoria é apenas uma teoria, algo subjetivo. Na verdade, uma separação envolve mais do que o casal e um eventual interesse financeiro. Tem também os filhos e até os parentes, quiçá até os vizinhos e amigos. Por isto muitos casais não se separam e vivem só de aparência e tem aqueles que se separam no papel, mas continuam juntos por algum laço afetivo, ou por algum negócio, ou mesmo por alguma doença de um dos cônjuges.

Em suma: separação de verdade, completa, não existe, o que existem são "cambalachos", arranjos por conveniências ou por necessidades. Os tempos modernos alteraram tudo. Antigamente nem se falava em separação, hoje muitos casais só falam em separação e se fala também em advogado, partilha, guarda compartilhada e tem até as separações litigiosas onde a briga aumenta e continua por tempo indeterminado.

Diante desses fatos, o que resta fazer? A maioria faz de acordo com o que reza as leis do País, mesmo que isto vá de encontro à Bíblia. Para muitos, a Bíblia é apenas um livro velho e ultrapassado. Por isto vemos hoje muitos divórcios nas igrejas e muitos divorciados nos púlpitos pregando e ensinando. Ou seja, a bagunça é geral. Muitos países têm as suas leis, a sua religião oficial e no Brasil também existem leis, existe uma Constituição Federal e muitos, por conveniência ou por opção, deixam a Bíblia de lado e seguem essas leis, nem sempre de acordo com a Bília, a Lei de Deus.

Eu me pergunto: se existem as leis do País, que devem ser obedecidas, não seria contraditório afirmar que se segue as leis da Bíblia? Essa questão começa com o casamento cristão que, se fosse baseado na Bíblia, seria poligâmico, pois este era o modelo bíblico para o casamento no Velho Testamento. É melhor deixar como está para não piorar mais. O que não tem jeito, ajeitado está. Mas que é estranho, isto é!
Mogi Guaçu - SP
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