Palavra do leitor
- 31 de outubro de 2022
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Os doze
Não consigo imaginar o que sentiram os doze discípulos mais famosos do mundo quando ouviram seus nomes sendo chamados pelo maior mestre que já pisou por aqui. Deve ter sido uma mistura de temor, satisfação e mistério. Sei lá. Não sei mesmo. Não dá para imaginar, repito. Eles zeraram a vida. Esses doze foram escolhidos para uma missão da qual não eram merecedores e tinham consciência disso. Estar entre os doze significava ter seu nome registrado na história. Estar entre os eleitos é pura graça.
A eleição não funcionou como uma poção mágica, transformando-os em santos apóstolos da noite para o dia. Eles ainda se revelariam homens de pouca fé, mal-educados, assustados, vacilantes, presunçosos e vingativos. A eleição representava apenas o início de uma longa jornada de reconstrução de identidades e de desenvolvimento de um senso de missão que seria maior do que eles mesmos.
A escolha do Messias estava também longe de ser convencional. Ele não os escolheu pelo que eram, tampouco pelo que aparentavam ser. Ele os escolheu pelo que poderiam se tornar. A eleição é pura graça, repito. A escola do Messias também não era comum, daquelas com tinta e papiro. Mais do que ensinar conceitos, Jesus Cristo tecia memórias profundas e didáticas naqueles homens. Ele ensinava contando histórias de que eles se lembrariam décadas depois. Sua lição acerca do amor era o próprio amor. Sua lição acerca da compaixão era a própria compaixão. Aqueles homens não apenas escutaram, mas viram e tocaram. Ainda assim, custou um tempo para começarem a compreender. Precisaram de um sepulcro vazio para juntarem as peças do quebra-cabeças. No entanto, isso não chateou o mestre porque Cristo está no negócio das mudanças permanentes. Ele tem paciência com nossas cabeças duras e horizontais.
Pelo menos onze daqueles homens acabaram por entender, enfim, o que significava a eleição. Quando essa percepção os alcançou, o incêndio foi quase espontâneo. "O que vimos e ouvimos..." tornou-se um testemunho flamejante, virando Jerusalém de cabeça para baixo. Haviam passado de série. Pura graça.
Vejo-me no meio desses homens, ainda no início da jornada – recém-eleito – ainda acreditando que a tempestade pode sucumbir com nosso barco; ainda preocupado com a multidão faminta e assentada na relva; sem poder me apropriar de tudo o que o mestre diz por conta de minhas limitações; ainda com pouca fé e sem entender o que Ele manda fazer. Ainda estou na escola, mas não me apressarei. Sei que o Mestre tem paciência e compaixão por minha cabeça dura e que, no tempo dEle, fará com que eu realmente entenda.
Continuo por aqui vendo, ouvindo, tocando, tendo minha identidade reconstruída, conscientizando-me da missão que Ele tem para mim. Ficarei por aqui nessa escola o tempo que for necessário. Aqui tem muita graça. Para onde irei? Só aqui encontro palavras de vida eterna.
Rafael de Freitas
Capelão e Coordenador de Missões na Missão Cristo na Estrada
cristonaestrada.com
A eleição não funcionou como uma poção mágica, transformando-os em santos apóstolos da noite para o dia. Eles ainda se revelariam homens de pouca fé, mal-educados, assustados, vacilantes, presunçosos e vingativos. A eleição representava apenas o início de uma longa jornada de reconstrução de identidades e de desenvolvimento de um senso de missão que seria maior do que eles mesmos.
A escolha do Messias estava também longe de ser convencional. Ele não os escolheu pelo que eram, tampouco pelo que aparentavam ser. Ele os escolheu pelo que poderiam se tornar. A eleição é pura graça, repito. A escola do Messias também não era comum, daquelas com tinta e papiro. Mais do que ensinar conceitos, Jesus Cristo tecia memórias profundas e didáticas naqueles homens. Ele ensinava contando histórias de que eles se lembrariam décadas depois. Sua lição acerca do amor era o próprio amor. Sua lição acerca da compaixão era a própria compaixão. Aqueles homens não apenas escutaram, mas viram e tocaram. Ainda assim, custou um tempo para começarem a compreender. Precisaram de um sepulcro vazio para juntarem as peças do quebra-cabeças. No entanto, isso não chateou o mestre porque Cristo está no negócio das mudanças permanentes. Ele tem paciência com nossas cabeças duras e horizontais.
Pelo menos onze daqueles homens acabaram por entender, enfim, o que significava a eleição. Quando essa percepção os alcançou, o incêndio foi quase espontâneo. "O que vimos e ouvimos..." tornou-se um testemunho flamejante, virando Jerusalém de cabeça para baixo. Haviam passado de série. Pura graça.
Vejo-me no meio desses homens, ainda no início da jornada – recém-eleito – ainda acreditando que a tempestade pode sucumbir com nosso barco; ainda preocupado com a multidão faminta e assentada na relva; sem poder me apropriar de tudo o que o mestre diz por conta de minhas limitações; ainda com pouca fé e sem entender o que Ele manda fazer. Ainda estou na escola, mas não me apressarei. Sei que o Mestre tem paciência e compaixão por minha cabeça dura e que, no tempo dEle, fará com que eu realmente entenda.
Continuo por aqui vendo, ouvindo, tocando, tendo minha identidade reconstruída, conscientizando-me da missão que Ele tem para mim. Ficarei por aqui nessa escola o tempo que for necessário. Aqui tem muita graça. Para onde irei? Só aqui encontro palavras de vida eterna.
Rafael de Freitas
Capelão e Coordenador de Missões na Missão Cristo na Estrada
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