Palavra do leitor
- 01 de abril de 2011
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Os desafios de uma nova reforma
I Parte:
A igreja evangélica brasileira precisa passar por uma Reforma? Esta pergunta tem sido insistentemente formulada. Podemos entender que há um consenso quanto a tal necessidade, no entanto a questão não é tão simples. Existem dificuldades que precisam ser seriamente consideradas, novas batalhas que precisam ser reconhecidas a fim de se empreender um movimento reformista no Brasil.
Em primeiro lugar, temos que entender que um movimento de reforma no Brasil seria extremamente complexo em virtude do nosso evangelicalismo ser plural e multifacetado. Não temos apenas um segmento evangélico no país. São tantas igrejas de origens, confissões, práticas e governos tão distintos que colocá-los em tomo de uma mesma bandeira ideológica seria quase impossível. Na época de Martinho Lutero (século XVI), o mundo ocidental conhecia apenas uma estrutura cristã organizada (Igreja Católica) e se pensava em termos de "certo" ou "errado", de "isto" ou "aquilo". Hoje, uma das marcas de nossa contemporaneidade é o pluralismo (inclusive o religioso), todos alegam conhecer a verdade e ter parte com ela. Portanto, romper com essa barreira seria extremamente difícil.
Outra questão que precisa ser analisada, pois, certamente pode constituir numa dificuldade aos intentos de uma reforma, é a realidade do tipo de mídia evangélica presente no Brasil. Sabemos que a mídia é um fenômeno moderno, especialmente a mídia evangélica, e também sabemos o poder de penetração que a mesma possui e a influência que exerce, principalmente entre as massas. Portanto, qualquer tentativa de promover uma reforma eclesiástica deverá levar em conta a utilização da mídia. No entanto, temos um problema: a mídia evangélica brasileira tem interesse em uma reforma? Esta mesma mídia, que tem sua parcela de responsabilidade na superficialidade da fé evangélica moderna (o que a faz lucrar absurdamente), desejaria uma Reforma? Os livros mais vendidos nas editoras cristãs são os de "auto-ajuda" e os que tratam de revelações do mundo demoníaco; os CDs mais divulgados pelas gravadoras e, consequentemente, vendidos nas lojas são justamente aqueles cujas músicas possuem letras paupérrimas que nada ensinam e onde o arranjo, a melodia, a sonoridade da canção e a forma da ministração são, na prática, mais importantes que o conteúdo das letras. Os programas evangelísticos exibidos na TV e transmitidos nas rádios não abordam questões fundamentais para uma vida cristã saudável, como justificação pela graça mediante a fé, santidade de vida, perseverança dos santos, temor de Deus. Tais programas estão mais para fábrica de ilusão do que para cristianismo sério, sem contar que boa parte destas programações está mais a serviço do reino dos homens, com suas ambições políticas, do que ao Reino de Deus. Os pregadores valorizados por essa mídia são aqueles que prometem um Evangelho fácil, agradável e sem cruz e que, não raro, estão vinculados à mesma no esquema nada cristão de amealhar votos nas igrejas em prol dos seus candidatos. Portanto, com a pergunta feita por um pastor, na ocasião de um debate realizado em uma Universidade no Rio de Janeiro, sobre a Reforma Protestante, "se já não está na hora de pensarmos em uma mídia evangélica reformada?" (pergunta que, embora pertinente, não foi apresentada aos debatedores, talvez pelo fato do evento ter sido patrocinado por uma mídia evangélica conhecida nacionalmente e que nada tem feito para a realidade de uma igreja saudável e fiel aos princípios da Reforma).
Continua no próximo artigo....
A igreja evangélica brasileira precisa passar por uma Reforma? Esta pergunta tem sido insistentemente formulada. Podemos entender que há um consenso quanto a tal necessidade, no entanto a questão não é tão simples. Existem dificuldades que precisam ser seriamente consideradas, novas batalhas que precisam ser reconhecidas a fim de se empreender um movimento reformista no Brasil.
Em primeiro lugar, temos que entender que um movimento de reforma no Brasil seria extremamente complexo em virtude do nosso evangelicalismo ser plural e multifacetado. Não temos apenas um segmento evangélico no país. São tantas igrejas de origens, confissões, práticas e governos tão distintos que colocá-los em tomo de uma mesma bandeira ideológica seria quase impossível. Na época de Martinho Lutero (século XVI), o mundo ocidental conhecia apenas uma estrutura cristã organizada (Igreja Católica) e se pensava em termos de "certo" ou "errado", de "isto" ou "aquilo". Hoje, uma das marcas de nossa contemporaneidade é o pluralismo (inclusive o religioso), todos alegam conhecer a verdade e ter parte com ela. Portanto, romper com essa barreira seria extremamente difícil.
Outra questão que precisa ser analisada, pois, certamente pode constituir numa dificuldade aos intentos de uma reforma, é a realidade do tipo de mídia evangélica presente no Brasil. Sabemos que a mídia é um fenômeno moderno, especialmente a mídia evangélica, e também sabemos o poder de penetração que a mesma possui e a influência que exerce, principalmente entre as massas. Portanto, qualquer tentativa de promover uma reforma eclesiástica deverá levar em conta a utilização da mídia. No entanto, temos um problema: a mídia evangélica brasileira tem interesse em uma reforma? Esta mesma mídia, que tem sua parcela de responsabilidade na superficialidade da fé evangélica moderna (o que a faz lucrar absurdamente), desejaria uma Reforma? Os livros mais vendidos nas editoras cristãs são os de "auto-ajuda" e os que tratam de revelações do mundo demoníaco; os CDs mais divulgados pelas gravadoras e, consequentemente, vendidos nas lojas são justamente aqueles cujas músicas possuem letras paupérrimas que nada ensinam e onde o arranjo, a melodia, a sonoridade da canção e a forma da ministração são, na prática, mais importantes que o conteúdo das letras. Os programas evangelísticos exibidos na TV e transmitidos nas rádios não abordam questões fundamentais para uma vida cristã saudável, como justificação pela graça mediante a fé, santidade de vida, perseverança dos santos, temor de Deus. Tais programas estão mais para fábrica de ilusão do que para cristianismo sério, sem contar que boa parte destas programações está mais a serviço do reino dos homens, com suas ambições políticas, do que ao Reino de Deus. Os pregadores valorizados por essa mídia são aqueles que prometem um Evangelho fácil, agradável e sem cruz e que, não raro, estão vinculados à mesma no esquema nada cristão de amealhar votos nas igrejas em prol dos seus candidatos. Portanto, com a pergunta feita por um pastor, na ocasião de um debate realizado em uma Universidade no Rio de Janeiro, sobre a Reforma Protestante, "se já não está na hora de pensarmos em uma mídia evangélica reformada?" (pergunta que, embora pertinente, não foi apresentada aos debatedores, talvez pelo fato do evento ter sido patrocinado por uma mídia evangélica conhecida nacionalmente e que nada tem feito para a realidade de uma igreja saudável e fiel aos princípios da Reforma).
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