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Palavra do leitor

Os cem anos de Mazzaropi

Já dei muitas e boas risadas assistindo os filmes do Mazzaropi.
Neste ano de 2012, o genial, talvez o maior humorista brasileiro está completando 100 anos de nascimento. Amácio Mazzaropi viveu apenas 69 anos, nasceu em 1912 e morreu em 1981.

Não quero aqui fazer um histórico ou escrever uma biografia da vida deste artista, mas quero apenas fazer um comentário sobre o que ele representou e representa, principalmente para as gerações passadas que tinham no cinema o seu maior entretenimento. Os filmes ainda eram em preto e branco, mas ninguém ligava para este detalhe, todos queriam ver e se deliciar com as trapahadas do engraçadíssimo Mazzropi.
Ainda hoje esses filmes fazem muito sucesso, até mesmo entre pessoas mais jovens que têm a oportunidade de ver aquelas cenas que, apesar de simples e prosaicas, refletiam uma realidade da época que muitas vezes acontcem até nos dias de hoje, principalmente quando o assunto dos filmes era a política. Tinha sempre um coronel que engabelava o povo se valendo do seu poder e de sua influências junto aos colonos.
Mazzaropi incorporava um caipira, mas de caipira ele só tinha a aparência com o seu jeito desengonçado de andar, de falar e sempre com o seu inseparável cachimbo. Quando a coisa apertava, ele era consultado e a sua liderança entre os colonos era muito valorizada pelos candidatos imaginando que ele pudesse favorecer alguém. Isto foi mostrado com muita clareza e inteligência no filme: "Tristeza do Jeca" onde dois coronéis disputavam os votos dos roceiros. Aconteceram muitas trapalhadas, pois Mazzaropi acabou "trabalhando" para os dois, ou melhor, acabou atrapalhando os dois ao invés de ajudar.

Hoje, quando vemos a triste situação em que se encontra a política, percebemos que nada mudou, pois estas trapalhadas continuam acontecendo. Na verdade, a corrupção é muito antiga em nosso País. Ainda há muita chantagem e políticos se fazendo de vítimas para atrair a atenção do povo que está cansado de ser enganado e ludibriado. Como naquele tempo, a culpa pelas frequentes mazelas é sempre debitada na conta da oposição.

Mazzaropi foi um mestre. Sua obra é tão vasta quanto boa, pois mesmo depois de tantos anos após a sua morte o sucesso continua. Ele se imortalizou nos mais de 30 filmes rodados numa época de extrema dificuldade, mas de muita criatividade e inteligência. Os seus filmes de maior sucesso (entre outros) são: "Tristeza do Jeca, Casinha Pequenina, O Grande Xerife, O Jeca e a Freira, Betão Ronca Ferro, Uma Pistola para Djeca, No paraiso das Solteironas, O Jeca e a égua milagrosa, O Jeca Macumbeiro, A Banda das velhas virgens, O Noivo da Girafa, O Lamparina, Meu Japão Brasileiro, Chico Fumaça e Chofer de Praça". Seus filmes contêm uma riqueza cultural muito grande, com um conteúdo bem brasileiro, e são extremamente engraçados.
Mogi Guaçu - SP
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